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Mostrando postagens de outubro, 2019

JERUSALÉM

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Queridos amigos, no Santo Evangelho o Senhor lamenta sobre a Cidade Santa de Jerusalém. Ele não lamenta tanto o fato de ser morto lá, aliás o Senhor chega a ressaltar que sequer seria conveniente que Ele morresse fora, mas lamenta a recusa daquela cidade em se deixar ser acolhida por Ele. "Eu quis... tu não quisestes..." Quantas vezes nós pessoalmente e até mesmo como Igreja não teremos sido causa também de lamentos do Senhor. "Eu quis... tu não quisestes..." Na nossa vida íntima, na vida de nossas paróquias, dioceses, nem sempre o nosso querer e o de Deus não são os mesmos. E nesse caso, é a vontade do mais fraco que vence, é a nossa. O Senhor impera sobre o mar, sobre os ventos, mas, quando chega a nossa vez, aquele que é capaz de criar o céu e a terra apenas com um ato de sua vontade, não quis ser capaz de mudar a vontade de uma criança de 7 anos. E nem a nossa. "Eu quis... tu não quisestes..." "Eu quis que fosses fiel, que fosses santo, q

PROSSEGUINDO

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São Lucas em seu Santo Evangelho e nos Atos dos Apóstolos, Evangelho do Espírito Santo, como o chamavam os antigos, tem um ponto central: Jerusalém. Jerusalém, a cidade santa, o monte que o Senhor escolheu para morar se apresenta como o destino de Jesus. Nosso Senhor na visão de S. Lucas é sempre peregrino, está sempre a caminho para Jerusalém. Não faltavam motivos para que Nosso Senhor evitasse Jerusalém, especialmente o ódio dos mestres da Lei e Fariseus, mas há como que um íman em Jerusalém que atrai o Senhor, e esse íman é a sua Páscoa, a Paixão antecipada na Ceia, vivenciada na Cruz e consagrada na Ressurreição. Ao mesmo tempo, no Evangelho do Espírito Santo, o vento de Pentecostes vem para espalhar os discípulos pelo mundo. Jerusalém não é mais a meta, mas é o ponto de partida. Caros amigos, também na nossa vida há um caminho para Jerusalém, também estamos cheio de razões para não ir, mas a não-Jerusalém é a não-Páscoa e a não-Missão. Não há Missão na Igreja, mais: não há

MEGALOMANIAS

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De uns tempos para cá, muitos católicos começaram a se considerar maioria, tão maioria que toda a sua iniciativa precisa ser "mega", tão "mega", que o "micro" se torna sinal de fracasso. As participação em liturgias multitudinárias em princípio com o Papa, e , de uns tempos para cá, também com este ou aquele padre, os grandes encontros da década de 90 ou primeira década desse século, as grandes igrejas, tudo gerou em muita gente um desejo de grande tão forte que o pequeno se torna desprezível. Um padre que celebra sozinho, um encontro de apostolado com duas ou três pessoas, a oração pessoal de um fiel, parecem atos incompletos e fracassados de algum padre ou leigo fracassado... Todavia, Nosso Senhor constantemente se refere à Sua Igreja não na perspectiva do "mega", mas do "micro", os seus próprios discípulos são chamados de "pequeninos" e a sua Igreja de "pequeno rebanho". Há, é claro, um desenvolvimento marcad

APÓSTOLOS

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Celebrando a Festa de São Simão e São Judas o Santo Evangelho nos recorda o momento do nascimento dos Apóstolos. Os Apóstolos nascem da oração de Jesus. Foi depois da noite inteira passada em oração que Jesus os escolheu. Se Deus tirou Eva do costado de Adão, os Apóstolos nasceram dos joelhos dobrados de Nosso Senhor. Assim, se a oração é importante para todos os cristãos, quanto mais para quem dela nasceu. Aqueles que receberam o Sacerdócio Apostólico podem viver sem a oração, mas não podem ser nada sem a oração. Nascidos da oração de Jesus, precisam da sua própria para compreender a sua missão e da oração dos outros discípulos do Senhor para terem eficácia em sua missão. Queridos amigos, os padres e os bispos, necessitam estar como que rodeados de oração. Pelo alto, da oração de Jesus; pelos lados, pela sua própria; e por baixo da oração dos demais fiéis. Mas sejamos honestos... quantas vezes só temos a de cima, por desleixo e preguiça nossa e do povo... Passou a noite i

