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Mostrando postagens de junho, 2019

PEDRO

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Celebramos hoje a Solenidade de Ss. Pedro e Paulo, Apóstolos que fundaram a Igreja do Senhor em Roma. Sabemos que há uma lenda de que a cidade de Roma foi fundada por dois irmãos: Rômulo e Remo que, quando pequenos, cresceram alimentados pelo leite de uma loba. Essa cidade, iniciada pelos irmãos que se alimentavam do mesmo leite, se tornou a capital do mundo e trouxe todo o mundo conhecido à época sob o jugo de seu domínio e poder. Não à toa, os cristãos de Roma quiseram recordar para sempre os dois novos irmãos: Pedro e Paulo. Esses, alimentados pela santa doutrina que Nosso Senhor deixou à sua Igreja, se tornaram os fundadores da nova Roma. A Roma antiga estava destinada ao fim. Sua religião pagã, seus ideais de perfeição moral destruídos pelos mais baixos vícios, tudo a levaria à destruição. Mas das cinzas da Roma pagã e mortal surgiria a Roma eterna. A Roma dos Apóstolos, Mãe de toda a cristandade, Mestra da verdade universal. A Roma que se estenderia por todo o mundo, não

CONSERVAVA

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No Santo Evangelho da Memória do Imaculado Coração de Maria, ouvimos que Nossa Senhora guardava todas essas coisas (os gestos e palavras de Nosso Senhor) em seu Coração. São duas as vezes em que S. Lucas se refere assim à Nossa Senhora. A outra foi logo após o nascimento de Nosso Senhor, quando os pastores o vieram adorar. Num arco de doze anos, a Santíssima Virgem mantem o mesmo costume: guardar tudo em seu Coração. Nosso Senhor diz que a boca fala do que está cheio o coração. A fala mais longa de Nossa Senhora é o Magnificat que é uma oração costurada com várias passagens do Antigo Testamento: da Palavra de Deus estava transbordante o Coração de Nossa Senhora. Prezados amigos, nenhum coração humano fica vazio. Mas somos nós que escolhemos o que queremos conservar nele. Aplica-se com infinita mais perfeição à Santíssima Virgem o que Nosso Senhor disse sobre sua homônima de Betânia: "Maria escolheu a melhor parte". Ela escolheu conservar em seu coração tudo de Nosso S

ABRIGO

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Celebramos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O Coração de Cristo é uma das várias devoções que brotam da consideração da Santíssima Humanidade de Nosso Senhor. Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, quis assumir nossa humanidade no ventre Imaculado da Virgem Maria, ali, como Sacerdote Eterno, revestiu-se de nossa carne e um coração humano pode bater no peito do Verbo Encarnado. Esse Coração, aberto pela lança no altar da Cruz verteu água e sangue, esvaziou-se por completo, para que todo gênero humano pudesse ali abrigar-se. Aquela fenda aberta pelo soldado, se tornou porta de salvação para todos os cristãos. Habitar no Coração de Cristo significa buscar uma vida intensa de oração, especialmente a adoração eucarística, é comungar sempre que se possa e piedosamente, é ter terníssima devoção pela Virgem Santíssima, é encontrar diversas formas de exercer a caridade para com o próximo. Abrigar-se no Coração de Cristo é considerar, sobretudo nos momentos poucos propícios,

FUNDAMENTO

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No Santo Evangelho da quinta-feira da XII Semana do Tempo Comum, Nosso Senhor fala de duas casas, uma construída sobre a rocha, outra sobre a areia. As mesmas intempéries vieram sobre as duas, uma ruiu outra não. O problema não eram as intempéries, nem mesmo a casa. Mas o fundamento da casa. A casa fundada sobre a areia não pode resistir, porque não há base, não há algo que lhe fundamente. O fundamento da casa, geralmente oculto, é o responsável pela sua solidez e sua fortaleza. Assim, caros amigos, é a Santa Igreja. A sua doutrina é invisível, não a vemos. Não é uma coisa, sequer uma pessoa. A sua doutrina é o seu fundamento. Dá firmeza à toda a construção. Sem a doutrina, os sacramentos perdem seu significado, o papado perde sua importância, tudo se dissolve. Se por um lado a doutrina é invisível, chegamos até ela pelo estudo do Catecismo, pela pregação dos bons pastores, pelos ensinamentos dos santos. Peçamos ao Senhor que a sólida rocha da santa doutrina que nos ensinou

