Postagens

Mostrando postagens de março, 2021

PREPARAR

Imagem
  "Onde queres que preparemos a Páscoa?" Assim os apóstolos perguntam ao Senhor. E o Senhor não dá uma resposta indiferente, ao contrário, dá detalhes que misturam certa praticidade e o dom do conhecimento do futuro e dos corações... "Ide à cidade... certo homem... o Mestre precisa... andar de cima..." "Onde queres que preparemos a Páscoa?" Nós também precisamos fazer essa pergunta à Nosso Senhor! E o que Ele nos dirá? Tanta coisa... A Santa Missa precisa ser preparada! Sejam os cuidados com os sagrados ornamentos, as velas, o turíbulo... Mas sobretudo em nosso coração e nossa mente. Não podemos ir à Santa Missa esbaforidos. Chegar ao Altar sem o mínimo de reflexão, de preparação... de santidade. "Onde queres que preparemos a Páscoa?" E Nosso Senhor nos dirá: "Ide ao seu coração... certo espaço em que ainda não posso entrar..." Preparar-se para o Senhor. Num momento em que as Igrejas, quando estão abertas, se tornaram salões de festa on

FIM

Imagem
"Amou até o fim" assim S. João afirma sobre Nosso Senhor, introduzindo a última ceia. Ele amou até o fim. Mas que fim? O fim d'Ele? Sim, Nosso Senhor nos amou até a sua morte e morte de cruz, Ele nos amou até o fim, mas um fim... sem fim. Amou-nos para sempre, amou-nos eternamente. Mas também podemos compreender esse "fim" relacionado a nós. Ele nos ama até o nosso fim. Jamais Ele nos nega a Sua Graça, o Seu Amor, a Sua Misericórdia. E se há um ser humano que pode testemunhar isso é Judas. Jesus amou Judas até o fim. O pão embebido no molho era um sinal de predileção, o modo como Jesus fala com Judas foi tão terno que ninguém em torno percebeu que Jesus estava anunciando sua própria traição, não virou o rosto quando Judas o entrega com um beijo e, mesmo após ali o chama de amigo... Até o fim Nosso Senhor amou seu próprio traidor. Queridos amigos, nossa vida é o tempo deste amor até o fim. Mas após o fim, será o tempo da justiça. Não esperemos misericórdia se não

LÁZARO

Imagem
  Lázaro foi ressuscitado pelo Senhor. Estava morto há três dias, já cheirava mal. E, como devia ser uma pessoa importante, muitos judeus que tinham ido dar os pêsames às suas irmãs, Marta e Maria, acabaram presenciando o milagre do Senhor. Lázaro não era Jesus, mas olhar para Lázaro lembrava Jesus. Ele sequer precisava dizer algo, já tinha sido estabelecido um binômio: Lázaro-Jesus. No Evangelho de hoje, vemos os pontífices decidindo matar também a Lázaro. Não tinham nada contra Lázaro, eles só queriam matar Lázaro porque ele tinha sido ressuscitado por Jesus. Contra Jesus, sim, os pontífices tinham muita coisa contra. Para eles Jesus era uma ameaça; ameaça que devia ser eliminada. Ora um mundo que odeia Cristo e que gostaria de viver sem Ele poderia gostar dos discípulos d'Ele? Queridos amigos, se somos amados pelo mundo, é porque ainda não se estabeleceu em nós aquele maravilhoso binômio, eu-Jesus. Se o mundo ao olhar para nós é forçado a pensar em Cristo, então ele nos odiará.

HOMILIA DO DOMINGO DE RAMOS

Imagem
  A celebracao hodierna e uma das mais antigas que se conservaram. Já os primeiros peregrinos de Jerusalém contavam sobre as procissões que desciam o monte das oliveiras com o bispo e o povo carregando Ramos de Oliveira. Em nossa liturgia, quando celebrada com toda a solenidade, fica ainda mais claro um duplo aspecto que se divide entre a procissão e a Missa. A procissão é festiva, alegre, triunfante. Os ramos nas mãos são a proclamação de uma vitória, como vemos nas imagens dos Santos Mártires. Há uma frase de S. Agostinho que pode mostrar bem esse duplo aspecto: Victor, quia vitima. Vencedor, porque foi feito vitima… A procissão e a primeira parte dessa frase: Victor.  Somos já vencedores, o céu é nosso! E nesse tempo, como os Santos Cristeros podemos dizer: Vamos que o céu está barato! Sim, o céu nos é barato, porque será o preço de simplesmente sermos quem somos - católicos. E não existe católico perdedor, se, por alguma razão parece que o católico perdeu, nós já temos um nome para

