MEDITAÇÕES SOBRE A LADAINHA LAURETANA I

 



A ladainha lauretana têm esse nome, porque era a ladainha que diariamente se cantava junto à Santa Casa de Nossa Senhora que foi transportada pelos Anjos de Nazaré para Loreto, daí lauretana.

Depois das invocações introdutórias às Pessoas Divinas, sua primeira invocação é: 

SANTA MARIA

Começamos a invocar Nossa Senhora chamando-A por seu nome: Maria.

O nome de Maria é para nós doçura, consolação, contentamento. É o nome, junto com o de Nosso Senhor, que jamais deve deixar os nossos lábios. Devemos dizê-lo, tanto quanto as batidas de nosso coração. 

Feliz é aquele que acostuma-se a silenciosamente ou mesmo murmurando dizer: Maria, Maria, Maria.

Cada vez que esse nome é dito, um raio celestial inunda de luz nossa alma e fere mortalmente as tentações e o tentador.

O nome de Maria deve fazer pulsar mais forte o nosso coração, como acontece com o nome de nossa mãe terrena, de uma esposa ou de uma filha.

Eis uma poesia do Pe. Manoel Albuquerque que retrata o efeito que o nome de Maria deve ter sobre nós: 

Quando eu soltar meu último suspiro;
quando o meu corpo se tornar gelado,
e o meu olhar se apresentar vidrado,
e quiserdes saber se inda respiro,

Eis o melhor processo que eu sugiro:
— Não coloqueis o espelho decantado
em frente ao meu nariz, mesmo encostado,
porque não falha a prova que eu prefiro:

Fazei assim: — Por cima do meu peito.
do lado esquerdo, colocai a mão.
e procedei, seguros, deste jeito:

Dizei “MARIA!” junto ao meu ouvido
e se não palpitar meu coração,
então é certo que eu terei morrido!


Aprendamos, pois, criemos o hábito de chamar por Ela, de louvá-la simplesmente ao dizer seu nome. Não tenhamos vergonha de dizer esse nome ainda que estejamos emporcalhados pelo pecado, tal como a criança suja grita por sua mãe.





SANTA MÃE DE DEUS

Se na primeira invocação proclamamos apenas seu Santíssimo Nome, na segunda dizemos a maior gema de sua altíssima coroa: Santa Mãe de Deus.

Essa é a maior glória de Maria, e a glória que lhe deu todas as glórias. Se pegássemos todas as glórias de Maria, desde sua Imaculada Conceição até a sua Assunção, e a razão de que seja glorificadas não só pelos homens mas também pelos Anjos, e perguntássemos o porquê, a resposta seria uma só: Ela é Mãe de Deus.

Nosso Senhor nos ensina que não é possível amar alguém sem amar aquele que foi gerado por esse alguém, falava isso aos judeus que diziam amar a Deus, mas odiavam a Nosso Senhor Jesus Cristo. O contrário dessa sentença é igualmente correto: não se pode amar aquele que foi gerado e odiar quem gerou. Assim, não ama Nosso Senhor quem não amar Nossa Senhora.

No texto latino, nesse momento da ladainha não se usa a palavra Mater, mas Genitrix. Mater pode ter um sentido poético, figurado, por exemplo, quando dizemos que tal instituição, ou a pátria, são nossas mães. Genitrix, porém é um termo mais literal, mais real: é aquela que gera. Assim a Igreja quer nos ensinar que Nossa Senhora é realmente aquela que gerou em Si Mesma o Autor de toda a vida. Ela não é Mãe num sentido figurado ou espiritual, é Mãe realmente, concretamente, fisicamente, porque O gerou em seu ventre.

A Igreja aqui presta honra ao dogma da Maternidade Divina, proclamado no Concílio de Éfeso em 431. Um herege chamado Nestório dizia que a Santíssima Virgem podia ser chamada de Mãe de Cristo, mas não Mãe de Deus, porque seria Mãe apenas da natureza humana de Jesus, criada; não de sua natureza divina, incriada.

Porém, a Igreja reafirmou sua doutrina e condenou a heresia ensinando que as mães não geram naturezas, mas pessoas. E que Nossa Senhora gerou a Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo na qual estão presentes duas naturezas: Divina e Humana. Ela não é certamente Mãe da Divindade, que é eterna. Mas é Mãe do Deus, que sendo eterno, quis fazer-se homem em seu seio.

Quando rezarmos a Ave Maria, busquemos dizer sempre com força "Mãe de Deus" e saboreemos a grandeza dessas palavras.



Comentários