CINZA

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São Pedro de Alcântara era um grande penitente. Conta-se que quando por alguma razão ele precisava comer algo diferente do habitual, para garantir que aquela refeição também fosse ocasião de mortificação deitava cinza sobre o alimento, para tirar o bom sabor que pudesse ter. Todas as nossas boas obras são como que alimento saboroso que ofertamos a Deus. Mas quando vão acompanhadas de orgulho e soberba se tornam como um prato delicioso, mas coberto de cinza. Queridos amigos, a soberba, o orgulho, que é o pecado do próprio demônio, tira todo mérito que pudéssemos receber de Deus. Assim, tudo o que o fariseu fazia de bom era contaminado pela sua soberba. Por outro lado, a humildade do publicano reconhecendo-se como pecador diante de Deus, foi capaz de justificá-lo, a ele que não buscou justificar-se diante de Deus. Tantas coisas boas que podemos fazer se perdem quando contaminadas pelo veneno da soberba. Peçamos ao Senhor a graça de nos reconhecermos como somos de verdade: pecadores,

PENITÊNCIA

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Há um ditado italiano que diz que todo tradutor é um traidor... De fato, traduzir não é uma obra fácil. Porque às vezes as mesmas palavras podem ter vários sentidos. Assim por exemplo é o verbo paenitere  em latim. Ele pode ser traduzido como arrepender-se, converter-se e, também fazer penitência. Na verdade todas as coisas estão muito relacionadas, mas quando pensamos em arrepender-se ou converter-se pensamos numa ação mais mental, espiritual. E quando pensamos em fazer penitência já temos uma ideia mais prática, mais física. Nesse caso ouçamos o que o Senhor nos diz no Evangelho de hoje: "Se não fizerdes penitência, morrereis do mesmo modo..." Prezados amigos, quando S. Pio de Pietrelcina entrou no convento chamou-o a atenção uma frase escrita sobre uma porta: "Ou penitência, ou inferno". Isso vale para todos nós. Curiosamente nos dias de hoje é extremamente louvável que alguém vá para o trabalho a pé para evitar a produção de gases poluidores e para aume

CAMINHO

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Estamos todos a caminho. Assim se refere Jesus no Santo Evangelho: "procura resolver o caso, enquanto estais a caminho..." Quando enxergamos o outro como um companheiro de estrada, a vida se ameniza, e a compreensão de tudo se torna mais leve. A caminho. Tudo passará. Aquilo que hoje tanto nos importa o que será amanhã? O que hoje nos pesa, não irá se desfazer com o tempo? Estamos a caminho. Contaram a história de dois ouriços que foram postos numa ladeira muito estreita. Os espinhos de um feriam o outro, um xingava o outro... Mas tinham que subir e foram subindo. A ladeira apertada e os ouriços se espetando. No fim do caminho, que eram feitos dos espinhos. De tanto subir na ladeira íngrime e estreita, de tanto rocar, de tanto espetar, de tanto forçar os espinhos se quebraram. Somos ouriços no caminho. E o caminho é o tempo de quebrar o que fere e o que nos fere.

DIVISÃO

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No Catecismo aprendemos, ou aprendíamos, que nós, aqui na Terra, somos Igreja militante. Especialmente depois de alguns tempos, porém, para nós militante é quase o mesmo que ter um convencimento forte político, como os militantes de um partido. Juntamente com isso, alguém começou a afirmar que a Igreja seria uma espécie de extensão mais clássica do modo hippie paz e amor.  Por isso, certas palavras de Jesus que escandalizaram naquele tempo escandalizam ainda mais hoje. Para quem aprendeu a ver em Jesus como um "profeta gentileza" da Galiléia, essas palavras não podem ter vindo d'Ele.  Todavia, militante, não é outra coisa que lutador, soldado. E se somos soldados é porque tem uma guerra. Uma guerra contra nós mesmos, contra o mundo e contra o demônio. O quanto temos lutado? Tão pouco... porque para nós guerra e cristão são duas coisas opostas, quando na verdade a guerra está na essência do ser cristão. 