TRABALHO

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Nesse 26 de junho, recordamos a memória de S. Josemaría Escrivá. Esse santo dos nossos tempos foi o instrumento escolhido por Deus para comunicar ao mundo a vocação universal à santidade e ao apostolado. Certamente para a maioria de nós essa ideia já é bem familiar. O Concílio Vaticano II , nos anos 60, proclamou para toda Igreja aquilo a que desde a década de 20 Mons. Escrivá já dedicava a sua vida. S. Josemaría trouxe uma nova compreensão sobre muitos aspectos da vida cristã: o trabalho não é um castigo pelo pecado, mas uma participação no próprio ato criador de Deus que criou o homem ut operaretur , para que trabalhasse. Todos os cristãos são chamados a serem contemplativos no meio do mundo, ou seja, a ter uma robusta vida espiritual, alimentada pelos sacramentos, pela oração e pela mortificação. S. Josemaría recorda que a todos Nosso Senhor chamou à santidade. Não apenas aos monges e às religiosas, mas a todos os batizados se dirigem aquelas palavras do Senhor: Sede per

ESTREITA

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Conta-se que certa mulher muito corpulenta aproximou-se um dia do Santo Cura d'Ars e lhe disse: "Senhor Cura, eu gostaria de morrer segurando a ponta de sua batina, para ter a certeza de que entraria no céu." O Santo que tinha sempre vivo um senso de bom humor e ainda gostava de usar todas as oportunidades para dar bons ensinamentos, respondeu à senhora: "Minha filha, talvez não! Porque a porta do céu é estreita, e se a senhora ficar segurando a minha batina nenhum de nós entraria..." Realmente, caros amigos, Nosso Senhor nos alerta para a porta estreita. Não fechada, estreita. Melhor estreita que fechada... Por isso, precisamos ver bem o que nos enche, o que dá essa "corpulência espiritual" que nos impediria de passar pela porta que Nosso Senhor nos abriu. Há numa igreja da Terra Santa uma porta bem baixa que ganhou o apelido de "porta dos humildes" porque só quem se abaixa é capaz de entrar. A porta do céu é a porta do essencial, o

PRECURSOR

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De apenas três pessoas a Igreja celebra o nascimento: Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santíssima Virgem Maria e S. João Batista. O Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, que celebramos a 25 de dezembro, é chamado de Natal Segundo a Carne de Nosso Senhor, porque em Jesus Cristo podemos distinguir dois nascimentos: um nascimento a partir ( ex ) do Pai desde toda eternidade e o outro, celebrado no dia 25 de dezembro, que é quando nasceu de Nossa Senhora feito homem. O nascimento de Maria Santíssima a 8 de setembro recorda a proximidade de nossa redenção e o admirável nascimento da única concebida sem a mácula original. O nascimento de S. João Batista é o grande marco da história da salvação. Nosso Senhor mesmo dirá "a Lei e os profetas até João Batista". Seu nascimento é, em certo sentido, a última página do Antigo Testamento e a primeira do Novo. E mais, é o Precursor do Senhor. Aquele que o precede no nascimento, na pregação e na morte. O Arcanjo S. Gabriel ao anunciar o

PERDER

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Perder. Talvez esse seja o maior medo do ser humano. Passamos a vida nos segurando a tudo, com medo de perder tudo. E o medo de perder já nos faz perder. O medo de perder no futuro, é a causa de tantos perderem o presente. Nosso Senhor compreende nossos medos. Ele quis sentir nossos medos. Por isso, ele enfrenta conosco a realidade da perda. E apresenta uma solução. Para nós a solução da perda seria o acúmulo. Mas para Jesus a solução da perda é a eternidade. Aquele que não quer perder, vai perder. Aquele que sabe perder, por causa de Nosso Senhor, ganhará. Mas no céu. Lembro-me de um grande amigo que me contou sobre duas pessoas que conhecia. Um, próximo da morte, gritava, berrava, socava seu leito bradando: "Não aceito, não quero! Não posso morrer!!! Não vou perder!!!" O outro, diante da certeza da morte que um dia viria, batia o pé no chão no ritmo de uma cançãozinha italiana: "Aprite le finestre al nuovo sole! È primavera! ...", "Abram as jane

