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Mostrando postagens de janeiro, 2021

SENTADO

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  Quando em 31 de janeiro de 1888 Dom Bosco entregou sua alma à Deus, os seus filhos espirituais o prepararam para um primeiro momento de velório "pouco comum": o colocaram sentado. A razão que alguns biógrafos dão para esse fato é que ver "Dom Bosco deitado" chocaria mais os jovens do que ver "Dom Bosco morto". E isso é de uma grande profundidade. A Igreja usa várias palavras em torno da realidade da morte, e algumas delas é sono, repouso, descanso. São palavras bonitas que amenizam o impacto que "morte" pode ter, mas que trazem consigo um compromisso para essa vidas: vigia, trabalho, fadiga. Ora, quem já dormiu, vai dormir mais? Quem nada fez vai descansar do quê? E quando pensamos em Dom Bosco, realmente somos obrigados a concordar com aqueles que o prepararam para o velório: era um homem incansável. Não teve um minuto de descanso na sua busca por salvar as almas, podendo ser-lhe tirado todo o resto, até o repouso. Os jovens e adolescentes que

DORES

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  Em cada sábado voltamos nosso olhar para a Virgem Maria. Quando Nosso Senhor morreu, todo o mundo caiu em trevas. Somente uma luz brilhou sobre a terra a luz da fé de Nossa Senhora. Naqueles dias, particularmente no sábado, o mundo esteve sem o Sol, mas não faltou-lhe a Lua, cuja luz é a luz do Sol em reflexo. Nossa Senhora quem têm a fé em super-abundância, presenciou toda carnificina que foi a morte de seu Filho na cruz, e sofreu, sofreu o tanto quanto pode e mais do que pode, permanecendo viva apenas por um desígnio especial da vontade do Padre Eterno. A sua fé na Ressurreição não diminuía em nada a sua dor diante de Nosso Senhor, ao contrário, tornava mais indizíveis seus sofrimentos, porque compreendia que aqu'Ele que era morto pela mão dos judeus era, Ele mesmo, a Vida. Imaginemos uma mãe que tivesse a certeza absoluta de que seu filho viverá e viverá bem melhor após um transplante de coração. Essa certeza diminuiria a sua dor ao ver os procedimentos ainda que acertadíssimo

EXORCISMO

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  Claro está que, de modo geral, os fiéis leigos não podem proferir sobre pessoas certamente possessas o Ritual do Exorcismo ou o Exorcismo Solene. Disse de modo geral, porque alguns santos, mesmo sem serem clérigos, pela sua simples presença punham em fuga os demônios que atormentavam certas almas. Mas, isso não significa que todos os fiéis, mesmo os fiéis leigos, não devam viver em constante combate contra o espírito do mal que age sobre eles e sobre os que lhe são caros. Os espíritos decaídos, que são milhões, ocupam-se constantemente de nós. Seria ignorante quem julgasse que não. Um único desejo os move: fazer-nos condenar. Sabe naqueles filminhos americanos aquela cena em que um casal de namorados após brigarem jogam na lareira do quarto a foto do outro? É mais ou menos isso que os demônios querem fazer. Não podem nada contra Deus, então voltam-se contra a imagem de Deus que é cada ser humano, e querem que essas fotos queimem, e para sempre. Nesse sentido a luta espiritual transce

SUOR

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  Ao expulsar Adão do Paraíso, o Senhor lhe impõe: "Comerás o pão com o suor de seu rosto". Desse modo, o Senhor significa que se antes a terra era favorável a Adão e a sua subsistência era-lhe facilmente conseguida, agora o pão não seria mais concedido, mas fruto de um trabalho e de um trabalho fatigável. Essa é a lei imposta aos homens. Nosso Senhor ao nos ensinar o Pai nosso, não muda a lei do trabalho, mas ao mesmo tempo nos faz compreender que o pão de cada dia nos é dado por Deus. O trabalho do homem e a graça de Deus concorrem juntos para que possa o homem ter o pão cotidiano. E, valendo para o pão material, tanto mais para o Pão Espiritual. A Santíssima Eucaristia é realmente o Pão dos Fortes, Pão daqueles que lutam, que suam pela causa de Deus e mais do que isso, por Deus mesmo. Não se pode lutar pelas causas de Deus se não se luta em primeiro lugar por Deus. E isso custa. Custa mais lutar para manter a Presença de Deus em nós do que todas as obras de apostolado junt

