MEDITAÇÃO SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR XXXIX

 

"Eis que eu faço novas todas as coisas" (Ap 21, 5).

Estamos quase completando os quarenta dias da Quaresma. E como passamos esses dias sagrados?

Talvez tínhamos na quarta-feira de cinzas ou lá na Septuagésima uma ideia de como estaríamos a essa altura e nossa expectativa não correspondeu à realidade. Talvez tivéssemos pensado em ter superado grandes pecados, ou simplesmente nos dispomos a não colocar açúcar no café... Conseguimos num dia, num outro, talvez no seguinte... mas com o tempo... tudo igual.

"Não tens jeito! Perdestes uma quaresma! Quem sabe não será a última que tivestes? Morrerás tal como estás agora e não irás para o Céu!" Esses pensamentos são incutidos em nós pelo demônio que simplesmente quer nos desanimar, para que nos entreguemos de vez ao pecado.

S. Bento dizia que "a vida do monge deve ser sempre uma quaresma", e isso se aplica a todos os fiéis. Nós vivemos a cada dia todos os tempos litúrgicos: todo o dia nos recordamos da encarnação no Ângelus, todos os dias aguardamos o Senhor que voltará, todos os dias celebramos o Senhor ressuscitado, todos os dias são dias de conversão!

Os tempos litúrgicos são momentos em que certas realidades nos são apresentadas com mais força e com um influxo maior da graça, mas jamais o fim de um tempo litúrgico deve nos lançar na ideia de que não temos jeito e que não adianta lutar.

Nossa vida deveria ser quaresma todo dia, e isso não significa ser triste. Porque não há alegria maior que converter-se um pouco mais rumo ao Senhor. E os meios para isso são sempre os mesmos: meditação da Paixão do Senhor, oração, sacrifício, sacramentos... Essa é a nossa quaresma diária. E a nossa Páscoa diária.

A tentação na qual o demônio mais vence é o desânimo, porque o desânimo parece às vezes zelo por Deus. Não é! Não decepcionaremos nunca a Deus, porque Ele nos fez e é mais íntimo de nós do que nós mesmos. Ele sabe muito bem tudo o que somos capazes de fazer e que fazemos para o bem e para o mal. Ele não espera a nossa vitória, mas a nossa luta.

Sim, a quaresma oficial está acabando. Mas, o tempo de conversão, de mudança, de luta vai até a hora em que nosso coração parar de bater.

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