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XL

Imagem
  Neste Domingo de Ramos, Nosso Senhor após entrar em Jerusalém nos chamou para uma conversa bem particular, bem pessoal. Ele foi nos contando tudo o que vai acontecer com Ele nesses dias que se aproximam, falou da unção em Betânia, da figueira estéril, do dono da casa onde vai ser a última ceia, do Horto das Oliveiras, e falou-nos também de todos os personagens que compõe essa História Sagrada. Em seguida (usemos nossa imaginação!), Nosso Senhor levou-nos para uma sala bem grande com um grande varal. E penduradas nesse varal estão várias roupas: roupas de apóstolos que fogem, roupas de apóstolos que traem, roupas de apóstolos que negam, roupas de apóstolos que vão até ao pé da Cruz com Maria Santíssima, roupas dos Pontífices que mentem para conseguir a condenação do Senhor, roupas de judeus que querem a morte de Jesus e preferem soltar Barrabás, roupas de Pilatos que não quer se comprometer, roupas de Herodes que só quer saber de divertir-se, roupas de Madalena que acompanha Nosso Sen

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXIX

Imagem
  "Eis que eu faço novas todas as coisas" (Ap 21, 5). Estamos quase completando os quarenta dias da Quaresma. E como passamos esses dias sagrados? Talvez tínhamos na quarta-feira de cinzas ou lá na Septuagésima uma ideia de como estaríamos a essa altura e nossa expectativa não correspondeu à realidade. Talvez tivéssemos pensado em ter superado grandes pecados, ou simplesmente nos dispomos a não colocar açúcar no café... Conseguimos num dia, num outro, talvez no seguinte... mas com o tempo... tudo igual. "Não tens jeito! Perdestes uma quaresma! Quem sabe não será a última que tivestes? Morrerás tal como estás agora e não irás para o Céu!" Esses pensamentos são incutidos em nós pelo demônio que simplesmente quer nos desanimar, para que nos entreguemos de vez ao pecado. S. Bento dizia que "a vida do monge deve ser sempre uma quaresma", e isso se aplica a todos os fiéis. Nós vivemos a cada dia todos os tempos litúrgicos: todo o dia nos recordamos da encarnação

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXVIII

Imagem
  Disse o Anjo à Virgem Santíssima: "Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi.  Reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim" (Lc 1, 32-33). Imaginai, irmãos caríssimos, o mistério que a Anunciação envolve! O Anjo Gabriel é enviado por Deus à Nazaré. É o primeiro anjo que se apresentará à Rainha dos Anjos! Ele sabe que Ela é Rainha, sua Rainha; ela ainda não sabe. Maria Santíssima só compreende a Si mesma, na medida em que compreende Nosso Senhor. As palavras do Arcanjo não lhe revelaram apenas sobre o Filho que conceberia, mas lhe revelaram muito dela mesma: Cheia de graça, o Senhor é contigo... É conhecendo a Nosso Senhor que nos conhecemos realmente. Muitos consideram que devem buscar-se a si mesmos para adquirirem o auto-conhecimento. Já a alma cristã compreende que o seu auto-conhecimento é concomitante ao conhecimento que tiver do Verbo Encarnado. Tal como S. Pedro, é quando procl

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXVII

Imagem
  "Replicou-lhe Jesus: '(...) por que me bates?" (Jo 18, 23). Nosso Senhor nos mandou oferecer a outra face quando nos derem uma bofetada. Ele sabe que o mal possui um ciclo sempre crescente que se não for parado só ganhará mais força, mais violência, mais mal.  Dar a outra face, significa pôr um fim no ciclo do mal. Se o mal chegou a mim, de mim ele não passará. Não revidarei, não baterei em outro, não me vingarei. Em mim, o mal acaba. No contexto da Paixão, porém, para tornar ainda mais flagrante a maldade dos que o condenavam, Nosso Senhor pergunta, e somente nessa ocasião o faz, o porquê lhe batem. Batem porque respondeu mal? Então mostrem onde faltou com o respeito. Batem por maldade? Então o silêncio responde. E foi o que aconteceu. Por que me bates? Essa não era a primeira agressão que Nosso Senhor sofrera. Desde a prisão quando teve suas mãos amarradas, Nosso Senhor se tornou uma diversão para os maus. Mas ainda assim, Ele perguntou nessa bofetada: "Por que m

