MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXVII

 


"Replicou-lhe Jesus: '(...) por que me bates?" (Jo 18, 23).

Nosso Senhor nos mandou oferecer a outra face quando nos derem uma bofetada. Ele sabe que o mal possui um ciclo sempre crescente que se não for parado só ganhará mais força, mais violência, mais mal.  Dar a outra face, significa pôr um fim no ciclo do mal. Se o mal chegou a mim, de mim ele não passará. Não revidarei, não baterei em outro, não me vingarei. Em mim, o mal acaba.

No contexto da Paixão, porém, para tornar ainda mais flagrante a maldade dos que o condenavam, Nosso Senhor pergunta, e somente nessa ocasião o faz, o porquê lhe batem. Batem porque respondeu mal? Então mostrem onde faltou com o respeito. Batem por maldade? Então o silêncio responde. E foi o que aconteceu.

Por que me bates?

Essa não era a primeira agressão que Nosso Senhor sofrera. Desde a prisão quando teve suas mãos amarradas, Nosso Senhor se tornou uma diversão para os maus. Mas ainda assim, Ele perguntou nessa bofetada: "Por que me bates?" Ainda não te é suficiente que eu esteja preso? Que minhas mãos que criaram o céu e a terra, que minhas mãos que te formaram do barro, estejam amarradas? Ainda não te é suficiente? "Por que me bates?"

Essa pergunta não se dirigiu apenas ao servo do Pontífice. Mas se dirigiu a todos os que apesar de tudo ainda ofendem a Nosso Senhor. Era essa pergunta que estava no olhar de Jesus para Pedro.

Era esse pergunta que se dirige a nós quando ainda estamos no meio de nossos pecados. Nosso Senhor não espera sequer que concluamos o pecado. Ali mesmo, no meio da raiva, da preguiça, da soberba, da sensualidade, da malediência... já ali, em nossas consciências, o Senhor, feito um farrapo humano por causa daquele pecado que já começamos a cometer nos pergunta: "Por que me bates?" E o que lhe respondemos? Nada. Continuamos a pecar, como se Ele não nos tivesse amado primeiro...

Conta-se que S. Domingos Sávio tinha dois colegas que um dia resolveram brigar de socos até que um dos dois caísse desacordado. De todos os modos tentou S. Domingos impedir essa briga e, sua intenção principal, essa ofensa a Deus. De nada adiantou conversar, pedir, implorar. Quando então se afastaram da cidade indo a um bosque para ali brigarem, de repente, chega correndo S. Domingos Sávio, trazendo um crucifixo nas mãos e disse: "Tudo bem! Vocês querem brigar e ofender a Deus. Não tenho como impedir. Só peço uma coisa: olhem para esse crucifixo e digam bem alto antes de começarem a briga: "Jesus morreu por causa de meus pecados, mas mesmo assim quero ofendê-l'O ainda mais, porque para mim nada vale o seu Sangue que derramou por mim. E vou cometer um pecado que torna a crucificar o Bom Jesus."
E os dois meninos desistiram da briga.

E tu?



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