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Mostrando postagens de dezembro, 2020

NOVO

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  Não gosto muito de novidades.  Dizem que sou tão "resistente" à novidades que, se estivesse, ao meu alcance, colocaria a missa não em latim, mas em grego, porque o latim foi uma novidade do século VI... Acho exagero. Por exemplo, não odeio o ano novo. Mas durante bastante tempo, julguei o ano novo uma espécie de histeria coletiva e uma espécie de carnaval fora de época. No qual as pessoas faziam promessas, manifestavam desejos, queriam coisas novas, porém, sem mudar suas atitudes e, é claro, não podemos esperar algo novo se continuamos fazendo as mesmas coisas... Nessa perspectiva, não considero o ano novo tão desesperadamente simpático como a maior parte das pessoas. Mas não nego que é positivo termos "momentos de inauguração" em nossa vida. E o ano novo pode ser vivido nesse viéis. Ou seja, uma espécie de "vamos de novo!". Agora, nesse "vamos de novo" necessitamos reconhecer "um novo" para o qual devemos tender. Não bastaria um &quo

PASSA

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  Nossa, padre! Esse santo que o senhor contou a história viveu há 1000 anos? Sim. Mas é tão atual! Padre, quando li o Evangelho hoje tive a impressão que tinha sido escrito para mim, naquele mesmo momento. Quantas vezes já ouvi isso!  E, de certo modo, é a mais pura verdade. Tudo que se une a Deus parece sair do tempo para entrar na eternidade! A Igreja, a Palavra de Deus, os Santos, as Regras das Grandes Ordens... nunca parecem estar "fora de moda", ao contrário, um Santo de 1000 anos às vezes parece nos compreender melhor que um colega de trabalho... Santa Teresa de Ávila ensina que "tudo passa, só Deus não muda".  De forma oposta, acontece com o que não se encontra em Deus. O que se opõe a Ele, pode até ser grande, mas não passa daquelas bolhas de sabão que gostávamos de fazer com detergente e canudinho. Assim mostra a história. Os grandes males, por si mesmos se destroem como fisicamente aconteceu na Batalha de Lepanto: a esquadra muçulmana ao ver nos céus a Vi

MANDAMENTOS

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  O Apóstolo Amado, S. João Evangelista, na carta que ouvimos na primeira leitura da Missa de hoje proclama com clareza que aquele que não guarda os Mandamentos não conhece Jesus Cristo.  Os Mandamentos. Diante de um relativismo e de um liberalismo cada vez mais presente nas consciências a própria palavra "mandamento" já parece uma ofensa. E a simples consideração de que existem Mandamentos e que devem ser observados, ou seja, obedecidos pode parecer uma espécie de fixação doentia. Se há algo que se pode atribuir a Deus é a simplicidade. Deus é simples, e a sua simplicidade manifesta-se especialmente em nos dar mandamentos - de modo que não precisamos adivinhar sua vontade - e nos próprios mandamentos que nos deu: três diretamente ligados a Ele e os outros todos relacionados a nós. E em cada mandamento a "preocupação" de Deus é com a nossa alegria, com a nossa liberdade, com a nossa paz. Quando um Mandamento nos custa muito, e sempre há um ou outro que custa um pouc

ANO

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  O Papa Francisco convocou um ano em honra de S. José, recordando os 150 anos da proclamação que o Bem-aventurado Pio IX fez do Santo Patriarca como Patrono da Santa Igreja. Genuflexos aos pés do Santo Padre Francisco, Sucessor de Pedro, acolhemos essa sua iniciativa e de coração e alma nos dedicaremos a ela. Alguns dias depois o Santo Padre também proclamou o Ano Familia Amoris Laetitia . Em relação a este último, por causa de nossa mesma obediência mais rendida ao Papado, não podemos senão implorar a Deus que seja um ano em que se corrijam os erros que estão na órbita do documento homônimo e que grande mal faz aos fiéis. O mal que esse documento traz - pedindo a Deus a graça de esquecer o Instrumentum Laboris - está compendiado em 5 questões já apresentadas ao Santo Padre respeitosamente e na forma absoluta comum, ordinária e normal que se faz nessas situações que são as chamadas "dubia", ou seja, o pedido de esclarecer - reafirmando a doutrina de sempre da Igreja - pontos