INFIÉIS

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No Santo Evangelho, S. Pedro pergunta a Nosso Senhor se as suas admoestações sobre o fim dos tempos era exclusividade dos seus ou comum a todas as pessoas. Ou seja se os castigos e condenações do fim do mundo fossem destinadas somente àqueles que estavam fora da sua Igreja, os infiéis, ou se também os seus discípulos e mesmo os Apóstolos estivessem naturalmente isentos de todo o castigo. A essa pergunta Nosso Senhor responde com outra pergunta. "Quem é o servo fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente de sua casa..?" Aqui Nosso Senhor começa a responder não somente pelos cristãos em geral, mas pelos que são postos à frente da sua casa, ou seja da Igreja. A esses, Nosso Senhor diz que, se agirem mal, além de serem partidos ao meio, eles participarão da sorte dos infiéis, ou seja serão condenados como um pagão. As "predileções" de Deus, como chamar alguém à vida religiosa, não são um sinal de proteção, ao contrário, deles serão pedidas mais contas do que

HOMILIA DE INÍCIO DE PONTIFICADO DE S. JOÃO PAULO II - 22 DE OUTUBRO DE 1978

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Quanta saudade, Santo Padre... Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo ! ( Mt . 16, 16). Estas palavras foram pronunciadas por Simão, filho de Jonas, na região de Cesareia de Filipe. Sim, ele exprimiu-as na sua própria língua, com uma profunda, vivida e sentida convicção; mas elas não tiveram nele a sua fonte, a sua nascente: ..,  porque não foram a carne nem o sangue quem to revelaram, mas o Meu Pai que está nos céus  ( Mt . 16, 17). Tais palavras eram palavras de Fé. Elas assinalam o início da missão de Pedro na história da Salvação, na história do Povo de Deus. E a partir de então, de uma tal confissão de Fé, a história sagrada da Salvação e do Povo de Deus devia adquirir uma nova dimensão: exprimir-se na caminhada histórica da Igreja. Esta dimensão eclesial da história do Povo de Deus tem as suas origens, nasce efectivamente dessas palavras de Fé e está vinculada ao homem que as pronunciou, Pedro:  Tu és Pedro — rocha, pedra — e sobre ti, como sobre uma pedra, Eu edific

ABRAM AS PORTAS A CRISTO

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FELIZES

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Nosso Senhor diz que aquele que estiver preparado, aquele que for servo fiel: "Felizes os empregados que ele encontrar..." Existem duas palavras que além de serem muito parecidas, são praticamente sinônimos: fidelidade e felicidade. Aquele que é fiel é sempre feliz. Essa felicidade transpareceu por toda a vida de S. João Paulo II, ainda que tenha passado por inúmeros sofrimentos em sua vida: morte de sua mãe, seu pai e seu irmão, que contraiu a doença de um paciente. Guerra, perseguição por parte dos comunistas, tiro e todas as consequências que ele trouxe, e tudo o que muitos de nós vimos com nossos olhos. Ainda me recordo daquele dia em que o pude ver e receber a sua bênção... Mas S. João Paulo II sempre expressou alegria, nunca tristeza. Alguns mais próximos falam até de momentos em que ele agiu com dureza, mas nunca com tristeza. E o seu segredo estava à mão, literalmente: Aquela cruz que era o seu báculo. Quando da Missa de abertura de pontificado, João Paulo II

QUEM?

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No Santo Evangelho alguém pede a Jesus que julgue uma questão de herança entre irmãos. Há uma antífona antiga que diz: " Dóminus Iudex noster; Dóminus Légifer noster; Dóminus Rex noster. Ipse salvabit nos": O Senhor  é nosso Juiz, O Senhor é nosso Legislador; O Senhor é nosso Rei. Ele nos salvará.  Sim, o Senhor é Juiz, nosso Juiz. Mas há para Cristo uma compreensão claríssima de sua missão, de seu juízo, e certamente ele não se refere à heranças. Por isso, ao ser chamado nessa causa, Jesus ignora a disputa entre os irmãos e aponta para o que realmente lhe importa: que não coloquemos nossa segurança em bens materiais. Cabe à Igreja o mesmo que à Jesus. E aquilo pelo que passou o Senhor, passará também a Igreja. Hoje de forma muito clara, muitos pedem que a Igreja julgue, querem ouvir à voz da Igreja e, com galanteios de quinta categoria, querem fazer com que a Igreja realmente se sinta importante, mas naquilo que não lhe é importante; naquilo que não é a sua missão.

FÉ?

