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Mostrando postagens de setembro, 2020

AZEITE

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  Azeite! E encolhia os ombros. Assim vi uma pessoa que estava pouco se lixando para o que os outros pensavam sobre ela. De fato, um sábio disse que "aqueles que quiserem viver sob os elogios dos outros, morrerão soterrados por suas críticas". Essa era de certo modo a filosofia de S. Jerônimo. Homem de uma cultura enciclopédica, grande entusiasta da vida consagrada, fluente em vários idiomas e assessor particular do Papa S. Dâmaso. Morreu S. Dâmaso. Um grupo oposto ao Papa morto elege um Papa favorável à suas idéias. E se descencadeia uma perseguição contra o presbítero que a tradição sempre representou como uma espécie de cardeal primitivo. Dentre as várias coisas de que Jerônimo foi acusado era de ter um caso amoroso com uma certa viúva romana chamada Paula e, talvez extensivo à filha dela: Eustóquia. O que uma pessoa que se preocupa com a opinião dos outros faria? Tentaria provar sua inocência. Se afastaria das pessoas com quem o acusam de agir mal etc etc. S. Jerônimo por

INVISÍVEIS

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  Celebramos hoje a festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Celebramos nessa festa o que professamos no Credo que, quando cantado em latim traz com notas mais graves e suaves a palavra: invisibilium - Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. A devoção aos Santos Arcanjos cujos nomes a Sagrada Escritura nos apresenta é para nós de grande proveito espiritual. Primeiro, nos faz aumentar a nossa fé num mundo invisível, criado por Deus. De um mundo que transcende essas realidades mais imediatas e materiais com as quais temos que lidar diariamente. Um mundo para o qual nossa alma imortal - também ela invisível -  está destinada. Segundo, nos torna humildes ao sabermos que existem criaturas mais perfeitas do que nós; puros espíritos, confirmados em graça que estão constantemente na presença de Deus para o Seu louvor e nosso favor. Terceiro, nos leva a recorrer a estes Santos Arcanjos particularmente naquilo que lhes é mais próprio: a saúde do corpo e da alma à S. Rafael;

DOCE

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  "Padre, meu filho ganhou esse saquinho de uma senhora lá da rua. Ele pode comer?" Pergunta uma mãe enquanto os olhos do seu filho crescem a cada segundo em direção ao maravilhoso saquinho repleto de doces... Como responder a essa pergunta? E, muita gente têm essa dúvida. Como gostamos de respostas completas vamos desde o início. Quem foram Ss. Cosme e Damião? Pouco sabemos deles: eram da Síria, com certeza irmãos, provavelmente gêmeos, ao que tudo indica eram médicos e com certeza sofreram o martírio. Aquilo que falta à uma "biografia completa" a piedade popular e a tradição cristã acrescenta elementos que além de terem grande probabilidade de serem verdadeiros, estão ligados a como um bom cristão se comportaria em certas ocasiões. Muita gente não gosta de médico. Não é nada pessoal, mas é que o procurar o médico (o que muitas vezes já é um sofrimento) é sinal de que algo não vai bem. E o médico, por sua vez, identificando o problema indica um tratamento que també

DES/ATENTO?

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  Celebramos hoje a memória de S. José de Cupertino. A vida dos santos sempre nos parece linda. Creio que por duas razões: primeiro, não é a nossa vida; segundo, trata-se de uma vida concluída onde, em alguns casos, se consegue perceber mais claramente os caminhos da Providência que em nossa vida, ainda em marcha, geralmente não conseguimos reconhecer. José nasceu num estábulo em Cupertino, na Itália, uma vez que sua família não tinha quitado as dívidas em relação à casa em que habitavam anteriormente. Vivendo em extrema pobreza, José ainda teve que conviver com um profundo desprezo de sua mãe - seu pai já estava morto - que o tratava como se dele fosse a culpa de todos os problemas familiares. Certamente possuía algo que era considerado um "atraso mental", demorando anos para concluir os breves estudos da época e sendo considerado extremamente desatento, além de ter alguns momentos de raiva. Para afastar-se do desprezo materno tentou por duas vezes ser admitido na vida relig

