ALEGRIA



Metade do mundo afirma que a alegria é uma exultação insana cercada de risos e com uma aparente realização. A outra metade afirma que é algo que um dia, quando conquistarmos tudo o que merecemos, iremos sentir.

E a Igreja que está nesse mundo, sem ser dele, proclama que ou se tem alegria agora, já; ou não se terá nunca. 

A primeira coisa que precisamos compreender é que a alegria é um fruto do Espírito Santo. O que isso significa? Significa que se preparamos bem a terra do nosso coração e lançamos a semente certa, o Espírito Santo fará crescer em nós a alegria.

Preparar a terra do nosso coração é arrancar dele todas as falsas alegrias, aquelas que passadas a exaltação desiquilibrada só nos faz perceber o quanto somos infelizes, e também o pensamento vão de que a alegria será a estabilidade econômica, com a saúde inabalável, uma família harmoniosíssima e um futuro absurdamente perfeito.

A semente a ser lançada é a certeza da presença de Deus. É a consideração constante de que, se não estamos em pecado mortal, Nosso Senhor habita em nossas almas como num templo. E essa consideração produz um amor profundíssimo e uma intimidade com cada uma das Três Pessoas Divinas que habitam em nossa alma. Uma intimidade que serena e constantemente gera em nós uma alegria, fruto dessa divina companhia que não só não é tirada pelas dificuldades próprias de nossa pobre existência, como se agiganta perante elas. Porque compreende que o contrário da alegria não é sofrimento, é tristeza. E que uma alma pode sim, passar por sofrimentos conservando a alegria.

Por isso, a alegria é para já. 

Não deixa de chamar atenção que os dois domingos chamados "da alegria" não estejam no fim, mas próximos do meio dos tempos do Advento e da Quaresma, como que se a Igreja quisesse dizer que a verdadeira alegria cristã não é uma realidade a esperar, mas a cultivar e a viver. 

A esperança cristã, como se recorda na missa em latim é feliz: "esperando a feliz esperança" diríamos literalmente. Esperança feliz porque não se frustra, porque, como diz o Apóstolo, não decepciona. Porque está dentro de nós, não fora.

Por fim, queridos amigos, gostaria de dizer-lhes algo que percebi na minha experiência de padre: quanto menos uma pessoa se preocupa com sua alegria, tanto mais é alegre. Quando se olha demais para si mesmo, se encontra mais razões para retardar a alegria. Portanto, se quiser ser feliz, olhe mais para Deus e para o próximo do que para si mesmo.


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