PREOCUPAÇÕES

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Diz-se que S. Francisco era contra os livros. Na verdade, não. De modo particular S. Francisco tinha verdadeira devoção para com os livros sagrados, ao ponto de mandar que os frades ao encontrarem um pedacinho de papel escrito no chão, o recolhessem e guardassem porque ali poderia estar escrita alguma palavra do Senhor. De modo geral, S. Francisco também não era contra os livros. A questão é que S. Francisco tinha uma mentalidade muito prática (ao contrário do que a maioria das pessoas pensa sobre ele hoje...). Se você tem um livro, você vai precisar de uma prateleira. A prateleira exigirá uma estante. A estante exigirá um cômodo. O cômodo exigirá uma casa. A casa exigirá um terreno... E tudo exigirá preocupação. Preocupação que nos rouba da nossa verdadeira ocupação. Pois o homem foi criado para amar e adorar a Deus aqui na terra e ser feliz eternamente contemplando-O no céu. Quem pensa nisso hoje? Mas quem pensa na casa? Na estante e na prateleira? A pobreza de Francisco

QUERER A DEUS

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Um jovem nascido "em berço de ouro", cheio de riquezas, morando num castelo, resolve deixar tudo para se consagrar a Deus como sacerdote.  Imaginamos esse jovem como um predileto de Deus que doravante será em tudo protegido pelo Senhor. Como seminarista, ele se aprofunda notavelmente na vida de penitência, fazendo rigorosos jejuns, e castigando o seu corpo, tornou-se um verdadeiro anjo de pureza. Roma, onde então morava, foi assolada pela peste. Ele, então vai cuidar dos doentes. Imaginamos esse jovem então protegido de todos os males, brilhando como um verdadeiro milagre vivo. Afinal, não era ainda sacerdote, e como padre faria um bem sempre maior. Só que quem imagina assim, somos eu e você. Deus não. Deus não imagina como nós. Deus não pensa como nós. Assim já alertou Nosso Senhor a S. Pedro: "Tu não pensas como Deus..." S. Luiz Gonzaga acabou por contrair a peste. E morreu. Revoltou-se? Não! Julgou-se enganado, traído por Deus? Não! Exigiu de Deus o

COMO DEUSES

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"Se comerdes, sereis como deuses". Foi a grande mentira do demônio no paraíso. O que seria ser como deus? Poder tudo, fazer de tudo, não ter regras, ter todas as suas vontades realizadas... era esse o ser como deus proposto pelo diabo e que seduziu a nossa primeira mãe e o nosso primeiro pai. "Se comerdes, sereis como deuses". Mas aconteceu exatamente o oposto. O homem e a mulher não se tornarem deuses... e de certo modo, por causa do pecado, além de não se serem divinos, se tornaram cada vez menos humanos. "Se comerdes, sereis como deuses"... e a imortalidade virou morte, a integridade se tornou confusão, o trabalho virou castigo, a doença virou companheira da vida, a liberdade virou escravidão. "Se comerdes, sereis como deuses"... e o paraíso deixou de ser casa, os animais deixaram de ser amigos, a "carne da minha carne" se transformou em "mulher que tu me destes"... "Se comerdes, sereis como Deus". Fo

RECOMPENSA

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Nessa quarta-feira da XI Semana do Tempo Comum, Nosso Senhor falou-nos repetidas vezes a palavra recompensa. Para aqueles que tem o seu coração preso à terra a recompensa é o reconhecimento, o valor que possam adquirir diante das pessoas. Porém, para o discípulo de Jesus a recompensa é Deus. É o fato de que o Pai "veja o que está oculto" que alegra o discípulo de Nosso Senhor. Como nos preocupamos em receber as recompensas dos outros e esquecemos da recompensa de Deus! Como queremos agradar aos homens e esquecemos de agradar a Deus, ou, ainda pior, para agradar aos homens deixamos de agradar a Deus. S. Gregório ao escrever a vida de S. Bento observa que a grande motivação no coração de S. Bento  ao se retirar para uma vida de oração era somente agradar a Deus: soli Deo placere desiderans... Queridos amigos, também nós almejemos essa meta: somente a Deus agradar.

SOLUÇÃO

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Todo problema exige uma solução. E a dificuldade do problema é exatamente o que necessitamos resolver para achar a solução. Seria admirável que os problemas viessem cada um com uma etiqueta contendo pelo menos algumas dicas de como chegar à solução. Infelizmente não é bem assim. Com a exceção de um: o problema das vocações sacerdotais. O pequeno número de padres é um problema da Igreja desde a sua origem; por isso, Nosso Senhor já deixou registrada a solução: "a messe é grande, mas poucos os trabalhadores. Pedi pois ao Dono da messe que envie trabalhadores". Simples. Faltam trabalhadores? Peçam. Ok, mas mais o que podemos fazer? Nada. É só pedir... Se a Eucaristia é mistério da fé, nada mais lógico que também os sacerdotes brotassem da fé da Igreja, pois só pedirá quem crê. Ao longo dos séculos muito a Igreja pode compreender sobre o sacerdócio. Desde o tempo dos Apóstolos foi necessário compreender o que era estritamente a sua missão. Foi necessário ocupar-se de