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXVI

Imagem
  Diz a Esposa:  "Ó tu, que habitas nos jardins, faze-me ouvir a tua voz" (Ct 8, 13). No Cânticos dos Cânticos o grande local do amor entre o Esposo e a Esposa é o jardim. Mesmo a sua casa é sustentada pelas árvores da floresta e o seu leito é verdejante. Tudo remete ao jardim. Foi num jardim que o homem se afastou de Deus. Deus plantou um jardim, pôs nele o homem e o homem desobedecendo a Deus, perdeu a Deus e perdeu o jardim. Se num jardim começou o reino do pecado e da morte, num jardim teria que começar o reino da vida. Quando imaginamos o Calvário, temos em mente, como praticamente todos os lugares da Terra Santa, uma paisagem quase desértica: areia, pedras, poeira e sol. Mas o Evangelista S. João, que nos acompanha especialmente nesse tempo da Paixão, embora não descreva diretamente como era o Calvário, nos diz que "próximo ao lugar onde fora crucificado havia um jardim".  Não importa tanto como era o Calvário fisicamente, importa que ele é o jardim onde Deus

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXV

Imagem
Diz o Salmista: "Na presença dos anjos vos cantarei, Senhor" (Sl 137,1). A obra que mais glorificou o Padre Eterno foi o Sacrifício de Seu Filho. Glorificou-o tanto que todos os sacrifícios antigos eram apenas sombra deste e após a Paixão do Senhor nenhum sacrifício que não esteja unido a este não têm o menor valor diante de Deus. Por isso, convém-nos considerar o mistérios dos Anjos diante do mistério da Paixão. Os anjos possuem um conhecimento imediato, dedutivo de todas as coisas, mas não lhes é dado conhecer o futuro, assim, à medida em que avançavam os passos da Paixão tanto mais se admiravam os anjos. Admiravam-se pela obediência incondicional do Filho, admiravam-se pela fidelidade e compaixão da Santíssima Virgem, mas admiravam-se também da crueldade dos homens. A visão de Deus é o alimento dos anjos. Compreendei o que significou para os anjos contemplar a Deus crucificado! Muitos artistas representaram os anjos recolhendo o Preciosíssimo Sangue em taças de ouro, outro

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXIV

Imagem
  Michelangelo. Os anjos trazem os instrumentos da Paixão no Juízo Final. Capela Sixtina. "O sol escurecerá e a lua não dará a sua luz" (Mt 24, 29). Ao referir-se aos fim dos tempos, um dos sinais aos quais Nosso Senhor se refere é a perda da luz do sol e da lua. Por que o sol e a lua não brilharão mais? Será o juízo final feito na escuridão? É evidente que não! S. João Crisóstomo afirma que quando o Senhor voltar, ele terá as suas feridas mais luminosas que o sol, o que antes fora humilhação e sofrimento será inteiramente glória e que brilharão nos céus os instrumentos da Paixão, particularmente a Santa Cruz. A Cruz será o sol do novo céu e da nova terra. Iniciando hoje o tempo da Paixão a Igreja entoa: Vexilla Regis prodeunt/ Fulgit Crucis mysterium! Avança o estandarte do Rei, resplandece o mistério da Cruz. S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas falam das trevas que cobrem a terra quando o Senhor é crucificado. O sol, de certo modo, compreende que não é mais necessário. Já há u

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXIII

Imagem
  Diz a Esposa: "Eu sou do meu amado. O seu desejo o traz para mim" (Ct 7, 11). Já seria admirável que alguém acidentalmente, num instinto, tomasse sobre si o sofrimento do outro, o protegesse ou libertar-se ainda que à custas de dores e mesmo à custas da vida. Mas alguém desejar isso? Sim. O Senhor nos desejou. Na última ceia, diz Nosso Senhor: "Desiderio desideravit..." Desejei desejando, desejei duplamente, desejei ardentemente... Esse é o desejo de Deus por nós. Um desejo que começa rasgando o céu pela Encarnação e chega a rasgar a própria carne assumida, imolando-a no Altar da Cruz. Isso é desejo! E vós, ó almas, o quanto desejais a Deus? Desejais como o avarento deseja o seu dinheiro ou como o infeliz sensual deseja a sua satisfação? Não.  Não desejais a Deus. Quando muito desejais as suas consolações. Tens vontade de Deus, e uma vontadezinha fraca, pusilânime, indecisa. Desejar a Deus como Deus nos deseja é impossível, mas pelo menos podíamos desejá-lo com to