GRAÇA

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  A festa que hoje celebramos, dos Santos Inocentes, é tão misteriosa quanto o mistério do mal. Dizer que celebramos a morte de um Santo como um Santo Inácio ou São Policarpo é mais compreensível do que quando pensamos na comemoração dos Santos Inocentes.  Sendo a liturgia uma grande escola, a antífona do Aleluia nos mostra o viés que devemos seguir: "A ti louva o exército dos mártires." De modo algum celebra-se o exército mortífero dos Herodes de ontem e de hoje, não se louva os exércitos mortais, que um dia perecerão. Mas louva-se, sim o exército que venceu. Venceu morrendo. Tal como no dizer de Agostinho, o Cristo é Victor quia Victima , vencedor por ser vítima, ou poderia  ainda: vencedor, porque foi vencido. Os Santos Inocentes entram no céu como um verdadeiro exército de homens. Um exército que venceu quando não podiam sequer defender-se. Um exército que venceu unicamente pela graça. Honraram o nome de Cristo sem saber dizê-lo. Venceram, sem conseguirem empunhar armas.

CONFIANÇA

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  Não quero, de modo algum, criticar a Liturgia da Santa Igreja.  Mas, não posso deixar de considerar o tempo do Natal razoavelmente curto e, talvez porque eu seja metódico em demasia, considerar o tempo do Natal um pouco desorganizado... São muitas celebrações dentro do tempo do Natal, e, por não ter um ritmo semanal - como a Páscoa - às vezes as coisas ficam meio... confusas. É claro que, na verdade, não é assim. E cada festa dentro do tempo do Natal e mesmo em sua oitava como Santo Estêvão, São João e os Santos Inocentes nos trazem grandes e profundos ensinamentos para nossa vida espiritual. Mas é importante que em nossa meditação, em nossa contemplação, aproveitemos bem o tempo do Natal para considerarmos demoradamente todos os fatos que envolvem esse ciclo, que poderíamos definir desde o anúncio do nascimento de S. João Batista até o encontro do Menino Jesus aos 12 anos no Templo. Hoje gostaria de me deter por um instante na Anunciação de Nossa Senhora, particularmente na sua atit

IRMÃOS

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  Um jovem pai adquire um terreno bem grande. Ali constrói sua casa. Nascem os filhos, e à medida em que os filhos crescem e também se casam vão construindo suas casas pelo terreno. E os filhos dos filhos, e, mais um e outro. E aquele terreno de uma casinha virou quase uma vila. O pai sempre ensinou os filhos e netos e bisnetos... a viverem em harmonia, como familiares, como irmãos, respeitando uns aos outros, perdoando as pequenas rusgas comuns da vida familiar, rezando juntos etc. Não estando mais o pai entre eles a mãe apenas repetia aquilo que o pai sempre ensinou, mas os filhos, tendo o pai longe, não quiseram seguir os conselhos do pai, aliás julgavam que seus problemas e brigas eram culpa do que o pai tinha estabelecido. Embora nunca se unissem para nada bom, os filhos se uniram para uma coisa má: internaram a mãe dizendo que era louca. Afinal, ela se negava a mudar aquilo que o pai já tinha estabelecido. Até que sem a mãe e sem o pai os "irmãos" decidiram viver em har

