SEBASTIÃO

 

Um soldado vê um tumulto. Garotos.

Briga, brincadeira? Aproxima-se um pouco mais e era briga. Vários contra um. 

O soldado aproxima-se ainda mais: "Mostra! Deixa eu ver! Me dê isso", gritam os agressores!

O soldado agora corre, e escuta uma voz já enfraquecida repetir: "São os Santos Mistérios! São os Santos Mistérios!". 

O Soldado grita.

Seu grito desfaz o grupo agressor que debanda como moscas. 

No chão, triturado como se fosse um grão de trigo, estava aquele menino, Tarcísio. Que não era um desconhecido do soldado. Mais do que conhecido, eram amigos, e num sentido mais elevado irmãos.

Ambos eram cristãos e buscavam particularmente dar força àqueles que seriam martirizados, mas como Sebastião já estava cercado de desconfianças da parte de seus colegas soldados e Tarcísio erá só um menino, julgou-se que o último poderia levar a Sagrada Comunhão aos futuros mártires sem levantar suspeitas.

Mas também existe o mal entre os meninos. E eles sabem ser maus... e cruéis. Conhecidos de Tarcísio, perceberam que carregava Algo diferente, curiosidade e maldade se misturaram e tentaram arrancar do pequeno herói o Tesouro que protegia. Não conseguiram.

Até que chegou o soldado. Sebastião soube reconhecer não só o pequeno herói, mas também o grande Tesouro. Conduziu-o então para junto dos irmãos, onde o velho Papa abriu as mãos tão fortemente juntas que a brutalidade não fizera abrir e recolheu intactas as partículas do Pão Eucarístico.

E assim se separaram na terra o soldado de Cristo e o escudeiro Eucarístico.

Mas não faltaria muito para que Sebastião traído e entregue fosse duplamente martirizado. E se reunisse com Tarcísio naquele exército onde sendo vencidos, todos venceram: o exército invicto dos mártires.


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