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"O Filho do Homem encontrará fé sobre a terra quando voltar?" Essa dramática e provocadora pergunta de Jesus veio logo após Ele falar sobre a oração. A oração que nos parece algo tão simples provocou essa pergunta forte de Jesus. Todos sabemos que a oração necessita de fé. Mas a fé não serve para que a oração "dê certo", mas para compreendermos melhor com quem falamos. Thomas Merton afirma que muitas vezes nos vivemos a vida odiando a Deus que nos criou para amá-lO.  Odiar a Deus não é apenas cuspir no crucifixo, ou chutar uma imagem da Virgem, mas é também desconfiarmos d'Ele. Jesus usou uma argumentação "ad absurdum" falando do juiz injusto, que atende a viúva porque não aguenta mais seus pedidos e tem medo de apanhar dela... Quanto mais Deus... Nós precisamos da fé para compreender que Deus não é o juiz injusto, ou o patrão mal-humorado, ou o pai ausente. Deus é o Pai que deu o Filho mais velho para salvar os mais novos. Deus, como cantamos

PREOCUPEIS

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Sempre achei meio entedioso quando alguém começa uma conferência fazendo um estudo etimológico do termo sobre o qual vai falar. Mas nesse caso concreto creio que é benéfico pensarmos assim sobre essa coisa chamada preocupação. Preocupação, pré-ocupação, é ocupar-se antes com algo ainda não acontecido. Ou, se preferirem, a arte de conseguir não fazer o que se deve no momento presente. Todos nós passamos por momentos caóticos, terríveis, desastrosos, mas geralmente eles são pequenos momentos da nossa vida; sim, seu impacto às vezes nos afetará até o fim, mas não é mais o momento, são suas conseqüências. Algo comum na mensagem de Jesus é não preocupar-se, nem com comida, nem com roupa, nem com defesa... nem com a vida. Convido você a uma experiência: o que passou pela sua cabeça hoje? O que aconteceu com você hoje? Não é verdade que a maior parte das nossas preocupações ou não vão virar realidade, ou, se virarem, pouco podemos fazer agora por isso... Então, fiéis à mensagem de Jesus

PAX!

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No Santo Evangelho de S. Lucas, Nosso Senhor fala de um modo curioso sobre a paz: ela é a primeira coisa que os discípulos do Senhor devem desejar aos que os acolherem em casa. Se ali, houver um filho da paz, a paz desejada virá sobre ele, caso não, ela volta ao discípulo que a desejou. Mas o que seria a paz? Santo Agostinho define a paz como a tranquilidade da ordem. Compreendeu? Com certeza sim, mas só para constar, ordem é a disposição das coisas para o fim ao qual foram criadas. Ordem é não usar uma faca como chave de fenda, cadeira como escada e o nosso coração para os bens finitos, materiais e transitórios. A paz se realiza no coração daquele que é senhor de tudo, menos de si mesmo, dele mesmo só há um Senhor, Deus. Caros amigos, o grande lema da ordem de S. Bento não é tanto "ora et labora", ora e trabalha, mas "pax", paz. Para S. Bento oração e trabalho não são dois momentos distintos como se fôssemos pessoas rachadas que num momento são uma coisa e

FRAGILIDADE

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Um velhinho de uns 80 ou 90 anos. Era esse Santo Inácio quando da época de seu martírio. Embora fosse Bispo na Síria, sua influência era grande na Igreja nascente, estamos ainda no primeiro século de vida da Igreja. Inácio, por ser bispo cristão é condenado à morte, todavia a sua influência fez com que a execução da condenação não acontecesse na província da Síria, mas na própria Roma. Aproveitou então a viagem para ir confirmando na fé as Igrejas por onde passava, e todos ocorriam a ele. Porém, como a viagem era deveras longa, aconteceu que aquele período de perseguição se apaziguasse momentaneamente, e os cristãos de Roma tinham a intenção de conseguir a libertação do Bispo. Inácio então faz uso de sua pena e envia uma carta aos cristãos da Cidade Eterna, onde além de manifestar profunda veneração por aquela Igreja, fundada pelos Apóstolos Pedro e Paulo, e pede que eles não façam nada para impedir o martírio. O martírio não é natural. Natural é o extinto de conservação da vida

DINHEIRO

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Celebramos a memória de Santa Edwiges. Olhamos para essa imagem da Santa, está com hábito religioso cisterciense, pois morreu monja. Mas o seu hábito tem um forro de arminho, recordando a nobreza de seu nascimento e de sua vida, pois foi Duquesa da Silésia e da Polônia. Segura em suas mãos uma Igreja, pois ela e seu marido fundaram muitos mosteiros e obras de caridade ao longo de suas vidas. Como tivesse o costume piedoso de ajudar pobres e, especialmente endividados, mesmo depois de fazer-se monja, hoje é invocada como padroeira dos endividados. Muitos pedem seu auxílio e intercessão no que diz respeito ao dinheiro e, especialmente, à falta dele... Mas, talvez precisemos aprofundar um pouco. Imagine que hoje você tenha uma visão de S. Edwiges e após os primeiros momentos de estupor começasse a tentar fazer valer a sua fama de padroeira dos endividados e começasse a falar das dificuldades que todos temos nesse assunto. Talvez a Santa nos escutasse com sua santa paciência e nos p