PRÓPRIO

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 Celebramos hoje a impressão dos Sagrados Estigmas de S. Francisco de Assis. Sobre S. Francisco muito se escreveu, e hoje até poderíamos dizer que muito se filmou. E em alguns coisas não só "muito", mas também "demais". Perdendo o foco, perdendo o centro da vida de S. Francisco que não foi outra coisa que tornar-se um outro Cristo. Mas não um outro, no sentido de que possam haver vários cristos, só há Um Cristo, por isso, tornar-se um outro Cristo significa tornar-se o próprio Cristo. De modo que não se trata de uma imitação exterior, mas de uma obra interior que pode ser tão intensa      que acabe por romper no exterior. Assim aconteceu com S. Francisco. O caminho que S. Francisco trilhou poderia ser compreendido nas seguintes etapas:  sua vida antes da conversão (onde certamente Francisco vivia os valores cristãos, mas tibiamente - após a revolução de 1968 parece que se quer apresentar que todos os santos antes de sua conversão eram praticamente maníacos sexuais,

DOR

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  Há algo quase que instintivo em determinadas devoções do povo católico em recorrer aos santos que sofreram, em maior medida, certos males que padecemos, na compreensão de que: tendo eles sofrido tanto do mesmo mal, ou de algo semelhante, possam alcançar de Deus que sejamos livres do mal que nos aflige. Assim, Santa Águeda, cujos seios foram arrancados em seu martírio, torna-se uma protetora dos males que atingem os seios; S. Dionísio, que foi decapitado, é invocado contra as dores de cabeça etc. Mas quando nos referimos à Nossa Senhora das Dores, a perspectiva que a liturgia nos apresenta é outra, ou melhor, é oposta. Ao celebrar as sete dores de Maria, a Igreja não pede que sejamos livres de nossas dores, ao contrário, pede que a Virgem compartilhe conosco as suas. "Preclara Virgem das virgens, não sejais amarga para comigo, divide comigo as tuas dores!", diz a Seqüência Stabat Mater , para a festa de hoje. Partilharmos as dores de Maria. Aquelas sete cuja tradição piedosa

CRUZ

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  "E o que vencera na árvore do paraíso, fosse vencido na árvore da cruz". É assim que Deus age. Alguém perguntou certa vez, porque Deus não destrói o diabo? Porque não é da essência de Deus destruir, mas criar. E se a criação se volta contra Ele, a sua solução é recriar. Assim rezam os sacerdotes ao misturarem o vinho e água na Santa Missa: "de modo admirável criastes e ainda mais admirável renovastes o gênero humano". Se a criação do homem tirado do barro já era admirável, muito mais é o novo nascimento concedido pelo Lenho da Cruz. Um Deus que cria, já é digno de toda honra, glória e adoração. Mas um Deus que se rebaixa, se faz homem, para morrer por causa de nós! Um Deus que, como diz o precônio pascal, "para libertar o escravo, entrega o Filho" nos constrange com tanto amor. E por isso tudo é adorável instrumento o Santo Lenho da Cruz, que a Igreja em sua liturgia louva como estandarte do Rei, trono real, árvore esplêndida e bela ornada com a púrpura

CAMINHO

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  Ao falar sobre a necessidade do perdão, o Senhor nos recorda que todos estamos num caminho, o caminho para o céu. O Espírito Santo nos diz que se lembramos do nosso fim, vivemos mais fiéis a Deus. O mundo atual nos ajuda a viver muito, mas nos oferece poucas razões para viver. Estamos juntos nesse caminho, e nele ofendemos o próximo e Deus.  Às vezes pedimos o perdão de Deus, nem sempre o do próximo, e quase nunca perdoamos. A recordação de que estamos juntos num caminho cujo fim depende de como estivemos juntos, nos ajuda a viver a ordem inversa: perdoar sempre, sempre pedir perdão ao próximo e a Deus. Nem sempre somos um exemplo de perfeição, mas sempre podemos ser um exemplo de perdão. Que Nosso Senhor e Nossa Senhora nos ensinem a amar, porque aquele que aprendeu a amar não precisa aprender a perdoar.