EXTRAORDINÁRIO

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Gostaria hoje de meditar com vocês sobre três palavras: ordinário, extraordinário e esquisito. O ordinário é o comum, o cotidiano, o normal. Alguém normal ama quem o ama, respeita quem o respeita. Nosso Senhor nos chama a um passo além, Ele quer-nos extraordinários. Afinal, o possível, qualquer um o faz. Ele nos pede o impossível. O impossível de amar quem nos odeia, de fazer o bem a quem nos deseja o mal... O quanto isso é impossível!!!! Os grandes milagres dos santos foram precedidos por esses admiráveis milagres da graça em suas almas! Todavia, muitos cristãos compreenderam que não deveriam ser ordinários, mas por alguma razão também não se deixaram fazer extraordinários pelo Senhor. Acabaram entrando no caminho do esquisito. Do motorista esquisito que tem em seu carro o adesivo da paróquia, mas fura o sinal de trânsito. Da senhora esquisita que traz diversos objetos de piedade em seu corpo, mas tem uma língua pior que a do diabo, do rapaz esquisito que participa de vár

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"Dá a quem te pedir emprestado", nos disse Nosso Senhor no Santo Evangelho dessa segunda-feira da XI Semana do Tempo Comum. A generosidade é uma admirável virtude cristã que sem abster-se da justiça, vai além dela e a completa com a máxima medida do amor. Existe aquilo que é devido a cada um, o que, se negamos, seria um pecado. Mas existe igualmente aquilo que podemos dar ao outro "não por seus belos olhos", mas por reconhecermos nele o próprio Cristo: isso é a generosidade. Foi esse que fez com que a Igreja ao longo de sua milenar história transpusesse jubilosa o portal da mera filantropia assistencialista para estabelecer na civilização cristã o ideal máximo da caridade. A caridade cristã brota do reconhecer no outro a face de Cristo, de modo que a ação feita ao outro se dirige diretamente a Cristo. Foi essa grande verdade que iluminou o então catecúmeno S. Martinho ao dividir a sua capa com o pobre transido de frio. Foi isso que levou S. Vicente de Paulo a

NOSSO

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Celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade, o grande sinal da nossa fé. A primeira verdade de nossa fé católica é a unidade e a trindade de Deus. Um só Deus, em três Pessoas Divinas. Dentro do dogma da Santíssima Trindade aprendemos que na vida íntima de Deus, exceto o que é próprio de cada pessoa (ser a fonte do ser, ser gerado, ser o Amor) é comum aos Três. Ou seja, ao mesmo tempo que são Três pessoas distintas, possuem tudo em comum: a grandeza, o poder, a glória... tudo é comum aos Três. Sabemos que Deus deseja que participemos de sua vida, e o grande segredo da vida íntima da Santíssima Trindade é não usar nunca a palavra "meu", mas fazer com que a tudo se aplique o "nosso". Isso é o cristianismo autêntico, tal como a primeira comunidade onde todos tinham tudo em comum. O segundo grande erro do comunismo (o primeiro foi negar a Deus) e consequência direta deste, foi negar a pessoa humana. É impossível negar a Deus e afirmar o homem na sua mais al

SIM NÃO

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No Santo Evangelho desse sábado da X Semana do Tempo Comum, Nosso Senhor exortou-nos à simplicidade do sim, sim; não, não. E ainda acrescentou que o que passa disso vêm do Maligno. Queridos amigos, Deus é simples. Quando nos deparamos com algo complicado ou que exige alguma complicação, há uma grande possibilidade que não estejamos mais no caminho de Deus. As coisas de Deus são exigentes, mas não são complicadas. Vejamos os Mandamentos: são simples. Em certo sentido, a complicação é não viver os Mandamentos... Por isso, a necessidade do sim, sim; não, não. O "talvez", o "quem sabe", o "jeitinho" não têm a marca do céu. Também a Igreja precisa viver constantemente em sua missão evangelizadora o sim, sim; não, não. As pessoas necessitam (e, no fundo, desejam) a clareza de fé e da moral.

