ÍDOLOS

 

Na primeira leitura da Missa de hoje, já quase concluindo o tempo do Natal, o Apóstolo Amado nos exorta a nos guardarmos dos ídolos.

Para vivermos essa admoestação do Espírito Santo precisamos compreender o que é um ídolo. Ídolo é uma coisa ou pessoa no qual consideramos habitar uma divindade. Era o caso dos ídolos pagãos. Os ídolos eram as imagens dos deuses e os pagãos acreditavam que os deuses habitavam aquelas esculturas dando-lhes uma certa "vida", por isso a Palavra de Deus ao referir-se a esses ídolos recorda que "tendo olhos não vêem, tendo nariz não cheiram, tendo boca não falam etc"

Mas o que mais interessa para nós é a "identificação com a divindade", que leva ao culto máximo, a latria, a adoração.

Diante disso, a palavra ídolo para o homem moderno perde o sentido que tinha para S. João, se tornando na maior parte das vezes (o que não exclui grandes exageros em certas ocasiões) sinônimo de alguém que se admira ou que se ama bastante.

Mas isso sem (pelo menos na maior parte das vezes) a "identificação com a divindade". Essa identificação ocorre de forma mais ou menos explícita no momento atual em três aspectos: o orgulho, a sensualidade e o culto ao planeta.

O orgulho é a divinização de si mesmo.

A sensualidade é a divinização de tudo o que me possa causar algum prazer.

O culto ao planeta consiste na identificação do planeta como uma espécie de ser vivo do qual nós recebemos a existência e que se comunica conosco por graças e castigos, é a ideia da Mãe Terra não mais num sentido poético ou figurado, mas como realmente um ente pessoal.

O orgulhoso idolatra-se. Não queima incensos diante de si, mas queima os outros. Para eles os outros, e mesmo Deus, existem em função dele mesmo, para fazer as suas vontades, facilitar a sua vida. A razão da vida do orgulhoso não é outra senão a sua própria realização. O orgulhoso escraviza.

O sensual, ao contrário, é escravizado. Não consegue estabelecer com nada nem ninguém uma relação que não se baseie no bem-estar, no prazer. O qual não existindo por qualquer razão faz com que a pessoa ou coisa deixe de existir em sua mente. E isso vai desde aqueles para quem jiló não existe, como para aqueles que são capazes de trair o amor puro de Deus por uma impureza qualquer. Para ele, a divindade a ser adorada é aquele centésimo de segundo no qual seus sentidos se satisfizeram. Porém, como diz a Escritura: "o olho não se cansa de ver...", de modo que há uma ascendência nos níveis de prazeres que é indiretamente proporcional ao amadurecimento humano. De modo que, quanto mais busca os prazeres, menos humano se torna o sensual.

O terceiro ídolo muito difundido é o próprio mundo. S. João compreendia por mundo toda a insubordinação dos homens contra Deus. Não a criação. Porém, vários povos, desconhecendo o Deus verdadeiro, atribuíam aos elementos criados algo de divinal, prestando culto especialmente ao sol, à lua, crendo num poder especial das estrelas etc. O que hoje se vê, é um neo-paganismo, todavia mais afinado com os povos ameríndios e com certas tradições pagãs européias, que além de cultuarem os mesmos elementos como o sol e a lua, prestavam um culto particular ao planeta, à terra. E consideravam-na uma "mãe divina", um organismo vivo, que beneficiava ou castigava a humanidade de acordo com suas ações.

Esse pensamento que procede à evolução do panteísmo (o panteísmo é a doutrina na qual se crê que Deus está como que dissolvido na criação, sendo tudo uma parte de Deus) agora já não mais se refere a Deus, mas à Terra, à Pacha Mama, à Gaia, ou qualquer outro nome que se queira dar. Ela sim é poderosa, nos forma, nos alimenta e... nos castiga. Então os desastres naturais, as epidemias são "gritos" da "mãe terra"... Ora, esse pensamento leva à uma "conversão" da humanidade não mais a Deus, mas à terra e, se o exemplo de convertido à Deus é o Santo, o exemplo de convertido à Terra é o indígena.

O indígena considerado como um ser inocente, absolutamente sustentável e não corrompido pela cultura ocidental, e em profunda harmonia, sendo um só com a Terra. 

O que subjaz à essa adoração à Terra é a negação de toda cultura ocidental, de um modo especial a cristandade. Na qual o orgulho do homem cede o lugar à glória de Deus, o prazer do homem cede lugar ao amor ao sacrifício e a adoração à terra cede lugar à adoração a Deus que fez o céu e a terra e a entregou aos homens para que trabalhassem.

Mas o mais danoso de tudo isso é que em algum grau pelo menos um desses cultos estão estabelecidos em nossa mente. É difícil e doloroso admitir, reconhecer e converter-se, mas está.

Peçamos à Nossa Senhora que nos mostre Jesus. Que seja a Ele e só a Ele a nossa adoração.



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