CONSOLAI


 A primeira leitura da Santa Missa de hoje começa com a dupla repetição dessa palavra: Consolai! Esse consolo que Isaías anuncia é a certeza de que a palavra final da história pertence a Deus. O consolo do fiel não é sentimento mais ou menos piedoso de que Deus irá intervir precisamente naquele momento em seu favor. Mas é um abandonar-se no silêncio de Deus.

Consolai!

Deus nos consola com a sua Presença. A nossa falta de percepção do consolo de Deus geralmente está associada ao nosso desleixo na vida de oração. As desolações geram um cansaço espiritual. Geralmente gostamos de saber quando uma situação dolorosa chegará ao fim. Então o tempo de uma recuperação pós-cirúrgica, a bagunça na casa provocada por uma reforma, o tempo previsto para uma falta de luz ou de água.

Mas há situações em que não podemos prever quanto tempo durarão, nem sequer quando e como acabarão. Nesses tempos a alma se cansa. Se cansa de esperar por algo que deseja e se torna incapaz de buscar o que tem. E o que a alma sempre tem? Deus.

Deus habita em nossas almas para que o céu não seja uma realidade somente pós-morte, mas possa ser experimentado já aqui, pelo conhecimento de Deus e de sua Presença em nossas almas.

Esse é o consolo que Deus nos oferece, particularmente nos momentos em que misteriosamente se cala. Nesses momentos a sensação de que Deus mudou, de que sua mão se abreviou, ferem nosso coração, mas não teremos sido nós que mudamos? Que o buscamos menos. Ou até mesmo o evitamos.

Consolai. 

O Senhor permita que a certeza de que sua presença em nossas almas, seja a fonte inesgotável do consolo de que necessitamos para continuar.

Comentários