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXII

Imagem
Disse o Anjo a Nosso Senhor S. José: "Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados"(Mt 1, 21). Quando consideramos a figura santíssima do Glorioso Patriarca S. José, tendemos a pensar n'Ele apenas no que diz respeito à infância e talvez à adolescência e juventude de Nosso Senhor, mas não o consideramos muito no que diz respeito à Paixão de Nosso Senhor. O modernismo, compêndio de todas as heresias, formou-se também através de um chamado método histórico-crítico de compreensão das Sagradas Escrituras. Esse método de origem protestante, levado ao extremo, chega a negar tudo o que de sobrenatural é afirmado nas Escrituras, considerando apenas uma realidade sem qualquer transcendência. Nesse método, Maria Santíssima é só uma jovem qualquer de Nazaré que concebeu Jesus, e José também não têm qualquer importância. O que aprendemos sobre a Imaculada Conceição de Maria ou sobre as intervenções divinas na vida de S. José atra

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXI

Imagem
  Disse Nosso Senhor: "o mundo precisa saber que eu amo o Pai" (Jo 14, 31). Há algo que possa ser maior que a dor de Nosso Senhor? Já não disse a Profecia que "não há dor como a dor que atormenta?" Algo pode ser maior que a dor do Senhor? Nenhuma dor é maior que a dor de Nosso Senhor. Mas há algo maior que Sua dor, Seu Amor pelo Padre Eterno. E só por causa desse Santo Amor que Ele se entregou à dor. O ser humano não é digno de amor por si mesmo. Por isso, foi o Amor de Nosso Senhor pelo Eterno Padre que o fez entregar-Se à morte por amor de nós. Nosso Senhor ama o homem porque ama a Deus Pai. Também nós, se buscarmos amar uma criatura por si mesma, mais cedo ou mais tarde nos cansaremos de amar. Só conseguimos amar o outro (mesmo um pai, um cônjuge, um filho) como decorrência do amor a Deus. Sem amor a Deus, não se ama ninguém. Pelo amor de Deus! Dizemos tantas vezes... Sem ter consciência do que estamos invocando!  O amor de Deus! S. Francisco chegou a obrigar que

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXX

Imagem
  Diz a Esposa: "Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu". Ao ver a figura acima, alguém poderia perguntar: "Quem é essa santa?" E a resposta poderia causar ainda mais surpresa: "É a sua alma!". Entre cada alma e Nosso Senhor é estabelecido um matrimônio espiritual que deve ser renovado dia a dia.  E o que seria esse matrimônio? Ora, pensemos nos matrimônios que já assistimos, ou no próprio casamento: "Eu, te recebo, Jesus, por meu esposo. E te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida." O matrimônio consiste na fidelidade e na comunhão. Ser fiel a Nosso Senhor, não traí-lo com o pecado, não deixar esfriar o amor por Ele através da oração... Mas também há esse aspecto de comunhão no matrimônio, onde não apenas as pessoas se dão uma à outra, mas tudo o que é de um passa a ser do outro. Estamos dispostos a receber tudo que é de Nosso Senhor? Não apenas sua glória, mas também a sua cruz? Com Nosso

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXIX

Imagem
  "O Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós" (Is  53, 6). A mais antiga tradição sobre a Paixão do Senhor aponta pelas vielas de Jerusalém três lugares onde o Senhor tombou sobre o peso da cruz. Três quedas. Mas não apenas quedas: três reerguimentos. Três vezes caiu o Senhor, porque caímos de três modos, caímos levados por três realidades: nossa natureza enfraquecida pelo pecado, o mundo corrompido pelo mal e o demônio, inimigo do gênero humano. Caímos por nossa natureza enfraquecida pelo pecado: tudo o que é bom parece nos custar, enquanto que o mal parece nos atrair. Somos fracos, e só começamos a ficar fortes quando realmente descobrimos a nossa fraqueza. A nossa carne e o nosso espírito se degladiam dentro de nós mesmos e nem sempre o espírito vence, caímos. A grande arma da nossa natureza decaída é a confiança demasiada em nós mesmos. Caímos levados pelo mundo corrompido. Ora, nem é necessário esforço para percebermos o quanto o mundo nos afasta

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXVIII

Imagem
  " Passava por ali  certo  homem de  Cirene , chamado  Simão , que vinha do campo, pai de Alexandre e Rufo, e  obrigaram -no a que levasse a cruz." (Mc 15, 21) Certamente um dos personagens mais benditos no contexto da Paixão é esse Simão de Cirene. De Simão só sabe que, além de ter dois filhos, era de Cirene; e de Cirene só se sabe que a terra de Simão. Mas de algum modo a cruz eternizou esse homem e a sua terra, podendo aplicar-se a ele o que disse Nosso Senhor: "Por toda a parte onde o Evangelho for pregado se recorde essa boa obra que fez". Mas, o que há de admirável em Simão Cireneu? Ele não pediu a cruz, a cruz lhe foi imposta e imposta pelos maus. Os soldados o obrigam a carregar a cruz não por piedade de Nosso Senhor, mas para que pudessem infligir a Ele ainda mais sofrimentos na crucificação. Certamente jamais passou pela cabeça desse homem do campo que teria que carregar uma cruz. A cruz lhe foi imposta pelos maus. Mas, algo dentro desse homem o impele a