DIREÇÃO ESPIRITUAL E LIBERDADE PESSOAL

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Queridos amigos, muitos de vocês são meus dirigidos espirituais e, por isso, gostaria de refletir juntamente com vocês sobre algumas realidades pontuais sobre a direção espiritual e especialmente no que diz respeito à liberdade do dirigido espiritual. A maioria dos assuntos que são tratados numa direção espiritual, ou muitas vezes a maior parte da direção espiritual são consagrados a questões que não têm nenhum fundo espiritual, mas puramente humano. Em boa medida, a direção espiritual tenta reconstruir em nós a "humanidade" que é o que sustenta o edifício da "espiritualidade". Se alguns santos submetiam a seus diretores espirituais locuções interiores e visões; eu e talvez alguns de vocês muitas vezes na direção tratamos sobre temas bem mais lights  como acordar na hora, cumprir bem nossos deveres de estado, ser honesto, PACIENTE , sincero, prudente etc. E buscamos começar a fazer com que nossa alma chegue à maturidade de Cristo, por meio da oração e da penitência.

VIDA

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  Celebramos hoje a Festa da Conversão de S. Paulo.  Sabemos que a conversão não é um dia, ou um momento, mas é um processo de toda uma vida. Por isso gostaria de pensar com vocês como vivermos "convertidamente". Muitas pessoas são capazes de apontar um momento de "conversão" outras sempre terão vivido uma vida cristã, mas encontram um momento em que sentiram um apelo mais urgente de serem coerentes com sua fé, também isso é um momento de conversão. Pensamos num Alfonso Ratisbone, que se converte do judaísmo à fé católica na Igreja de Santo Andrea delle Frate em Roma ou uma Santa Teresa que mesmo sendo monja carmelita, ao deparar-se com uma imagem de um Cristo muito chagado resolve dar-se sem reservas ao Senhor. Em ambos os casos é conversão. Mas o que a conversão gera nas almas? Basicamente dois sentimentos: a aversão pelo mundo e a conversão a Deus. A aversão pelo mundo consiste numa "declaração de guerra" contra os três inimigos de nossa salvação: o dem

HORA?

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 Por aquelas razões que ninguém sabe explicar, você saiu atrasado, esqueceu o celular, está sem relógio, o carro não pegou e o ônibus não chega. Então você se dirige para uma pessoa que está com relógio no punho e celular na mão e diz com expressão aflita: "Olá! São que horas?" E a pessoa ao ouvir sua pergunta, olha para você calmamente e diz: " Hora. Que coisas são as horas! Esse espaço no qual transcorrem nossas vidas, podendo ser 8 ou 9; 11 ou 12. O que importa? A hora. Esse ser inexorável que poucas chances tem de vir sozinha, pois ainda têm os minutos. E o que significa isso para cada um de nós? Horas e minutos que nos consolam e perseguem..." De repente surgem em torno dessa pessoa outras com instrumentos e microfones e começam a cantar: "Tempo, tempo, tempo, tempo..." E após repetir pela quinta vez a música desde o início, todos lhe dão um sorriso e vão embora cada um para um canto.  E você só sabe que ficou mais atrasado, e continua sem saber a hor

LEÃO

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  Há um hino à Nossa Senhora que em certo momento diz que Nossa Senhora é: "pequena e grande, leão e cordeiro". Essas aparentes contradições que o hino atribui à Santíssima Virgem são compartilhadas pela mesma Senhora com aquelas almas que mais se parecem com Ela, ou seja, as almas puras. A pureza e a inocência são virtudes que consideramos quase que próprias das crianças, e só mantendo essa pureza infantil é que um adulto pode ser considerado realmente grande. A castidade é a virtude que se conquista com a força de um leão e que nos torna serenos como um cordeiro. Assim é a "pequena grande" Santa Inês. Aos doze anos, seu testemunho seria inaceitável pelos homens, mas esse mesmo testemunho (em grego martýrion) foi aceito por Deus. Um duplo testemunho: da fé e da inocência. Da fé ao não sacrificar aos ídolos, e da inocência ao não voltar atrás no seu voto de consagrar sua virgindade a Deus. O hino do ofício de laudes hoje traz uma frase atribuída a Santa Inês. O pref