ARRANCA

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A simplicidade é a grande marca do Evangelho. Simples não é sinônimo de fácil. O simples pode ser difícil. Mas nunca será "complicado". Complicado será querer encontrar um meio termo quando só se pode ter uma escolha. Arrancar o olho ou a mão, entendidos como o Senhor quis dizer, ou seja, fugir das ocasiões, é mais simples que estar ou se expor às ocasiões de pecado se esforçando para não pecar. Se alguém tem o vício da bebida, é mais simples jogar todas as bebidas que se tem em casa fora, do que ficar o tempo inteiro olhando para as garrafas e dizendo para si: "não posso, não posso, não posso..." O Senhor nos ajudará em todas as lutas que tivermos que lutar. Mas não nos ajudará nas lutas que nós mesmos patrocinamos por não querermos fugir das ocasiões. Muitas vezes, queridos amigos, a nossa vitória não será enfrentar, mas simplesmente fugir. Portanto, fujamos!

ANTONIO

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Santo Antonio é chamado em sua ladainha com o título de "Glorioso Taumaturgo". Taumaturgo é aquele que realiza milagres; e, de fato, quando lemos a vida desse Santo os milagres são abundantes, mesmo entre os seus biógrafos mais céticos. Quando olhamos num panorama os inúmeros milagres do Santo, podemos perceber que fundamentalmente eles convergiam para duas realidades: oração e conversão. Um dos primeiros, ou mesmo o primeiro, milagre atribuído a S. Antônio foi o fato de fazer com que os passarinhos dos campos de sua família se reunissem todos num celeiro para que ele pudesse ir recolher-se em oração. O sermão aos peixes, a mula adoradora, o prato envenenado... não foram exibições de um poder, mas instrumentos para a conversão dos hereges. Oração e conversão são os grandes polos da vida de Santo Antônio. Ele mesmo os viveu constantemente: assim a cruz marcada no chão da Igreja de Lisboa quando ainda era um mancebo, e a própria decisão de deixar os cônegos agostinianos,

LITURGIA

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A expressão "liturgia" não é muito usada no Novo Testamento. Na verdade é usada uma única vez. E essa única vez foi ouvida por nós na Leitura da Festa de S. Barnabé. A causa do pouco uso dessa palavra talvez fosse porque muitas vezes ela remetia aos cultos da Antiga Aliança que acabaram se deturpando numa série de preceitos externos que não traziam mais para o povo aquele ideal de consagração devido. Mas justamente aqui, nessa leitura dos Atos dos Apóstolos, "enquanto celebravam a liturgia" o Senhor traz essa realidade "consagradora" da liturgia: "separai para mim Barnabé e Saulo". Em cada liturgia, o Senhor nos ordena: "Separai para mim", "De agora em diante é meu". Não se pode imaginar uma liturgia que não traga essencialmente a oferta, a consagração ao Senhor. Caros amigos, muitas vezes nos preocupamos com o que vamos receber. E nos preocupamos tanto que nos esquecemos de separar algo para o Senhor, de dar ao Senhor.

ENSINAR

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No Santo Evangelho dessa quarta-feira da X Semana do Tempo Comum, Nosso Senhor nos exorta a praticar e ensinar as suas palavras. De pouco adiantaria ensinar se antes não procurássemos viver. Já recordava Paulo VI que o mundo moderno não aceita bem os mestres, mas ainda se admira com as testemunhas. Por isso, não podemos descuidar de sermos praticantes do Santo Evangelho com todas as suas consequências. E justamente por vivermos o Santo Evangelho necessitaremos ensiná-lo aos outros. Pouco antes da Revolução Francesa um filósofo ensinava que o homem é naturalmente bom, mas é corrompido pela sociedade, de modo que uma pessoa que não fosse "contaminada" pela sociedade seria uma pessoa boa, o "bom selvagem". Todavia, a prática não é assim. Primeiro, devemos recordar que Deus deu ao ser humano a lei natural, de modo que o homem tende à perfeição, mas ao mesmo tempo, o pecado original causa uma desordem no homem, de tal modo que ele se volta até mesmo contra a lei nat