AUNQUE

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Se algo pode dar errado, vai dar errado. Como você reagiria a essa frase? Provavelmente o medo ou a raiva paralisariam muitos de nós, ou mesmo tentaríamos encontrar a razão pela qual tudo dá errado... Mas conheço uma mulher que simplesmente bateria os ombros e diria: "E daí?" Essa espanholíssima santa apaixonou-se por Deus a tal modo que uma de suas expressões mais comuns em algumas de suas frases é "aunque", que poderíamos traduzir como "mesmo que". Vejamos essa frase: "Mesmo que me canse, mesmo que não possa, mesmo que exploda, mesmo que morra..." aqui a Santa falava apenas da necessidade de perseverar e não nega os desafios do cansaço, da impotência... mas passa por cima deles. Aqui vemos a grandeza de Santa Teresa: nós passamos a vida fugindo ou negando as dificuldades, ela enfrenta. A única coisa que deu certo em Santa Teresa é que foi Santa. E nisso, tudo deu certo. Aunque...

CONDENARÃO

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Jesus quer dizer: Deus Salva. E a mensagem de Jesus é absolutamente uma mensagem de salvação; mas como verso e reverso, o Senhor precisa alertar para a não aceitação de sua Palavra e de sua Pessoa. Para isso, o Senhor retoma dois personagens da antiga aliança: Jonas e Salomão. O profeta Jonas que contra a vontade pregou a destruição de Nínive e, através disso, gerou a conversão naquele povo e Salomão que pelo menos num momento de sua vida, deixou-se conduzir pela Sabedoria de Deus ao ponto de que até a Rainha do Sul viesse admirar a sabedoria do Rei. Esses personagens não são os mais edificantes na História Sagrada, mas aqueles que tomaram contato com eles perceberam a bondade, a sabedoria e a misericórdia de Deus. Mas o povo de Israel, convivendo com Deus Humanado não quis reconhecer n'Ele o Emanuel, o Deus-conosco. Sua sede de milagres e sinais não era para a conversão mas para a curiosidade, seu desejo de ouvir era apenas conhecer mais um rabino, suas perguntas ao Senhor não

DISSE

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Quando lemos os milagres do Senhor no Santo Evangelho vemos que em alguns - poucos - Jesus realiza algum sinal durante o milagre. Mas na maioria o Senhor simplesmente fala. Assim foi com os 10 leprosos. Aliás, Nosso Senhor sequer falou claramente da cura, mas mandou-lhes fazer o que deveriam caso fossem curados: apresentar-se aos sacerdotes que ao os examinarem proclamariam que estavam "puros", sem a lepra. Os 10 obedecem. Vão. Não pedem um sinal. Nem uma garantia. Não exigem de Jesus um gesto ou uma palavra de cura. Vão. A obediência é cura para eles. E no caminho, enquanto obedecem, são curados. Ao ver-se curado, um volta. Ele não deixa de obedecer ao manifestar amor àquele que manda. Ele não deixa de ir, ele só descobre um "primeiro" a fazer antes de cumprir a Lei. Queridos amigos, às vezes a consciência do dever - que é boa e sinal de maturidade - pode impedir que voltemos um instante no caminho somente para amar. Assim com Deus, assim com os pais, co

VINHO

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"Oi, Jesus! Você por aqui?! Ai que bom! Porque só você mesmo, Jesus! Ai! Você não sabe da maior... Eu avisei, eu disse que era pouco, mas ninguém me escuta. E o resultado é esse! Então, deixa te falar. Na semana passada nós estávamos calculando o número de convidados e mais ou menos quanto de vinho iríamos necessitar. Eu disse que seria necessário mais, mas não me ouviram. E olha aí o resultado! A questão é que o vinho para nós é muito importante, símbolo de alegria, e a falta de vinho além de um mau sinal, é uma vergonha muito grande... E aí... eu passei agora lá pela cozinha e perguntei a Rebeca, sobrinha de Sara, prima de Ester, cunhada de Rute, como é que estava o vinho. E aí, é claro, né, Jesus! Eu tinha avisado... o vinho acabou. Sendo assim, eu pensei que já que você está aqui, quem sabe você poderia..." Talvez essa fosse a minha fala, quase um solilóquio, com Jesus nas bodas de Caná. Mas não foi assim com Nossa Senhora: "Eles não têm mais vinho"