SEBASTIÃO

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  Um soldado vê um tumulto. Garotos. Briga, brincadeira? Aproxima-se um pouco mais e era briga. Vários contra um.  O soldado aproxima-se ainda mais: "Mostra! Deixa eu ver! Me dê isso", gritam os agressores! O soldado agora corre, e escuta uma voz já enfraquecida repetir: "São os Santos Mistérios! São os Santos Mistérios!".  O Soldado grita. Seu grito desfaz o grupo agressor que debanda como moscas.  No chão, triturado como se fosse um grão de trigo, estava aquele menino, Tarcísio. Que não era um desconhecido do soldado. Mais do que conhecido, eram amigos, e num sentido mais elevado irmãos. Ambos eram cristãos e buscavam particularmente dar força àqueles que seriam martirizados, mas como Sebastião já estava cercado de desconfianças da parte de seus colegas soldados e Tarcísio erá só um menino, julgou-se que o último poderia levar a Sagrada Comunhão aos futuros mártires sem levantar suspeitas. Mas também existe o mal entre os meninos. E eles sabem ser maus... e cruéis

SACERDOTE

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  O Apóstolo S. Paulo que ouvimos hoje na Carta aos Hebreus nos fala do Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo como um dom de Deus Pai. Assim também compreendia o Bem-aventurado Columba Marmion que considerava o Sacerdócio de Cristo como uma unção que o Pai derramou sobre o Cristo no momento de sua Encarnação. Enquanto Deus o Sacerdócio não era necessário a Cristo, mas ao assumir a nossa humanidade no ventre puríssimo de Nossa Senhora o Sacerdócio se torna uma necessidade para que pudesse oferecer ao Padre Eterno o Sacrifício de nossa reconciliação. Sacrifício que abarcando toda a sua vida mortal, encontra seu cume em sua morte na Cruz. Assim, ao introduzir o Filho no mundo, Deus o torna Sacerdote, um Sacerdócio Eterno como Eterno é aquele que o possui. Um sacerdócio não mais de linhagem humana, mas como um dom divino. Um sacerdócio que não se adquire, mas que se recebe. Só que o Sacerdócio de Cristo gera um ciclo: vida - sofrimento - lágrimas - morte e oração ouvida por Deus. Nesse p

QUATRO

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  Quando lemos o Santo Evangelho precisamos compreender que ali verdadeiramente se conta as palavras e as ações de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essas ações e palavras possuem um sentido literal e imediato. Mas não é o único modo de interpretar. Nenhuma interpretação seria válida se excluísse essa interpretação mais imediata, mas podemos tendo-a por base, seguir outros caminhos, como uma interpretação mais simbólica na qual, muitas vezes, pequenos detalhes do S. Evangelho, descortinam belas e profundas realidades. Assim, no Evangelho de hoje, o homem paralítico é conduzido a Jesus sendo carregado por quatro homens. Esses quatro homens que conduzem a Nosso Senhor podem ser entendidos como os quatro Evangelhos. São os Evangelhos que nos conduzem a Jesus. Quando lemos os Evangelhos encontramos a vida de Nosso Senhor, só que esse é o primeiro passo. O segundo é encontrar a nossa vida no Evangelho. O fruto principal da leitura cotidiana do Santo Evangelho é encontrar nele o nosso modo de viver

NÃO

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  S. Marcos narra muitas vezes o poder que o Senhor têm sobre os espíritos maus e os exorcismos que o Senhor ministrava. É claro que o que hoje conhecemos como certas doenças e que, graças a Deus, já possuem tratamento e cura, muitas vezes eram consideradas como influência do demônio. Mas o Evangelista escreve com o conhecimento e a cultura que tem, referindo-se a elas também no conjunto dos exorcismos do Senhor. Por outro lado, há, conquanto sejam breves as narrações, casos em que realmente Nosso Senhor está num embate com espíritos malignos. Espíritos esses que eram capazes de reconhecer quem era Aquele que os expulsava. Diante dessas situações, o Senhor tinha por norma habitual "não deixar que os demônios falassem". E é esse o ponto que gostaria de meditar hoje com vocês. "Não deixar que os demônios falassem". Significa que nada que venha do mal nos interessa, portanto não há porque dialogar com ele. Não apenas não dialogar com o demônio pessoalmente (o que imagi

AUTORIDADE

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S. Marcos em seu seu Evangelho ao relatar a reação do povo diante das palavras e ações do Senhor, refere-se da grande admiração que Nosso Senhor causava neles por que algo que se distinguia n'Ele era a autoridade. A autoridade de Nosso Senhor não vinha de algum recurso de oratória ou de algum mecanismo psicológico ao qual recorresse. A autoridade de Nosso Senhor fundamenta-se no fato de que as suas palavras estavam baseadas em sua própria vida, sendo um transbordar de Seu Divino Coração e porque o Padre Eterno o revestiu de toda a sua autoridade. Esses dois pontos são essenciais para que a autoridade seja vista como uma conseqüência natural e não uma usurpação.  Se aquele que detém a autoridade não a recebeu diretamente de Deus, através da Igreja e não a confirma constantemente pela coerência entre palavra e vida, a autoridade se torna a mais cruel tirania. Porque é a separação entre a autoridade e a legitimidade.  A autoridade não é legítima por si mesma, nem torna legítimos todos

