SACERDOTE

 

O Apóstolo S. Paulo que ouvimos hoje na Carta aos Hebreus nos fala do Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo como um dom de Deus Pai. Assim também compreendia o Bem-aventurado Columba Marmion que considerava o Sacerdócio de Cristo como uma unção que o Pai derramou sobre o Cristo no momento de sua Encarnação.

Enquanto Deus o Sacerdócio não era necessário a Cristo, mas ao assumir a nossa humanidade no ventre puríssimo de Nossa Senhora o Sacerdócio se torna uma necessidade para que pudesse oferecer ao Padre Eterno o Sacrifício de nossa reconciliação. Sacrifício que abarcando toda a sua vida mortal, encontra seu cume em sua morte na Cruz. Assim, ao introduzir o Filho no mundo, Deus o torna Sacerdote, um Sacerdócio Eterno como Eterno é aquele que o possui.

Um sacerdócio não mais de linhagem humana, mas como um dom divino. Um sacerdócio que não se adquire, mas que se recebe.

Só que o Sacerdócio de Cristo gera um ciclo: vida - sofrimento - lágrimas - morte e oração ouvida por Deus.

Nesse ponto, os dois últimos pontos parecem serem opostos, em nossa concepção talvez fosse mais adequado que a oração ouvida evitasse a morte, mas o texto da carta aos hebreus não vê contradição nesse ciclo e afirma que o Cristo foi ouvido. Porque a sua oração, mais do que a libertação da morte era a transformação da morte. Era a transição do assassinato para o sacrifício.

E Deus O ouviu. A prova de que O ouviu não foi a isenção da morte, mas a inserção de um novo capítulo da existência humana que só Deus poderia introduzir: a Ressurreição.

Esse sacerdócio é concedido a todos os fiéis e de um modo essencialmente distinto aos padres. Não se pode compreender a participação nesse sacerdócio sem à disposição à inserção no ciclo sacerdotal do Senhor, onde os dois últimos pontos não são facultativos, e na ordem estabelecida pelo Senhor.

Queridos amigos, quereis compreender melhor o Sacerdócio do Senhor e o nosso? Meditemos a sua paixão. Diariamente. S. Pio de Pietrelcina e com ele muitos Santos aconselhavam a que não se passasse um dia sem meditar a Paixão do Senhor. Não poderíamos reduzir essa meditação aos dias da Quaresma, ou à Semana Santa ou apenas às sextas. Não sofremos um pouco todos os dias? Se algum de vós tiver a ventura de dizer que não, receba meus parabéns.

Mas a maioria dos seres humanos seriam mais sacerdotais se meditassem a cada dia a Paixão do Salvador, ou pela Via Sacra, ou pelos mistérios dolorosos do Rosário, ou pela Leitura dos Santos Evangelhos ou de outro livro sobre a paixão do Senhor.

Particularmente ocorre-me agora um livro que sequer sei se ainda é editado: "a Paixão de Cristo segundo o cirurgião". 

Não basta sabermos que o Senhor morreu por nós, e necessário sermos imergidos nessa morte, para podermos compreender o poder de sua ressurreição.

Comentários