MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXI

 

Disse Nosso Senhor: "o mundo precisa saber que eu amo o Pai" (Jo 14, 31).

Há algo que possa ser maior que a dor de Nosso Senhor? Já não disse a Profecia que "não há dor como a dor que atormenta?" Algo pode ser maior que a dor do Senhor?

Nenhuma dor é maior que a dor de Nosso Senhor. Mas há algo maior que Sua dor, Seu Amor pelo Padre Eterno.

E só por causa desse Santo Amor que Ele se entregou à dor.

O ser humano não é digno de amor por si mesmo. Por isso, foi o Amor de Nosso Senhor pelo Eterno Padre que o fez entregar-Se à morte por amor de nós. Nosso Senhor ama o homem porque ama a Deus Pai. Também nós, se buscarmos amar uma criatura por si mesma, mais cedo ou mais tarde nos cansaremos de amar. Só conseguimos amar o outro (mesmo um pai, um cônjuge, um filho) como decorrência do amor a Deus. Sem amor a Deus, não se ama ninguém.

Pelo amor de Deus! Dizemos tantas vezes... Sem ter consciência do que estamos invocando! 

O amor de Deus!

S. Francisco chegou a obrigar que todos os frades fizessem tudo que lhes pedido "por amor de Deus"!

Um canto antigo dizia: 

"A paixão de um Deus amante, meditar vinde cristãos, e contritos nesse instante, Ah chorai, chorai irmãos! Já que foi nossa maldade, que o fez tanto padecer: Ó cristãos por piedade, com Jesus vinde sofrer."

"Um Deus amante"... essa palavra para nós perdeu toda a sua beleza... mas é isso, literalmente isso: Um Deus que ama, e consequentemente um Deus que sofre!

Amor e sofrimento são gêmeos em nossas almas. Nasce um, nasce o outro. Quem ama, sofre. Quem muito ama, muito sofre. E Deus que ama infinitamente, viveu o mais extremo dos sofrimentos.

Para nós amor é só alegria, só realização, só divertimento, só prazer. Pois é... chamamos egoísmo de amor... Mais ama quem menos se considera, mais ama quem menos pensa em si, mais ama quem está disposto a sofrer sem limites.

"Com Jesus vinde sofrer". Não basta à alma amante saber que Jesus sofreu por ela; ela têm sede de sofrer por Ele!

Nós nascemos com dois amores dentro de nós: um que nos dirige a Deus e nos afasta do mundo e outro que nos dirige ao mundo e nos afasta de Deus. Cabe-nos decidir que amor seguir. No entanto essa é uma escolha que muitos buscam retardar, deixar para depois... para um depois que ninguém pode garantir que existirá.


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