JUVENTUDE

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Há na Igreja Católica uma "mística do contrário". Nosso Senhor já nos fala indubitavelmente sobre ela ao referir-se ao "perder a vida para ganhar"; ao "morrer para viver"; "ao maior que é o menor" etc. E isso não poderia ser diferente na Santa Igreja que brotou de seu lado aberto na Cruz: assim a juventude da Igreja é tão perene quanto ela permaneça distante das mudanças que o tempo provoca no mundo e na sociedade. Todas as tentativas de conformar-se com as mudanças mundanas só provocaram velhice na Igreja. Só marcaram no seu rosto de eterna juventude uma ruga, ou várias. Quando a Igreja se identifica com o tempo, particularmente com esse tempo, a Igreja começa a parecer velha e obsoleta. Ao contrário, quando ela se põe sobre o tempo, quando ela é atemporal, ela se torna pórtico de eternidade. Um dos principais pensamentos do mundo moderno é que o valor de alguém está não no que é, mas no que faz. A Santa Igreja proclama o oposto rendendo culto d

SUBMERSO

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  Celebrando hoje a Festa do Batismo do Senhor, somos levados à considerar essa realidade batismal. Não tanto no aspecto do Sacramento do Batismo, cujos efeitos na alma são de uma real e nova criação, mas talvez possamos nos deter na simples palavra batismo e as consequências dessa análise para nossa vida espiritual. Quando pensamos em batismo, particularmente nós, católicos, temos imediatamente a imagem mental da criança sobre a qual através de uma concha de prata caem alguns mililitros de água. Não vêm à nossa cabeça o costume usado na antiguidade de uma verdadeira imersão, e nem tampouco o sentido literal de um sepultamento na água, ou seja, um afogamento. Mas é esse o sentido mais imediato da palavra batizar: uma imersão profunda na água, a tal ponto que todo o ser está cercado de água, metido na água. A partir de então, se por um lado o nosso corpo não poderia suportar muito tempo imerso, a nossa alma precisa estar o tempo inteiro imersa em Deus. Desse modo, o batismo não é o mome

ÍDOLOS

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  Na primeira leitura da Missa de hoje, já quase concluindo o tempo do Natal, o Apóstolo Amado nos exorta a nos guardarmos dos ídolos. Para vivermos essa admoestação do Espírito Santo precisamos compreender o que é um ídolo. Ídolo é uma coisa ou pessoa no qual consideramos habitar uma divindade. Era o caso dos ídolos pagãos. Os ídolos eram as imagens dos deuses e os pagãos acreditavam que os deuses habitavam aquelas esculturas dando-lhes uma certa "vida", por isso a Palavra de Deus ao referir-se a esses ídolos recorda que "tendo olhos não vêem, tendo nariz não cheiram, tendo boca não falam etc" Mas o que mais interessa para nós é a "identificação com a divindade", que leva ao culto máximo, a latria, a adoração. Diante disso, a palavra ídolo para o homem moderno perde o sentido que tinha para S. João, se tornando na maior parte das vezes (o que não exclui grandes exageros em certas ocasiões) sinônimo de alguém que se admira ou que se ama bastante. Mas isso

ORAÇÃO

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  Ao dizer do modo como Jesus rezava, o Santo Evangelho não fala de outro modo senão que Nosso Senhor "se entregava à oração".  Entregar-se à oração... Isso é bem diferente do que costumamos fazer. E poderíamos apontar duas razões para as nossas dificuldades na oração.  A primeira é o ativismo. O ativismo nos leva a agir antes da oração, e como as atividades geralmente são infinitas, a oração inexiste. Quando deixamos a oração para depois, para a próxima oportunidade, para aquele momento entre duas atividades nas quais uma com certeza vai atrasar e, aí poderemos rezar, relegamos a oração ao último lugar.  A segunda seria uma, desculpe o neologismo, perfectolatria . É exigir de nós mesmos uma oração tão perfeita, e para isso um estado de ânimo tão perfeito, a isenção de todo pecado mortal, os sentimentos mais elevados, as inspirações mais sobrenaturais que a oração se torna uma adoração de nossa própria perfeição, ou, como isso é quase impossível, a oração simplesmente não aco