ADORARAM

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 A primeira leitura de hoje nos apresenta o oferecimento que Ana faz de seu filho, Samuel ao Templo. A leitura conclui-se com a frase: "Eles adoraram ao Senhor". A mentalidade israelita é sempre muito prática. Seu próprio vocabulário não possui muitas expressões abstratas. Tudo é muito prático, concreto. O próprio ideal da adoração não possui o mesmo sentido que geralmente há para nós. Para nós, a adoração, conquanto possua algo de expressão corporal, como estar de joelhos, nem sempre está acompanhada da ideal da oblação, da oferta, da entrega. Não se vai ao Senhor de mãos vazias. A adoração é sempre oblação. A Santa Missa, ato latrêutico por excelência, assim o é por ser nada menos que a própria entrega do Filho ao Eterno Padre. Para nós a adoração muitas vezes é um ato: "vou fazer minha adoração" e ficamos um tempo diante do Santíssimo Sacramento. E Amém. Mas o que ficou ali? O que foi entregue? E entregue no quilate de uma mãe que oferece o filho. E adoraram. Ass

SANTINHO

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  Há um estereótipo, uma espécie de senso comum sobre a pessoa santa. E geralmente a maior virtude da pessoa santa seria a paciência, a calma, uma tranquilidade quase estóica que leva a pessoa a demorar bem mais do que o esperado, e às vezes mais que o tolerado para tomar uma providência que, normalmente deveria ser imediata. Isso é tão sofrível, que a santidade acaba mais por parecer um defeito do que uma virtude: "Ele é tão santinho, coitado!" Por outro lado, S. Ambrósio comentando o Evangelho de hoje, não deixa passar despercebido que Maria vá "apressadamente" para as montanhas visitar Isabel. Para quem justifica suas demoras com o ditado de que a pressa é inimiga da perfeição, deveria repensar esse conceito uma vez que foi a atitude adotada imediatamente pela mais perfeita das criaturas. A pressa não é inimiga da perfeição, a lerdeza que é inimiga da caridade. Faz-nos deixar tanto para depois os atos de amor ao próximo ou a Deus que quando resolvemos fazê-los ou

ADVENTOS

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  A Igreja, repetindo a doutrina dos Santos Padres, nos recorda que em Cristo temos três adventos: o primeiro é o Seu Natal segundo a carne, quando nasceu pobre e humilde no presépio de Belém. Falamos em "Natal segundo a carne", porque em Cristo há dois nascimentos: um no qual Ele do Pai, antes de todos os séculos, e o outro no qual nasce da Virgem Maria em nosso tempo mortal. Há também um último advento de Cristo que se inaugura no dia de sua Ascensão. Os anjos anunciam aos Apóstolos que não era necessário ficar olhando para o alto, aqu'Ele que subiu, descerá. Mas não mais na humildade do presépio, mas como Rei do Universo e Juiz da História. E há uma terceira vinda, um terceiro advento (advento quer dizer vinda, não preparação...) que é constante. O primeiro e o último acontecerão uma só vez. Mas esse terceiro é constante e acontece, dezenas, centenas de vezes a cada dia em nossas almas. Você já sentiu um desejo de possuir a Deus? A inspiração para uma obra de caridade?

PROSTITUIÇÃO

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  Ontem recordávamos a controversa figura de Balaão. O Senhor não permite que ele profetize contra Israel, mais ainda, o leva a abençoar o povo eleito, contra o desejo do Rei Amalec. Mas, talvez você se lembre que eu disse que Balaão não era um amigo do Povo de Israel... Impossibilitado de amaldiçoar o povo - sendo profeta por profissão - Balaão descobre um modo de enfraquecer o povo eleito: a dupla prostituição. Ele introduz belas mulheres estrangeiras no meio do povo de Israel que seduzem os homens e os convidam não apenas à volúpia carnal, mas a sacrificarem aos deuses delas. Uma dupla prostituição: o marido que trai a sua família e o homem que trai o seu Deus. E Deus não deixa impune esse pecado. Lembrando disso, lembrei-me de um bispo. Um velho bispo... atualmente um morto bispo. Mas que sendo Redentorista de antiga cepa sabia usar muito bem as palavras para que elas produzissem um efeito de conversão nos corações dos que o ouviam, ainda que, num primeiro momento, fossem palavras