CÉU

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Ao retomarmos hoje o Tempo Comum, ouvimos a leitura do início do Sermão da Montanha. Nele, com uma didática maravilhosa, Nosso Senhor repete por 9 vezes a palavra "bem-aventurado", ou seja, feliz. À didática de Nosso Senhor se acrescenta a total contradição do que segue, quando o feliz é o pobre, o aflito, o manso... É, de fato, é carta magna do Evangelho. O início de um novo ensinamento, que exigirá uma nova compreensão sobre tudo o que se aprendeu até esse momento. A grande novidade do ensinamento de Nosso Senhor se resume numa palavra: Céu. A felicidade do pobre, do aflito, do faminto transcende esse mundo, não se encontra aqui. A felicidade do pobre não será o dinheiro, mas o céu no qual terá a Deus. A felicidade do aflito não será o fim de seu problema, mas o céu onde jamais perderá a Deus. Céu... O materialismo, também presente em muitos fiéis católicos despreza o céu. Para essas pessoas, não há transcendência, portanto não há céu. A esperança se torna apenas um

BEBEMOS

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Na Epístola da Missa de hoje, o Apóstolo S. Paulo usa uma expressão curiosa: "Todos bebemos do mesmo Espírito". Quando o povo que se reuniu em torno do Cenáculo na manhã de Pentecostes viu como os Apóstolos se comportavam, julgaram que estavam bêbados, ao ponto de que S. Pedro teve a necessidade de recordar-lhes que ainda não era a hora terceira (nove horas da manhã), antes da qual os judeus não bebiam... Não quero aqui santificar a bebida, muito menos o hábito de exagerar dela, mas realmente há alguma semelhança entre quem "bebe" do Espírito e quem bebe... digamos... demais. Alguns dizem que bebem para ter coragem. Coragem para se declarar à pessoa amada, coragem para enfrentar algum desafio.... Pensemos no medo dos Apóstolos que se esvaiu com a vinda do Espírito Santo, na fortaleza dos mártires, na coragem dos confessores. Alguns por causa da bebida perdem completamente o senso das coisas... penso num Dom Bosco que foi considerado louco só porque bebia do me

IMPORTA?

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Nesse sábado da VII Semana Pascal, o próprio S. João nos explica algo sobre uma notícia, talvez hoje diríamos " fake news " que lhe dizia respeito. S. Pedro, preocupa-se com S. João, o mais jovem dos Apóstolos e com ternura quase paterna pergunta a Nosso Senhor: "O que vai ser deste?" Nosso Senhor compreende a ternura de Pedro, mas ao mesmo tempo lhe recoloca na senda devida. "Se quero que ele permaneça até que eu volte, o que te importa?" Tudo está nas mãos de Deus. Não é da nossa conta o futuro das pessoas, nem o nosso. Que nos importa? Existe uma diferença abissal entre sabedoria e curiosidade. Infelizmente somos muito mais conduzidos pela segunda. Que nos importa? Que nos importa se meu trabalho terá frutos, se o Senhor não pede frutos, mas trabalho. Que me importa se todos vão se converter, se o que o Senhor me pede é que eu anuncie. A curiosidade alimenta o "ego", a sabedoria conduz a Deus.

APASCENTA

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Quase concluindo o Tempo Pascal, ouvimos novamente essa tão afetuosa aparição do Cristo Ressuscitado aos discípulos. O texto de hoje apresentou-nos aquela cena entre S. Pedro e Nosso Senhor: "Tu me amas - Apascenta" é o centro desse diálogo. Recordava ja S. Agostinho que "apascentar é um ofício de amor", que como todo amor autêntico é um transbordar do amor a Deus. Pedro não é chamado a apascentar porque ame as ovelhas, mas porque ama o Senhor. O amor às ovelhas, desconexo do amor ao Senhor, seria causa de graves perigos, sobretudo para as ovelhas. E poderia levar Pedro e as ovelhas para o abismo. O amor de Pedro ao Senhor lhe dá a solidez da rocha para que possa conduzir as ovelhas por caminhos que talvez elas não escolhessem por si mesmas. Caros amigos, todo amor necessita ser decorrência do amor a Deus. O padre em sua paróquia, não está para fazer a sua vontade, muito menos a do povo, mas a de Deus. Os esposos cristãos não existem para orientarem-se um ao o

UNIDADE

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Vimos no Santo Evangelho dessa quinta-feira da VII Semana da Páscoa o desejo de Nosso Senhor de que os seus discípulos sejam "consumados na unidade". Unidade... parece um sonho, uma utopia, algo que se um dia tivemos, já se foi há muito tempo. Mas na verdade não é assim.  Essa unidade continua presente na Santa Igreja: unidade de fé e unidade de culto. De fato, esses dois elementos que se complementam e se manifestam são a fonte da unidade na Igreja. A unidade do culto não significa uma única forma, mas que todas as formas legitimamente aprovadas, trazem à vista a mesma fé celebrada, ainda que de diversos modos. Para que haja unidade é necessário que antes haja firmeza doutrinal. O grande erro do ecumenismo  moderno é dissolver a doutrina de tal modo que não se sabe mais no que se acredita. O ecumenismo moderno se baseia mais na simpatia do que na verdade. A unidade necessita de uma espécie de lugar comum. Sem esse lugar comum a unidade se assemelha uma terra

