QUEM?

No Santo Evangelho alguém pede a Jesus que julgue uma questão de herança entre irmãos. Há uma antífona antiga que diz: "Dóminus Iudex noster; Dóminus Légifer noster; Dóminus Rex noster. Ipse salvabit nos": O Senhor  é nosso Juiz, O Senhor é nosso Legislador; O Senhor é nosso Rei. Ele nos salvará. 
Sim, o Senhor é Juiz, nosso Juiz. Mas há para Cristo uma compreensão claríssima de sua missão, de seu juízo, e certamente ele não se refere à heranças. Por isso, ao ser chamado nessa causa, Jesus ignora a disputa entre os irmãos e aponta para o que realmente lhe importa: que não coloquemos nossa segurança em bens materiais.
Cabe à Igreja o mesmo que à Jesus. E aquilo pelo que passou o Senhor, passará também a Igreja.
Hoje de forma muito clara, muitos pedem que a Igreja julgue, querem ouvir à voz da Igreja e, com galanteios de quinta categoria, querem fazer com que a Igreja realmente se sinta importante, mas naquilo que não lhe é importante; naquilo que não é a sua missão.
Desde a Revolução Francesa paira sobre a Igreja a acusação de não se importar com as coisas desse mundo e só falar de céu, de Deus, de vida eterna. O comunismo chamou à Religião de modo geral e a Igreja em particular de ópio do povo, ou seja de coisa alienante, elemento de controle das massas etc.
Esse canto de sereia encantou muitos pastores da Igreja, que se tornaram alheios à sua missão e passaram a falar de proletariado, minorias, meio ambiente, imigração, direitos trabalhistas... e deixaram de falar daquilo que somente eles poderiam falar: Deus, céu, vida eterna...
Quando éramos crianças e ainda não se falava sobre "bullying" nossos pais diziam que a melhor forma de acabar com apelidos e fofocas sobre nós era não lhes dar importância. Faltou quem dissesse isso à Igreja. A Igreja ocupou-se tanto dos apelidos e fofocas que os inimigos da fé colocaram sobre ela, que acabou deixando a sua missão de anunciar o Reino de Deus, para se tornar mais uma entidade sindical, mais uma ONG ambientalista, mais um grupo de apoio a imigrantes e minorias...
Essa não foi a missão de Jesus. Em pelo menos 2 ocasiões (após a multiplicação dos pães e quando entrou em Jerusalém) foi dada a Jesus a possibilidade de assumir um poder temporal e Ele rejeitou porque, como disse a Pilatos, o seu Reino não é desse mundo.
É curioso como se a Igreja propusesse que ficássemos um mês sem ligar ar-concionado por penitência, todo mundo seria contra e diria que é um obscurantismo medieval, contra o progresso e a ciência. Mas se propuser a mesma coisa para frear o aquecimento global, o Papa ganharia o Nobel da Paz.
Queridos amigos, queremos um mundo melhor. Mas esse mundo não vêm através de um acordo climático, mas da conversão. E se a Igreja parar de pregar a conversão, de falar de Deus e do Céu, quem falará?
Há um específico de Cristo. Um específico da Igreja. Um específico nosso. E é isso que deve realmente nos ocupar.
A Igreja torna-se obsoleta quando se torna igual ao mundo que a rodeia.

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