MALDIÇÃO

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  Na primeira leitura da missa de hoje ouvimos os oráculos de Balaão.  Balaão não era exatamente um amigo de Israel. Muito menos Amalec que mandara convocar o vidente para que amaldiçoasse o povo de Israel que acampara na planície. Amalec pensava que se Balaão amaldiçoasse Israel, este ficaria mais fraco e mais vulnerável para que Amalec vencesse. Porém o Senhor não permite que Balaão amaldiçoe. As maldições que Amalec desejava convertiam-se em bênçãos na boca de Balaão. Não adiantavam as promessas de riquezas nem os sacrifícios que eram oferecidos. O Senhor não permitiu que Balaão amaldiçoasse o Povo Escolhido. Assim, meus amigos, acontece com o Novo Povo de Deus, a Igreja. Os inimigos da Igreja a amaldiçoam, mas suas maldições se tornam bênçãos para nós. Porque somos fiéis ao Senhor nos amaldiçoam. Porque rezamos nos amaldiçoam. Porque defendemos a vida e a família nos amaldiçoam. Mas suas maldições são bênçãos para nós. Seus xingamentos são-nos elogios e seu ódio desperta sobre nós

ALEGRIA

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Metade do mundo afirma que a alegria é uma exultação insana cercada de risos e com uma aparente realização. A outra metade afirma que é algo que um dia, quando conquistarmos tudo o que merecemos, iremos sentir. E a Igreja que está nesse mundo, sem ser dele, proclama que ou se tem alegria agora, já; ou não se terá nunca.  A primeira coisa que precisamos compreender é que a alegria é um fruto do Espírito Santo. O que isso significa? Significa que se preparamos bem a terra do nosso coração e lançamos a semente certa, o Espírito Santo fará crescer em nós a alegria. Preparar a terra do nosso coração é arrancar dele todas as falsas alegrias, aquelas que passadas a exaltação desiquilibrada só nos faz perceber o quanto somos infelizes, e também o pensamento vão de que a alegria será a estabilidade econômica, com a saúde inabalável, uma família harmoniosíssima e um futuro absurdamente perfeito. A semente a ser lançada é a certeza da presença de Deus. É a consideração constante de que, se não es

FUJÕES

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  Há centenas, talvez milhares de invocações de Nossa Senhora. Algumas referindo-se ao mesmo aspecto da Virgem, por exemplo: a Assunção de Maria traz as invocações de Nossa Senhora da Assunção, do Paraíso, da Boa Viagem, da Boa Morte, da Glória etc. Hoje, alegrando-nos com a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe penso que poderia ser também o dia de Nossa Senhora dos Fujões. O mais antigo relato das aparições da Virgem de Guadalupe nos fala de que após duas tentativas frustradas de falar com o Bispo a mando de Nosso Senhora, São Juan Diego solicitou que Ela escolhesse alguém mais importante. Pouco depois o tio de Juan Diego adoeceu e ele foi ao povoado para buscar um padre para dar a Extrema Unção ao tio. Como Nossa Senhora lhe aparecia sempre no mesmo lugar, Juan Diego foi por outro caminho, para "fugir" de Nossa Senhora e chegar logo ao povoado. Mas a Virgem foi ao seu encontro também naquele caminho. Ali, Nossa Senhora anunciou a cura do tio e o mandou buscar as rosas de cas

INSATISFEITOS

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 Santa Jacinta dizia no fim de sua vida que os pecados que jogam mais almas no inferno são os pecados contra a pureza, contra a castidade. E certamente é verdade. Mas existe um outro gênero de pecados que nos fazem viver o inferno na terra, que são os pecados da soberba, do orgulho. O orgulhoso nunca está feliz, nunca está satisfeito. E a culpa da sua insatisfação não está - segundo pensa - nele mesmo, mas nos outros. O orgulhoso é aquele que espera o momento mais maravilhoso para fazer o que sabe que deve, um momento tão maravilhoso, tão merecidamente maravilhoso, que não chega nunca. Os humildes acolheram a pregação de S. João Batista e se converteram, a austeridade de João, sua vida penitente falou aos seus corações. Também foram os humildes que foram cativados pela simplicidade e acolhida de Nosso Senhor, que embora também fizesse penitências, tinha essa característica mais acolhedora. Já os orgulhosos pensavam que João era penitente demais, e Jesus acolhedor demais. Nem um nem out

