Palavra da Salvação

Quando lemos a Sagrada Escritura percebemos inúmeros elogios à Palavra de Deus. Dentre tantos atributos da Palavra Divina, gostaria de ressaltar três: criadora, salvadora, vivificadora.
Deus cria pela sua Palavra: "E Deus disse... e assim se fez..."
O nome Jesus, quer dizer "O Senhor salva". Jesus é Ele mesmo a Palavra criadora e salvadora de Deus. Palavra criadora: "Tudo foi feito por Ele", Palavra salvadora: "Se chamará Jesus, porque vai salvar o seu povo dos seus pecados", mas também Palavra vivificadora
"Lázaro, vem para fora"; "Teu filho vive"; "Menina, levanta-te" a Palavra de Jesus, ou ainda a Palavra-Jesus traz a vida, vivifica os mortos pela morte corporal e vivifica também os que foram tocados pela morte da alma: "Eu também não te condeno"; "Simão... tu me amas?"
Jesus é a Palavra de Salvação do Pai.
Aqui, penso ser necessária uma reflexão:
E nossas palavras?
Parece que cada vez mais tomamos consciência do poder destruidor da nossa palavra, e como a criança malvada que descobre o que faz a luz do sol num formigueiro através de uma lupa, estamos nos deliciando com o poder destruidor de nossas palavras.
Já passamos a fase (já muito ruim) das fofoquinhas e agora estamos com a febre das denúncias. Hoje a moda é denunciar. E isso se instalou e se instaurou de tal modo no inconsciente/consciente coletivo, que a grande colaboração de S. Luis, Rei da França, ao direito que é a presunção de inocência, foi impresumidamente jogada no ralo.
Parece que não percebemos, ou não queremos perceber que os opostos acabam por se tocar e a negação obstinada é irmã gêmea da aceitação frívola.
E, como Igreja peregrina, vemos isso acontecer até com o Sucessor de Pedro.
Levanta-se alguém e atribui ao Papa uma conduta incoerente com o seu ministério e arma-se já o tribunal tão justo e imparcial como o do Sinédrio, não para se chegar a uma sentença, mas para encontrar um caminho de aplicar a sentença já decidida previamente, independente da culpabilidade real ou não do acusado.
Assusta-me, especialmente no Brasil, como pessoas que por suas ações não mereceriam nem uma conta de pendurar na padaria, se tornam tão confiáveis em suas delações ao ponto de que suas palavras tenham um peso de verdade irrefutável e sejam juntadas em processos como provas... orais...
Dizem que a quantidade é inimiga da qualidade... Não sei...
Mas no caso das palavras, acho que concordo.
Num mundo de tantas palavras, elas em muitos casos se tornaram destruidoras, condenadoras e assassinas.
Já alertavam os primeiros monges que falar é unica coisa que não aprendemos fazendo... Aprendemos a nadar, nadando; a andar, andando; a dançar, dançando e a falar... calando...
Justamente por isso, me calo agora, pedindo ao Cristo-Palavra, que seja Palavra em minha boca e em meu coração.






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