DESERTO

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No Santo Evangelho, Nosso Senhor faz referência aos desertos como lugares por onde os espíritos impuros transitam até decidirem retornar para atormentar as pessoas que antes antes estavam submetidas a seu poder. Também por isso, no início da Igreja, muitos homens e mulheres partiam para o deserto para ali enfrentarem o demônio. Enfrentar o demônio para eles era entregar-se à penitência e à solidão para encontrarem-se consigo mesmos, combater as tentações e buscarem a Deus. O nosso mundo atual não nos permite a experiência do deserto. É muito barulho, muita luz, muita notícia... tudo isso nos anestesia e nos deixa tão preocupados com tanta coisa que ou não tem importância ou não nos diz respeito. Queridos amigos, temos um adversário, temos uma luta e temos um campo de batalha. Não se combate o demônio no facebook ou nos aplicativos de TV. É preciso silêncio, oração e penitência, geralmente nessa ordem. Por favor, deixe um pouco a internet, esse blog, e enfrente aquele que se você n

PEDIREM

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"Ei! Reze essa oração! Ela é infalível!" "Olha, tem uma oração que se você reza, acontece!" "Você conhece aquela oração? Ela é muito poderosa e sempre dá certo..." Suponho que eu não devo ser o único a já ter ouvido essas frases. Quem de nós não gostaria de uma oração que fosse cem por cento certa e que o que pedíssemos através dela certamente fosse atendido? Bem... Nosso Senhor ao invés de nos ensinar uma oração infalível, nos ensinou o que sempre será dado se pedirmos: o Espírito Santo. Compreendo que alguns de nós nos sintamos desapontados. Geralmente preferiríamos uma fórmula de obtermos tudo o que desejamos e depois o Espírito Santo, ou o Espírito Santo e o que desejamos logo em seguida. Mas o único dom que sempre recebemos é o Espírito Santo. Nossa decepção diante da oferta do Senhor é mais alta quanto mais sublimes forem os outros dons que gostaríamos de receber, e não conseguimos compreender que se esse Espírito pode encher toda a terra, t

EXEMPLO

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É da contemplação do Cristo orante que os apóstolos sentem arder em seu coração o desejo de orarem como o Mestre. João realmente ensinou os seus discípulos a orar, Nosso Senhor ensinou primeiro fazendo, primeiro com o exemplo. De pouco adiantariam belos discursos sobre a necessidade da oração se jamais se visse o orador orar... Mais do que, num primeiro momento, mandar rezar, o Senhor reza. Ensina-nos a rezar! É o pedido dos discípulos e de todos as gerações de discípulos até o fim dos tempos. Uma marca da oração de Jesus é a constância. O Senhor se mostra constantemente em oração: assim ao escolher os discípulos, ao multiplicar os pães, ao ressuscitar Lázaro, na agonia e na cruz... Queridos amigos, é necessário termos horário de oração, mas se a oração for só um horário pouco bem fará às nossas almas. São Francisco de Sales usava um exemplo simples: não é necessário que a dona de casa deixe o tempo inteiro a água no fogo. Uma vez fervida, pode tirar do fogo e ela permanecerá q

TIRADA

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Ao escutar a reclamação de Marta, mais do que importar-se com servir ou não servir, fazer ou não fazer, rezar ou trabalhar, Nosso Senhor chama a nossa atenção para aquilo que não será tirado. Muitas vezes no decorrer do caminho nós damos um peso de eternidade àquilo que não tem. Tudo só tem valor enquanto mediação do nosso encontro com Cristo. Quando algo nos conduz a Cristo, cumpre a sua missão, como a luz da lâmpada que se apaga diante do sol do meio dia. A Igreja têm a necessidade de sempre despojar-se, para recordar que só Um é eterno e perene. O despojamento assusta, porque recorda derrota. Nós tememos mais parecer derrotados do que a derrota. Nesse ponto o mundo é um ótimo aliado. Porque quantas vezes ele facilita esse processo de despojamento arrancando aquilo a que estamos agarrados como se fosse eterno, sem ser...