SEMPRE

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  Os que me conhecem sabem que não sou muito afeito a manifestações externas de afeto. Indo do básico aperto de mão até um abraço distante, segurando a pessoa a alguns centímetros de mim. Sou assim, paciência... Costumo dizer que os que desejarem beijos, abraços e colo procurem o Papai Noel do Shopping. Nesses tempos de pandemia, lamento a frustração que estes podem sentir. Justamente por isso, um fato ocorrido há anos comigo - e com testemunhas - gerou um certo embaraço para elas. Estava na porta de uma igreja esperando o início de uma conferência de um amigo meu e da pessoa que chegaria, este nosso amigo comum era amigo do Papa da época - João Paulo II - e talvez o nosso interesse estivesse mais nele do que no nosso amigo, enfim. Chegou então esse amigo, que não é católico, mas sacerdote ortodoxo que, como sempre, para não escandalizar, não trouxe a esposa... Ao nos encontrarmos, nos demos três beijos. Os que estavam comigo não esconderam o estupor que essa cena lhes causou. Espanto

RENOVAÇÃO

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  Nada cansa mais do que pecar. Não exatamente pecar, mas todo o ciclo que o pecado desenvolve em nós, começando pelo próprio pecado que às vezes gera já um certo esforço, envolvendo o reconhecimento de que pecamos, a necessidade de recomeçar e busca da confissão que, particularmente nesses tempos, tem se tornado bem difícil. Diante desse ciclo de cansaço que gera uma sociedade cansada - é ou não o que vemos? - a leitura de Isaías que fala de um Deus que não se cansa e de que aqueles que esperam n'Ele também não se cansam parece uma linda e romântica utopia. Como pode uma dona de casa, um trabalhador viverem sem se cansar. Afinal, o cansaço é um pecado? Não. O cansaço não é um pecado. O pecado pode ser onde descansamos. Por isso, no Santo Evangelho, Nosso Senhor se apresenta a nós como o "repouso". Pensamos em Deus muitas vezes como força, refúgio, proteção, rocha, luz, fogo... mas nem sempre pensamos em Deus como - Nosso Senhor mesmo usa essa imagem - a galinha que tenta

RIR

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Algumas vezes na solenidade da Imaculada Conceição que hoje celebramos a Igreja faz eco ao Salmo 29: "Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e não deixastes rir de mim meus inimigos". A Igreja põe esse salmo na boca da recém-concebida Virgem Maria, é como que a primeira frase de Nossa Senhora, a quem o Senhor ajudou antes da aurora. Maria Santíssima exalta o Senhor que A livra. Livra-A do pecado original, impede que a privação comum a todos os filhos de Adão A ferisse, A marcasse com alguma mancha. O demônio que manchou a Eva não pode tocar em Maria. De todos os seres humanos satanás pode se rir. Menos de um, de uma: Ela. O demônio não só não pode rir de Maria, porque nunca A teve sob seu poder, como encontra n'Ela o início de sua derrota. Ela sequer tinha pé, recém-concebida no ventre de Santa Ana, e já esmagava a cabeça da antiga serpente. Ao mesmo tempo, o sorriso que falta aos inimigos de Maria, resplandece em Deus. Maria Santíssima é o sorriso de Deus. De todas a

