DORES

 

Em cada sábado voltamos nosso olhar para a Virgem Maria. Quando Nosso Senhor morreu, todo o mundo caiu em trevas. Somente uma luz brilhou sobre a terra a luz da fé de Nossa Senhora. Naqueles dias, particularmente no sábado, o mundo esteve sem o Sol, mas não faltou-lhe a Lua, cuja luz é a luz do Sol em reflexo.

Nossa Senhora quem têm a fé em super-abundância, presenciou toda carnificina que foi a morte de seu Filho na cruz, e sofreu, sofreu o tanto quanto pode e mais do que pode, permanecendo viva apenas por um desígnio especial da vontade do Padre Eterno. A sua fé na Ressurreição não diminuía em nada a sua dor diante de Nosso Senhor, ao contrário, tornava mais indizíveis seus sofrimentos, porque compreendia que aqu'Ele que era morto pela mão dos judeus era, Ele mesmo, a Vida.

Imaginemos uma mãe que tivesse a certeza absoluta de que seu filho viverá e viverá bem melhor após um transplante de coração. Essa certeza diminuiria a sua dor ao ver os procedimentos ainda que acertadíssimos dos médicos? Diminuiria a sua aflição?

Embora seja extremamente opaca a nossa comparação, especialmente as mães que lerem, terão uma leve idéia do que sofreu o Mãe do Salvador.

Maria sentia as dores que nenhum ser humano foi capaz de sentir, mas ao mesmo tempo, era cada vez mais abrasada pela fé de que o Senhor ressuscitaria. Verdadeira dor e verdadeira fé.

Assim, aqueles nos quais Maria vive misticamente, particularmente pelo método da Consagração de S. Luís Maria de Montfort, vivem esse misto de dor e fé ao verem a Igreja, Corpo Místico de Cristo, que passa pela sua Paixão. Ao olharmos a Igreja, sentimos em nós como Maria a dor da Paixão, uma dor lancinante. Cada um de nós, ao olharmos o estado atual da Santa Igreja não repetimos a profecia: "Ó vós que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor como a minha?"

Sabemos que a Igreja triunfará. Cremos na promessa do Senhor de que as portas do inferno não prevalecerão. Sabemos isso, mais do que saber, cremos. Mas isso não nos impede de ver a realidade atual e sofrermos com essa realidade, com essa Paixão, essa carnificina que promovem na Igreja desde dentro. Olhamos para a Igreja como Nossa Senhora olhava para Nosso Senhor pendente da cruz.

Sentimos em ver a Igreja ser morta, sem duvidar um instante de que Ela, a Igreja, é imortal.

E nesse momento, precisamos aprender com Maria. Aprender com Maria.

Dela Deus pedia que quisesse o que Ele queria. Por isso, Maria estava ali, fazendo da vontade de Deus a sua, e oferecendo ao Padre Eterno o Sacrifício de seu Divino Filho. De nós, Deus pede uma luta que muitas vezes parecerá absurda e ineficaz. Luta na qual parece que perderemos, é tanto o mal no mundo que é capaz de acovardar o guerreio mais valente. Mas não temos que ser valentes, temos sim é que sermos confiantes.

Devemos, pois, dizer à Maria o que disse Barac à Débora, quando esta mandou-o à batalha: "Se fordes comigo, irei!"

E ela, "terrível como um exército em ordem de batalha", lutará conosco.

Digamos pois hoje à Maria:

"Dai a paz, Senhora, aos nossos dias: porque não há quem combata por nós, se não vós, Nossa Mãe!"




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