VINHO

"Oi, Jesus! Você por aqui?! Ai que bom! Porque só você mesmo, Jesus!
Ai! Você não sabe da maior...
Eu avisei, eu disse que era pouco, mas ninguém me escuta. E o resultado é esse!
Então, deixa te falar.
Na semana passada nós estávamos calculando o número de convidados e mais ou menos quanto de vinho iríamos necessitar. Eu disse que seria necessário mais, mas não me ouviram. E olha aí o resultado!
A questão é que o vinho para nós é muito importante, símbolo de alegria, e a falta de vinho além de um mau sinal, é uma vergonha muito grande...
E aí... eu passei agora lá pela cozinha e perguntei a Rebeca, sobrinha de Sara, prima de Ester, cunhada de Rute, como é que estava o vinho.
E aí, é claro, né, Jesus! Eu tinha avisado... o vinho acabou.
Sendo assim, eu pensei que já que você está aqui, quem sabe você poderia..."

Talvez essa fosse a minha fala, quase um solilóquio, com Jesus nas bodas de Caná.
Mas não foi assim com Nossa Senhora: "Eles não têm mais vinho".
Só precisou isso. Nem quando Jesus "puxou assunto" falando "da Hora que não tinha chegado" Nossa Senhora falou mais alguma coisa.
Nós admiramos muito quem fala bonito na oração, e muitas vezes o falar bonito, é irmão gêmeo do falar demais.

"Eles não têm mais vinho."
Simples. Direta. Não precisa convencê-lO como se do Seu Divino Coração não brotasse apenas amor e bondade sobre suas criaturas.

"Eles não têm mais vinho. "
Evágrio dizia que na oração é necessário manter o intelecto surdo e mudo.
Assim fez Maria. Assim precisamos fazer nós também.
O ícone que ilustra nossa meditação apresenta as auréolas de Jesus e de Maria mergulhadas uma na outra, assim sempre a tradição dos ícones apresentam Filho e Mãe: como dos rios que se encontram assim seus corações desaguam um no outro, portanto as palavras sobram, o intelecto fica surdo-mudo e somente os olhos da alma contemplam e admiram.

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