ÓCULOS

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Algumas vezes vemos pessoas tão amigas, tão íntimas que uma usa os óculos da outra. Você já viu isso? Eu já. E muito. Mas todos nós temos uma pessoa amiga que deseja nos oferecer seus óculos, porque Ela sabe que nem sempre enxergamos direito... Nossa Senhora deseja emprestar-nos seus óculos. E os óculos de Maria chamam-se: Rosário. São João Paulo II dizia que quando rezamos o Rosário contemplamos Jesus com os olhos de Maria. O Rosário é a oração mariana por excelência por ser capaz de nos fazer enxergar Jesus com os olhos de Maria. Pelo Rosário, de certo modo, Nossa Senhora habita em nós para enxergarmos e falarmos com Deus através de seu espírito e de seu olhar. Como nos falta enxergar com os olhos de Nossa Senhora. Uma poetisa disse certa vez que não sabia o que acontecia com ela... ela olhava para uma pedra e enxergava apenas uma pedra. Maria que poeticamente glorifica o Senhor no Magnificat nos dá o seu olhar poético através do Rosário, onde é linda a penúria do presépio,

ADOLESCENTES

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Muito se têm falado sobre a ativista adolescente Greta Thunberg, muitos se admiram como pode uma adolescente mostrar tanta firmeza e convicção. Como pode estar disposta a mudar suas atitudes por causa de um ideal, sendo tão nova. Talvez seja exatamente a pouca idade de Greta que dá mais peso ao seu discurso. Como seria bom se o mundo escutasse a voz dos adolescentes... muitos pensam ao ver a determinação de Greta em salvar o planeta. Eu sou um pobre padre. Não entendo de clima. Sei que há dias quentes, frios ou chuvosos e nada mais. Escuto pessoas dizerem que o aquecimento global está destruindo o planeta e outros dizendo que não há aquecimento global... Sou padre, não tenho capacidade para opinar sobre isso e se desse minha opinião estaria errado, ainda que a opinião fosse certa. Sou padre para salvar almas, para falar com Deus e de Deus. Mas devo concordar que deveríamos ouvir mais a voz dos adolescentes. Começaria por um adolescente italiano, chamado Domingos Sávio. Quem dera

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"Aumenta a nossa fé!" Pediram os apóstolos no Evangelho. Pedimos nós em nossa vida. Como nos falta a fé! Bento XVI recordava a fé no seu duplo aspecto de crença e de fidelidade. E as duas faltam. A maioria dos católicos ignora as verdades mais elementares da fé. Não compreendem nem a divindade de Jesus Cristo nem a indefectibilidade da Igreja... São católicos por ser. Talvez morram católicos... mas sem fé. Outro aspecto importante é a fé enquanto fidelidade. A fé-crença sem a fé-fidelidade, pode se transformar numa superstição ou numa mitologia. A fé-fidelidade é essa entrega nas mãos de Deus. Por isso que quando os discípulos pedem o aumento da fé, Jesus não concede esse desejo, mas lhes devolve a questão: "Se vós tivésseis fé..." Quem aumenta a fé não é Deus, mas o homem. É a sua entrega, na medida da entrega, que cresce a fé.

PEQUENOS

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No Santo Evangelho, há uma expressão solene que São Lucas utiliza uma única vez: "Jesus exultou no Espírito Santo". E qual é a razão dessa exultação, o que provoca em Cristo tamanho júbilo de espírito? A preferência do Pai pelos menos. Pelo que são menos. Pelos que sabem menos. Pelos que podem menos. Pelos que têm menos. É a preferência do Pai. Nas histórias dos deuses pagãos, seus escolhidos eram sempre os mais. Mais fortes, mais inteligentes, mais sábios, mais poderosos... Mas do Deus cristão, gosta do menos. Escolheu o menos de Abraão, de Moisés, de Pedro, de Paulo, de Francisco, de Benedito... O que todos estes têm em comum senão a pequenez? E às vezes uma pequenez generalizada... São os prediletos do Pai. Assim, aquele franciscano eremita negro que foi para um convento por ordem do Papa, foi do muito ao pouco, de superior à cozinheiro, sendo - e mais - sabendo-se pequeno. Porque pequeno todo mundo é. Mas nem todo mundo sabe. Benedito fez-se pequeno, por

SERAFIM

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Serafim, vem de uma palavra hebraica seraph que quer dizer arder. São Paulo na Carta aos Hebreus descreve Deus como um fogo abrasador, por isso é natural que o que lhe é mais próximo também seja uma realidade ardente. Dos nove coros angélicos, o mais próximo de Deus, o mais perfeito são os serafins, que como a sarça de Moisés, ardem sem se consumir em adoração e caridade perfeitíssimas para com Deus. Criados por Deus como seres pessoais e portanto capazes de escolher, alguns anjos se rebelaram contra Deus, talvez tenham ficado tão admirados com a sua própria perfeição que se esqueceram de que era Deus a sua fonte. Não sabemos quantos foram, falam-se de milhares, e um foi o líder da revolta. Não um anjo qualquer, mas um serafim, cujo nome era "Aquele que leva a luz", Lúcifer. Aquele que leva a luz, acabou sendo jogado nas trevas exteriores, não por outro serafim tão perfeito quanto ele, mas por um arcanjo, um anjo de menor perfeição, mas infinitamente maior em fidelidade e

