DALMATA

"Miserere mei, Domine, quia dalmata sum!"
"Tende misericórdia de mim, Senhor, porque sou um dálmata!"
Assim, rezava S. Jerônimo enquanto batia em seu peito com uma pedra como penitência.
Dálmata, não é o cachorro, mas os que nascem na Dalmácia, na época uma província romana.
As pessoas nascidas lá tem a fama de serem... difíceis.
E ele era assim.
Difícil.
O leão que é colocado junto a ele em suas imagens, recorda o animal que ele amansou ao curar um ferimento em sua pata, mas recorda também o animal raivoso que com grande custo e nem sempre ele amansou dentro de si.
A madeira quanto mais dura, melhor para a obra.
Por isso, Deus pode fazer grandes obras com esse homem.
Se nos parecesse pouco ser o tradutor de toda a Sagrada Escritura para o latim, pensemos no incentivador da vida consagrada, no eremita penitente, do devoto dos mártires, do combatedor contra as heresias, do incentivador dons bons costumes no clero...
Os bons cristãos são como sacos de farinha, quando apanham, se espalham.
Após a morte do Papa S. Dâmaso, de quem era muito próximo, o clero romano acusa Jerônimo de ter um envolvimento amoroso com uma de suas dirigidas espirituais, Paula.
Para livrar-se do processo, Jerônimo, que não deve nada a nínguém, embarca para a Terra Santa levando consigo a própria Paula e a filha dela Eustóquia, onde viverão (obviamente em locais separados) a vida monástica. Belíssima é a oração que Jerônimo dirige à Paula após sua morte.
Queridos amigos, São Jerônimo nos recorda que quem nos julga é Deus.
Já temos pecados suficientes para purgar, porque nos preocuparmos com os pecados que os outros, em sua ignorância ou maldade, nos imputam sem serem nossos?
Cada um de nós, sabe onde "aperta a pedra no sapato", e o Senhor o sabe também.
Muitas vezes gastamos mais a nossa vida preocupando-nos com os pecados atribuídos do que com os pecados reais que temos.
Às favas o que dizem.
Olhemos para nós, e façamos penitência pelos nossos.
Se alguém tiver uma pedra grande em seu jardim, eu estou interessado.

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