VINGANÇA

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  Não é apenas na primeira leitura de hoje que se refere ao "Dia do Senhor", "Yon Adonai", como dia de vingança. E, nesse sentido, como geralmente compreendemos a vingança como fruto do rancor, precisamos compreender o que significa a vingança de Deus. Em primeiro lugar, a compreensão de que "Deus não quer a morte do pecador, mas sim que se converta e viva" e que não cessa de convidá-lo: "escolhe, pois a vida!" nos leva a perceber que Deus, em sua infinita bondade, concede a todos os homens, através da Virgem Maria, todas as graças suficientes para que se convertam e vivam fiéis a Ele. Porém, a recusa do homem em relação à graça não costuma ser apenas uma atitude pontual em sua vida, mas um mau hábito que se cria e se cultiva durante os anos de sua vida mortal, uma vez que Deus não cessa de chamá-lo ao bem. E é justamente essa insistência de Deus em chamá-lo ao bem - que se não houvesse poderíamos ter a ideia de um Deus rancoroso e mau - que prov

CONSOLAI

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 A primeira leitura da Santa Missa de hoje começa com a dupla repetição dessa palavra: Consolai! Esse consolo que Isaías anuncia é a certeza de que a palavra final da história pertence a Deus. O consolo do fiel não é sentimento mais ou menos piedoso de que Deus irá intervir precisamente naquele momento em seu favor. Mas é um abandonar-se no silêncio de Deus. Consolai! Deus nos consola com a sua Presença. A nossa falta de percepção do consolo de Deus geralmente está associada ao nosso desleixo na vida de oração. As desolações geram um cansaço espiritual. Geralmente gostamos de saber quando uma situação dolorosa chegará ao fim. Então o tempo de uma recuperação pós-cirúrgica, a bagunça na casa provocada por uma reforma, o tempo previsto para uma falta de luz ou de água. Mas há situações em que não podemos prever quanto tempo durarão, nem sequer quando e como acabarão. Nesses tempos a alma se cansa. Se cansa de esperar por algo que deseja e se torna incapaz de buscar o que tem. E o que a a

PRESENÇA

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  Celebrando o tempo do Advento muitas vezes nossas atenções são voltadas para o Cristo que vêm. E julgamos ter um tempo para nos prepararmos para receber o Senhor. Todavia, a palavra advento não significa preparação, mas chegada. O advento não é tanto um tempo de preparação para uma vinda futura ou passada do Senhor, mas é o tempo em que necessitamos considerar a presença do Senhor. Uma presença presente de muitos modos. Primeiro a sua presença em nossas almas. Se estamos na graça de Deus, Deus habita em nós, essa presença, semelhante à de Rei em seu palácio. Não é uma presença avassaladora, mas gentil e discreta, que nunca será plenamente entendida por nós. Se cultivamos a presença do Senhor em nossas almas, esse mesmo cultivo nos impulsiona aos outros modos que Ele mesmo instituiu de continuar presente em nós, particularmente a Divina Eucaristia e os necessitados. Já recordavam os Santos Padres que a mesma boca que disse: "Isto é o meu corpo" também afirmou "foi a mim

QUATORZE

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  Hoje é dia de S. Bárbara. Mas onde a encontramos? Onde está seu ofício, sua Missa, sua comemoração? Sumiu. E não apenas dela. Mas da grande maioria dos quatorze santos por quem o povo fiel sempre nutriu grande afeto, chegando a serem chamados de quatorze santos auxiliares. São eles: a nossa santa de hoje, Santa Bárbara e outras duas santas virgens mártires: Santa Margarida e Santa Catarina de Alexandria. E depois outros 11 santos homens, sendo dez mártires: S. Cristóvão, S. Jorge, S. Dionísio (ou Dinís ou Dênis), Santo Acácio, São Ciríaco, Santo Eustáquio, São Pantaleão, São Vítor, Santo Erasmo, S. Brás e, o Santo Egídio, que não foi mártir. Exceto S. Brás, parece que todos os outros estão encobertos por uma nuvem de dúvida, não só de seus incontáveis milagres, mas até mesmo de sua existência (!), e os seus nomes sagrados às vezes estão unidos a um sorriso sem graça de como quem diz: "coitadinho, acredita nessas histórias..." Embora não precisemos concordar com todo o seu p