ELE PRÓPRIO

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Quando envia em missão os discípulos Jesus não os envia ao acaso, diz o Evangelista que o Senhor os envia a todo o lugar onde Ele próprio devia ir. O cristão não está nos lugares por acaso, está nos lugares onde o Senhor gostaria de estar. Assim pensamos na Índia, na Oceania, nas tribos mais recônditas da África e também na nossa casa e no nosso trabalho. Nós não estamos na nossa casa apenas como pai, mãe ou filho, nem estamos no nosso trabalho como policial, contador, professor, dentista, motorista... estamos ali como Cristo. Cristo está presente nesses lugares através de nós! Às vezes gostaríamos de ter em nossa casa uma Capela com o Santíssimo, ou ter um oratório bonito em nosso trabalho... são desejos nobres, mas só tem valor se a presença de Cristo já for uma realidade através de nós. E como se dá essa presença? Por um único caminho: o amor - "e serão uma só carne" Quando amamos a Deus, o desposamos, e nos tornamos com Ele uma só carne. A "mística" es

ANJOS

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A devoção aos Anjos da Guarda vêm desde o início da Igreja. Quando S. Pedro é libertado da prisão por um anjo, os primeiros cristãos ao vê-lo pensam ser o "seu anjo". Que proximidade unia os nossos primeiros irmãos àqueles que nos são dados por Deus como guias e protetores. Com o passar do tempo, especialmente em nosso tempo, há uma associação da devoção aos Anjos Custódios como uma coisa de criança, quase que no mesmo campo semântico da fada do dente ou do Papai Noel. Faz-se a oração, borda no travesseiro, pendura um anjinho sobre o berço e com o tempo, acontece com o anjo o mesmo que com a fada do dente e o Papai Noel... Não, caros amigos, a devoção aos anjos para nós, homens e mulheres feitos é essencial. Porque recordamos não apenas a sua presença junto a nós para nos guiar e proteger, mas também - como são espíritos e, por isso, não estão presos a nenhum lugar - a sua presença diante de Deus. Assim, que alegria não sentem os nossos Anjos quando fazemos coisas boas,

ROSA

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As rosas tem um perfume maravilhoso. Podemos sentir quando aproximamos nosso nariz delas. Ali quietinhas exalam perfume. Mas quanto mais se mexe na rosa, tanto mais perfume ela exala. Talvez se quiséssemos fazer um perfume com a rosa, teremos que a despetalar, amassar suas pétalas, triturá-las, dissecá-las, destruí-las até que da rosa só sobre o perfume. Assim se entendia Santa Teresinha. As rosas tão associadas à sua intercessão, na verdade eram para ela um símbolo de si mesma. Ela se considerava uma rosa que precisava consumir seu viço pelo seu Jesus. Santa Teresinha desenvolve particular devoção pelos extremos momentos da vida mortal do Salvador. E por isso, dizia que gostaria de ser uma rosa que se despetala para que "o pé gentil" do Menino Jesus  quando aprendia a andar, não se ferisse em alguma pedra, mas pisasse num caminho de rosas. Ao mesmo tempo, na sua devoção à Paixão que se manifesta na Santa Face do Salvador, face ferida e dolorosa, ela queria novament

DALMATA

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"Miserere mei, Domine, quia dalmata sum!" "Tende misericórdia de mim, Senhor, porque sou um dálmata!" Assim, rezava S. Jerônimo enquanto batia em seu peito com uma pedra como penitência. Dálmata, não é o cachorro, mas os que nascem na Dalmácia, na época uma província romana. As pessoas nascidas lá tem a fama de serem... difíceis. E ele era assim. Difícil. O leão que é colocado junto a ele em suas imagens, recorda o animal que ele amansou ao curar um ferimento em sua pata, mas recorda também o animal raivoso que com grande custo e nem sempre ele amansou dentro de si. A madeira quanto mais dura, melhor para a obra. Por isso, Deus pode fazer grandes obras com esse homem. Se nos parecesse pouco ser o tradutor de toda a Sagrada Escritura para o latim, pensemos no incentivador da vida consagrada, no eremita penitente, do devoto dos mártires, do combatedor contra as heresias, do incentivador dons bons costumes no clero... Os bons cristãos são como sacos de far