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXVII

Imagem
 Diz o Salmista: "Pagaram com o mal o bem que fiz e o amor com ódio" (Sl 108, 5). Há certas histórias sobre os animais que, ainda que possam ser mitos, podem ser úteis para nosso entendimento sobre certas realidades. Certa vez ouvi que os tubarões têm um olfato muito apurado e que, mesmo sendo naturalmente ferozes, se sentirem cheiro de sangue sua sanha aumenta ainda mais. Em certo sentido foi o que aconteceu na Paixão do Senhor. Quanto mais o Sangue do Senhor era derramado tanto mais aumentava nos judeus o desejo de infligir a Ele mais sofrimentos, mais humilhações. Tanto amor que o Senhor demostrou era retribuído com mal, com ódio. A liturgia da Sexta-feira da Paixão coloca na boca do Senhor os "imprompérios", que são como se o Senhor buscasse entender o porquê nós fizemos isso com Ele. "Foi porque te abri o Mar Vermelho que tu me abristes o peito? Eu preparei para ti uma terra, por isso me preparastes uma cruz? Eu te conduzia pela mão, por isso me conduziste

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXVI

Imagem
  Diz a Esposa no Cântico:  "Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e corças do campo, não desperteis nem perturbeis o amor, até que ele o queira" (Ct 3, 5). Santa Teresinha do Menino Jesus tinha vários talentos, além de poetisa, escritora, atriz, artesã, também era pintora. Um de seus quadros é esse que está acima, a Santa o chamava de "sonho do Menino Jesus".   A própria Santa Teresinha explica o que está representado na pintura: o Menino Jesus dorme segurando flores que as almas virgens lhe ofereceram. Nem dormindo Ele as larga, e deseja agradecer às almas fiéis que lhe presentearam. E o Divino Infante sonha. Sonha com a Cruz, com a lança, a coroa de espinhos, sua face desfigurada impressa no sudário e um cálice repleto de dores. É isso! Será assim que retribuirá tanto amor que recebe das almas, Ele dará sua vida por elas! E sabe que elas não O abandonarão na hora da cruz, sabe que elas reconhecerão que é o mesmo doce Menino que está por detrás daquele

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXV

Imagem
  Diz o Espírito Santo: "Aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento, para que ele oferecesse sua vida em sacrifício expiatório" (Is 53,10). Os textos bíblicos que se referem à Paixão de Nosso Senhor são unânimes em indicar que o sofrimento do Senhor foi em grau superlativo. Não foi apenas um sofrimento físico ou uma contradição moral: Nosso Senhor foi esmagado pelo sofrimento.  Mas, se fosse possível organizar em ordem de grandeza os sofrimentos do Senhor, certamente nos primeiros lugares estaria uma coisa, o silêncio. O silêncio dos homens bons que poderiam intervir contra todas as maldades que se erguiam contra o Nosso Senhor, mas também o silêncio de Deus. O Pai eterno se cala diante de todos os gemidos de seu Filho, e, mais ainda, permite que eles cheguem a um grau como jamais se repetiria na história da humanidade. O silêncio, muitas vezes, fere mais que uma agressão verbal ou física. Penso que os casais experimentam isso de uma forma muito forte. Às vezes o silêncio ag

MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXIV

Imagem
"Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia." Assim disse Nosso Senhor enquanto mostrava seu Coração à Santa Margarida Maria. Há na vida de S. Pio de Pietrelcina um fato que não é muito conhecido: Padre Pio têm uma visão de Nosso Senhor todo ferido, chorando, e atrás do Senhor está uma multidão de... sacerdotes. O Senhor olha para os sacerdotes, olha em seguida para Padre Pio e diz: "Carniceiros!"  A contemplação da Paixão do Senhor tem como fruto uma altíssima devoção eucarística, na qual essa Paixão continua misticamente, e na qual o Senhor ainda é blasfemado e maltratado não somente por pessoas de fora da Igreja, mas sobretudo pelos ministros do Senhor. Uma serva de Deus chamada Luisa Piccaretta ouviu do Senhor que se os