MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXVIII

 


"Passava por ali certo homem de Cirene, chamado Simão, que vinha do campo, pai de Alexandre e Rufo, e obrigaram-no a que levasse a cruz." (Mc 15, 21)

Certamente um dos personagens mais benditos no contexto da Paixão é esse Simão de Cirene. De Simão só sabe que, além de ter dois filhos, era de Cirene; e de Cirene só se sabe que a terra de Simão. Mas de algum modo a cruz eternizou esse homem e a sua terra, podendo aplicar-se a ele o que disse Nosso Senhor: "Por toda a parte onde o Evangelho for pregado se recorde essa boa obra que fez".

Mas, o que há de admirável em Simão Cireneu?

Ele não pediu a cruz, a cruz lhe foi imposta e imposta pelos maus. Os soldados o obrigam a carregar a cruz não por piedade de Nosso Senhor, mas para que pudessem infligir a Ele ainda mais sofrimentos na crucificação.

Certamente jamais passou pela cabeça desse homem do campo que teria que carregar uma cruz. A cruz lhe foi imposta pelos maus.

Mas, algo dentro desse homem o impele a agir diferente. A não seguir a multidão. Sim, ele obedece e carrega a cruz, mas o faz acompanhando o Senhor. Não O ofende, não O ridiculariza, talvez simplesmente esteja calado, ao lado do Senhor. Ou quem sabe dirigiu a Nosso Senhor alguma palavra de encorajamento, quando até o Padre Eterno calara a própria voz.

Também, vós que vos dispusestes a seguir o Senhor não o podereis fazer sem a Cruz. As vezes uma Cruz concedida diretamente por Ele, mas, na maior parte das vezes, uma cruz que nos é imposta por um mundo prevaricador, impuro e mentiroso. Este mundo nos obriga a Cruz!

Mas vede! Olhai com atenção! Ali junto àquela cruz que não pedimos e que o mundo jogou sobre nós está o Senhor. Ele nos diz ao ouvido: "Não tenha medo! Não é para sempre! São só alguns passos e tudo se acabará!"

E começamos a sentir o nosso coração transcender tempos e espaços, terra e céus, presente e futuro... porque toda a cruz têm o poder de eternizar a glória de quem a souber carregar.


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