MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXII


Disse o Anjo a Nosso Senhor S. José: "Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados"(Mt 1, 21).

Quando consideramos a figura santíssima do Glorioso Patriarca S. José, tendemos a pensar n'Ele apenas no que diz respeito à infância e talvez à adolescência e juventude de Nosso Senhor, mas não o consideramos muito no que diz respeito à Paixão de Nosso Senhor.

O modernismo, compêndio de todas as heresias, formou-se também através de um chamado método histórico-crítico de compreensão das Sagradas Escrituras. Esse método de origem protestante, levado ao extremo, chega a negar tudo o que de sobrenatural é afirmado nas Escrituras, considerando apenas uma realidade sem qualquer transcendência.

Nesse método, Maria Santíssima é só uma jovem qualquer de Nazaré que concebeu Jesus, e José também não têm qualquer importância. O que aprendemos sobre a Imaculada Conceição de Maria ou sobre as intervenções divinas na vida de S. José através dos sonhos são postos de lado. E tenta-se apresentar a Sagrada Família como uma família oprimida a mais que esperava uma libertação política.

É claro que esse método oscila desavergonhadamente entre a heresia e a blasfêmia, mas ainda hoje muitos o seguem como se fosse o caminho mais acertado para compreender a Palavra de Deus.

Mas nós sabemos que não é assim. Nós aprendemos com a Igreja a ir além do que está literalmente escrito e de, conduzidos pela Igreja, compreender mais profundamente o íntimo de S. José. 

O Anjo resume para S. José a missão de Jesus através do Seu próprio nome: "porque Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados". 

Sem derramamento de sangue não há remissão, diz o Apóstolo. Será que S. José ignorava isso? Claro que não! José vivia antecipadamente a Paixão do Senhor, sabia que sobre Nosso Senhor constantemente pairava a sombra da Cruz. 

Coube a S. José recolher as primeiras gotas de Sangue do Salvador em sua Circuncisão!

Coube a Ele impor o Nome diante do qual todo joelho se dobre no Céu, na Terra e nos infernos!

Por causa d'Ele, Nosso Senhor se tornou conhecido como Jesus de Nazaré. Nome que Pilatos escreverá no título da Cruz...

São José sabia que lhe era confiado proteger o Filho que Deus mesmo, num profundíssimo mistério, deixaria de proteger para que Sua Vida se tornasse um Sacrifício Expiatório.

Não desconhecia S. José as profecias que Seu pai David escrevera nos Salmos: "O insulto me partiu o coração, não suportei, desfaleci de tanta dor, procurei quem me aliviasse e não achei. Deram-me fel como se fosse um alimento; em minha sede ofereceram-me vinagre"; "Meu Deus, meu Deus por que me abandonastes?!"; "Ao Senhor se confiou, que Ele o liberte!"; "Transpassaram minhas mãos e meus pés e contaram todos os meus ossos..."

E quando via o Divino Infante mexendo nos pregos e nas madeiras da carpintaria? Que sentia o Santíssimo Coração de S. José...

Imaginemos, compreendendo que se aproximava o fim de sua missão e de sua vida, S. José confortando Nossa Senhora para os momentos da Paixão! Imaginemos o desejo que Ele teria de estar junto com Maria Santíssima para defendê-la, para tentar defender Jesus... Mas não era mais hora de defesa. Era a hora do Sacrifício, por isso Ele podia ir. E acolhendo serenamente a vontade de Deus, o Glorioso Patriarca entrega a Sua alma ao Padre Eterno tendo junto de Si, Nosso Senhor e Nossa Senhora.

Ninguém se encontra com Nosso Senhor sem encontrar-se com a Cruz. E S. José não foi exceção. Viveu crucificado, preso as desígnios misteriosos de Deus sobre Si e Sua Família. Além de Nosso Senhor e Nossa Senhora ninguém teve a sua vontade mais crucificada que S. José.

E, se os sofrimentos do tempo presente não merecem ser comparados à glória que teremos, imaginemos a glória de S. José! Oh, que glória! Que esplendor! Resplende como Luz dos  Patriarcas o humilde carpinteiro de Nazaré.

Oh, Santíssimo S. José! Não acompanhastes os momentos da Paixão do Senhor, mas acompanhais agora a Paixão da Igreja, Corpo Místico de Cristo. A Santa Igreja vos invoca como Patrono e Defensor. Defendei nossas almas de todo erro, de todo respeito humano, de toda omissão, de toda impureza. Fazei-nos vossos! E dai-nos a coragem de defender Jesus.


 

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