POR ELES

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Certa feita, após uma aula, fui tirar umas dúvidas com o professor. Aproximando-me de sua mesa, vi que estava sobre ela, em destaque uma estampa com a frase "propter fratres meos" por causa dos meus irmãos. Esse professor era Dom Estêvão Bettencourt, que nessa época estava muitíssimo alquebrado por sua avançada idade e precária saúde. Quando alguém se dispunha a fazer por ele algum favor, com toda delicadeza Dom Estêvão dizia: "Não estou tão decrepto", com aquele m final característico. O que levava esse santo homem a dar aulas, a estar sempre disponível, a não permitir para si nenhuma facilidade, senão uma oferenda íntima de si mesmo ao Senhor "por causa dos meus irmãos". O cristianismo, lembrava Chesterton, tem uma força centrífuga, ou seja. Enquanto que a maioria das religiões levam o homem a um encontro consigo, o cristianismo leva o homem ao encontro com o outro. O Outro, Deus, e os outros irmãos, numa suavíssima complementaridade. Um monge de 80

VIDA

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No Santo Evangelho de hoje, Nosso Senhor nos fala da vida eterna. O que é a vida eterna? O que é o céu? A vida eterna, a bem-aventurança é conhecer a Deus. Nosso Senhor nos disse que a vida eterna é "conhecer a Deus" e ao próprio Nosso Senhor, enviado do Pai. Conhecer é mais do que saber meia dúzias de coisas. É interessante que na Sagrada Escritura muitas vezes a máxima intimidade física de um casal é significada também com o verbo conhecer. Conhecer a Deus é mergulhar na Sua Vida íntima, é participar de sua própria natureza. Desse modo, essa vida eterna já começa a ser vivida nesse mundo, especialmente através do Batismo e demais sacramentos que são um "sabor antecipado" do céu. Já aqui podemos conhecer algo de Deus. Se não nos fosse possível conhecer a Deus, Deus não Se revelaria a nós. Esse conhecimento progride pelo que buscamos conhecer de Deus, através da Santa Doutrina, pela graça divina que nos é dada através dos Santos Sacramentos, máxime a Santíssi

VENCI

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Os crucifixos mais antigos não eram como os nossos atuais. Neles não figuravam o Cristo padecente, ensanguentado, morrendo. Mas embora, pregado à cruz com cravos, o Cristo era representado com vestes sacerdotais e reais, com coroa na cabeça e olhos abertos. Era um modo de trazer ao povo um ensinamento: o Cristo crucificado é o vencedor. Jesus não perdeu na cruz. A cruz não foi "acidente" em Sua vida. A cruz é a sua vida. "Eu venci o mundo", disse o Senhor no Evangelho da Santa Missa de hoje. Sim, o Senhor vence o mundo acolhendo com júbilo tudo o que o mundo nos ensinou a horrorizar: sofrimento, dor e morte. O Senhor foi ao encontro de tudo o que fugimos, e nisso consiste a sua vitória e a nossa participação em sua vitória. A vitória de Jesus não se deu na ressurreição, mas na cruz e a partir da cruz. A cruz é o desencadear da vitória, da qual a ressurreição faz parte. Um hino antigo da Igreja, o Te Deum diz que Nosso Senhor não se "horrorizou" d

AGORA?

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Celebrando a ascensão do Senhor nesse Domingo ouvimos na Primeira Leitura da Missa de hoje o início do livro dos Atos dos Apóstolos. Nele, S. Lucas nos fala de que pouco antes de sua ascensão aos céus Nosso Senhor reúne seus discípulos e lhes dá as instruções para não saírem de Jerusalém e esperarem a vinda do Espírito Santo. Todavia, alguém pergunta a Jesus se seria agora a restauração do Reino em Israel. Demorou para os discípulos compreenderem qual a abrangência da ação de Nosso Senhor. Ainda ali, após a sua Morte e Ressurreição, ainda há quem espere a uma redenção meramente natural, humana, política. Nosso Senhor responde a essa pergunta tentando elevar os corações dos discípulos para os tempos determinados pelo Pai e volta a dizer que devem esperar o Espírito Santo. Queridos amigos, nós não somos muito diferentes. Deus nos dá sempre muito mais do que pedimos e infinitamente mais do que merecemos, mas nós temos uma atenção muito grande para pequenas migalhas, para coisas s