BRASTEMP

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  Imagine que alguém perguntasse como vai a sua vida espiritual. E a sua resposta (ainda que provavelmente fora de moda) fosse: "Não é nenhuma brastemp..." Essa resposta não seria nada boa. Porque a vida espiritual se assemelha bastante à uma maquina de lavar. Onde a primeira ação é... lavar. A primeira coisa de que necessitamos é sermos limpos, lavados de nossos pecados. No tempo do Natal celebramos a Circuncisão do Senhor, a importância dessa festa não é apenas a pertença oficial do Senhor ao povo eleito, mas o começo de um derramamento de Sangue que assim o seria até extinguir-se como preço da Redenção de cada homem. "O Sangue de Jesus nos purifica dos nossos pecados", nos recorda o Espírito Santo. Portanto, esse Sangue não pode ser derramado em vão. Isso acontece quando, vendo o Sangue derramado do Senhor, preferimos pisotear esse Sangue para seguir o caminho de nossos pecados. Somos lavados. Mas também somos amaciados. A simples purificação de nossos pecados nã

CHEIRINHO

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  O autor dessas linhas durante um ano esteve em missão num leprosário do Rio de Janeiro. Lá, tudo, também a liturgia se dava de um modo muito simples, uma vez que se tratava de um hospital colônia a maioria dos frequentadores e mesmo os ajudantes da missa tinham (no passado ou no presente) o que antigamente se chamava com o nome de lepra. Um dia na proximidade da festa de Corpus Christi, com ajuda de algumas religiosas e religiosos, conseguimos organizar uma pequena procissão, onde o Santíssimo Sacramento entraria nas casas dos doentes. E fizemos uma "senhora" procissão: o Santíssimo na Custódia, turíbulos, castiçais (tudo emprestado nas Igrejas da região...).  E entrei na casa de uma senhora que era um dos casos mais graves. Na juventude tinha sido até catequista, mas depois de ter ficado hanseniana deteriorou-se rapidamente, hoje já está no céu, mas naquela época não tinha nem olhos, nem nariz, nem orelhas, nem dedos nas mãos, nem pernas. Quando o turíbulo que precedia o S

AMIZADE

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  Celebramos hoje a memória de S. Basílio Magno e S. Gregório de Nazianzo. Basílio, como disse seu amigo Gregório, nasceu entre santos, viveu entre santos, e morreu santo. Na família de S. Basílio, todos, desde sua avó eram Santos. Os dois se conheceram jovens e logo brotou entre eles uma intensa amizade chegando um a ser uma "regra de vida" para o outro, ou seja, quando lhes surgia um pensamento eles consideravam se o outro aprovaria ou não aquilo, se não fosse aprovado é porque não levava a Deus, porque ambos só tinham por desejo agradar a Deus. Basílio vive um tempo como monge, vindo depois a ser consagrado Bispo. Como a Igreja sofria gravemente por causa da heresia ariana ele supõe que seu amigo, se fosse Bispo também, poderia ser um grande aliado na luta pela fé. Mas, nesse ponto, Gregório pensava diferente. Não queria deixar a solidão da vida monástica de jeito nenhum. E talvez essa tenha sido a única vez que brigaram. Mas um tempo depois, Gregório compreendeu que por m

MÃE

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  A palavra "mãe" pode ser traduzida do latim por três palavras distintas: genitrix , parens , mater . Todas são traduzidas como "mãe", mas genitrix traz consigo a ideia da geração, é aquela que gera, aquela na qual a vida se desenvolve, a que concebe. Parens , por outro lado, traz a ideia da gravidez, do nascimento, do parto. É aquela que dá a luz. Mater , é a expressão mais comum. É "mãe mesmo", ou seja, aquela que cuida, que protege, que educa. A liturgia latina aplica as três palavras à Maria, e em cada uma delas, a palavra vela um milagre. Em Genitrix o milagre é a concepção virginal de Nosso Senhor. Uma Virgem que, sem auxílio de um homem, mas unicamente à sombra do Espírito Santo, é capaz de conceber, e sendo desposada pelo Espírito Criador não poderia ter a sua virgindade destruída: concebe virginalmente. E concebe virginalmente não uma criatura, mas o Criador. Se torna Mãe daquele que a fez. Em Parens o milagre é o nascimento de Nosso Senhor Jesus