VIDA

 

Celebramos hoje a Festa da Conversão de S. Paulo. 

Sabemos que a conversão não é um dia, ou um momento, mas é um processo de toda uma vida.

Por isso gostaria de pensar com vocês como vivermos "convertidamente".

Muitas pessoas são capazes de apontar um momento de "conversão" outras sempre terão vivido uma vida cristã, mas encontram um momento em que sentiram um apelo mais urgente de serem coerentes com sua fé, também isso é um momento de conversão.

Pensamos num Alfonso Ratisbone, que se converte do judaísmo à fé católica na Igreja de Santo Andrea delle Frate em Roma ou uma Santa Teresa que mesmo sendo monja carmelita, ao deparar-se com uma imagem de um Cristo muito chagado resolve dar-se sem reservas ao Senhor.

Em ambos os casos é conversão.

Mas o que a conversão gera nas almas?

Basicamente dois sentimentos: a aversão pelo mundo e a conversão a Deus.

A aversão pelo mundo consiste numa "declaração de guerra" contra os três inimigos de nossa salvação: o demônio, o mundo e a nossa própria carne, nossa natureza decaída. Ou seja vencer as tentações do demônio, as sugestões e as modas do mundo e as nossas más inclinações.

Ao mesmo tempo, a conversão a Deus consiste em conhecer e amar cada uma das Três Pessoas Divinas, reconhecendo a Sua Presença em nossas almas e tudo fazendo por Cristo, com Cristo e em Cristo.

Os instrumentos para a aversão ao mundo e a conversão a Deus são basicamente os mesmos: a oração (pela qual vencemos as tentações e crescemos em intimidade com Deus), a guarda dos olhos e dos pensamentos (pela qual não nos contaminamos com as sugestões do mundo e centramos nossa atenção em Deus) e a penitência (pela qual adestramos nosso corpo e nos oferecemos como sacrifício vivo a Deus).

Para isso é importante que cada um considere a realidade mais imediata de sua vida, concretamente, seu estado (solteiro, casado...), as obrigações desse estado e a sua vida profissional. E, considerando essas três coisas, possa adaptar à sua vida os três instrumentos dos quais falamos acima.

De modo geral, supomos que é possível logo ao despertar ter um momento de oração: neste consagramos nosso dia a Deus, fazemos bons propósitos, buscamos ouví-lO pela leitura das Sagradas Escrituras. Em algum momento ao longo do dia, penso que todos seriam capazes de rezar e meditar alguma parte do Santo Rosário (ou uma dezena, ou um terço, ou ele inteiro - levando em consideração o que a alma consegue naquele momento de sua vida espiritual: alguns podem começar com uma dezena, depois vão progredindo. Mas nunca voltar atrás.) E, pelo fim do dia, um outro momento de oração onde se faz um exame de consciência.

É importante nessa organização da vida espiritual, considerar as semelhanças da alma com o corpo: não adianta comer muito um dia e ficar uma semana sem comer, não adianta fazer ginástica durante cinco horas e ficar dois meses sem exercitar-se etc.

Também alimentos saudáveis não brotam na geladeira e geralmente precisam ser comprados. Por isso, é importante algum investimento em livros de devoção e de leitura espiritual. Porque não adianta eu querer crescer na vida espiritual e ter apenas o celular e a tv.

Ou seja, é melhor um pouco a cada dia, do que muito de vez em quando.

Também considerar que muitas vezes estamos "fora de forma" espiritual, de modo que as coisas mais simples nos custam, como custa a uma pessoa sedentária caminhar 15 minutos.

E assim se desenvolve a maior parte da nossa vida terrena.

Sim, geralmente a maior parte dos anos de nossa vida está marcada pela luta de ser fiel a esses pequenos propósitos, vivê-los e com atenção a cada dia.

Isso é conversão. Que Nossa Senhora seja a nossa grande guia nesse itinerário que no fim leva à Ela que tem nos braços o Seu e nosso Jesus.

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