SAL

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Celebrando a festa de S. Justino, ouvimos Nosso Senhor recordar-nos que somos sal. Sal que deve salgar. Essa imagem calou fundo no coração das primeiras gerações de cristãos e deve também trazer para nós uma compreensão sempre mais forte: o sal ao mesmo tempo que é diferente dos alimentos não os rejeita, antes os torna melhores, lhes dá sabor. Assim o cristão inserido na massa do mundo, não a deixa do mesmo jeito. A deixa melhor. Mundo melhor não é tanto "mais ecológico", "mais justo", mundo melhor é mundo mais santificado. O sal marca com seu sabor todos os sabores. Assim o cristão marca com a santidade de sua vida todos os ambientes por onde a Divina Providência o faz chegar. Se, porém, tudo continua a mesma coisa, é um sal sem gosto. O sal sem gosto não serve nem para guardar, mas só serve para ser jogado fora. O cristão sem santidade, é pisado pelo mundo que esperava dele algo de diferente, algo de santidade. Assim S. Justino espalhou o sal de sua santi

BENDITA

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Concluindo o mês da Virgem Maria, celebramos hoje a Visita de Nossa Senhora a Santa Izabel. O encontro das Mães é ao mesmo tempo o encontro dos Filhos, onde o Cristo, através de Maria santifica o seu precursor no ventre de Izabel. Esse influxo da graça, transborda na mãe-anciã que proclama os louvores de Maria: "Bendita és tu entre as mulheres, bendito é o fruto do teu ventre". O louvor de Izabel, fruto da ação do Espírito Santo, dirige-se primeiro à Maria. A Virgem, por sua vez, ao ser louvada, não agradece, não se esquiva: se põe a "magnificar" o Senhor. O Espírito faz que o Izabel louve Maria. Maria ao ser louvada glorifica o Senhor. Por isso, a Igreja e cada fiel ao longo dos séculos, deixando-se conduzir pelo Divino Espírito, não cessam de louvar a Maria, porque sabem que Ela, conduz os seus louvores a Deus. Que louvor mais perfeito receberá Deus que o louvor da mais perfeita de suas criaturas, de sua obra-prima? Assim, nossos louvores chegam a Deus pelas

VERDADE

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Aproximando-se as solenidades da Ascensão e do Pentecostes, Nosso Senhor vai nos formando sobre  a Divina Pessoa do Espírito Santo. "Espírito da Verdade", assim chamou-O hoje Nosso Senhor. "Quid est veritas?" O que é a verdade? perguntou Pilatos a Jesus. Talvez hoje, mais do que saber o que é, talvez a pergunta principal seja se existe uma... Aqueles que apregoam a existências de várias verdades, condenaram a verdade ao exílio.  A palavra verdade perdeu toda a sua força graças à ditadura do relativismo que nos escravizou. Nada mais é certo, tudo pode ser mudado, reinventado, questionado. Se não consideramos mais a verdade, o Espírito da Verdade não encontra espaço para sua ação. Queridos amigos, não temamos a verdade. Primeiro a verdade sobre nós mesmos: nossas fraquezas, nossos pecados... Depois a verdade sobre o mundo. É a partir dessa consideração que o Espírito Santo se põe a trabalhar em nós e a partir de nós.

TRANSFORMAÇÃO

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Ninguém nega que as coisas desse mundo são efêmeras. As coisas boas não duram para sempre, e nem as ruins. Nosso Senhor no Evangelho nos fala de uma tristeza dos seus discípulos que alegra o mundo. Sim, o mundo está sempre oposto a Cristo e aos seus discípulos. O que entristece os discípulos de Cristo alegra o mundo. A ida do Senhor aos céus poderia entristecer os discípulos que não mais gozariam da presença do Senhor em seu Corpo glorioso. Todavia, esse tristeza se transforma em alegria, porque o Divino Espírito Santo, enviado pelo Senhor, habitando em seus corações lhes fará compreender ainda mais o mistério de Cristo e sua presença nas suas almas em graças, e, de modo especialíssimo na Santíssima Eucaristia. "Vossa tristeza vai transformar-se em alegria!" Que maravilhosa promessa do Senhor! Ele não nega que passemos por tristezas, mas nenhuma delas será para sempre. Só uma coisa é para sempre: o céu.