CASTIGO

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  Só castigamos o que é bom, mas pode ser melhor. Já pensou nisso? Por exemplo, tenho um cachorrinho fofinho, mas que estraga o sofá. Então o castigo, para que além de ser um cão fofinho seja um cão não estragador de sofá, o que o torna melhor. Assim também, um pai que vê o filho fazer algo errado o castiga, porque sabe que ele é capaz de agir melhor. Quando não temos esperança de melhora, ou ignoramos ou destruímos. Nessa linha, castigar não é desprezo, ao contrário é amor. Evidentemente não estamos falando de castigos que beirem à extinção da vida, e cada um pedirá ao Senhor o discernimento para castigar de um modo que seja pertinente, proporcional e eficaz. O Apóstolo S. Paulo dizia castigar seu corpo. E a Igreja sempre teve uma atenção muito grande para a penitência corporal. Ela é, verdadeiramente, a oração de nossos sentidos. Pela oração reza nossa alma, pela mortificação reza nosso corpo. O castigamos não por julgá-lo mal, mas por sabermos que é... traiçoeiro.  Quantas vezes com

ALEGRIA

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  O Apóstolo S. Paulo ao elencar os frutos do Espírito Santo os ordena numa ordem de doze frutos, onde o primeiro, como não poderia deixar de ser, é a caridade. Mas gostaria de olhar parar o imediatamente seguinte, isto é, a alegria. Há uma cultura da tristeza.  O mundo moderno faz nascer no coração humano tristezas absurdas, desde as tristezas de um consumismo frustrado até as tristezas por ser homem, por ser mulher, por ser mãe, por ser pai e mesmo, por estar vivo. A cultura da tristeza é a matriz da cultura da morte. Essa cultura da tristeza, não conduz à busca da alegria. Mas a busca da satisfação. E a busca da satisfação só gera insatisfação, porque nunca, jamais, em lugar algum nesse mundo estaremos plenamente saciados. Também num viés religioso podemos encontrar a cultura da tristeza. Apresentando os santos como pessoas que viveram vidas infelizes, e, portanto, são recompensados no céu com uma vida feliz. Só que nenhum santo teve uma vida infeliz. Muitos tiveram vidas muito difí

SERVO

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 Celebramos a memória de S. Pedro Claver. Nascido na Espanha, ingressou na Companhia de Jesus e pediu para vir como missionário para a América. Chegando aqui, concretamente na Colômbia, foi ferido em sua alma pelo fato da escravidão.  De fato, em grande parte graças aos jesuítas, fora proibida pela Igreja a escravidão dos índios. Mas a "obediência" dos grandes senhores à essa proibição não era por temor à Igreja, mas pelo fato de que, como nativos, os índios conheciam bem o território e podiam fugir com facilidade.  Então, a solução encontrada para a realização do trabalho em lavouras, minas etc seria a importação de escravos vindo da África, em sua maioria prisioneiros de guerras de outras tribos africanas, vendidos pelos próprios africanos e transportados para cá pelos europeus em condições sub-humanas e sob ameaças e terrores como o boato que espalhavam que estavam vindo para um lugar onde seriam comidos... Também a escravidão dos negros foi proibida pela Igreja, mas como

NATAL

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  Queridos amigos, celebramos hoje o Natal da Virgem Maria. Não se trata exatamente do seu "aniversário", mas do seu nascimento. Tal como no Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. As festas da Santa Igreja são festas litúrgicas, ou seja, não são a recordação de um dia passado, mas pelo poder do Divino Espírito Santo, são aquele fato tornado presente e atual entre nós. Por exemplo, ontem celebramos o dia da Independência. Todos nos recordamos com emoção do grito que o nosso primeiro Imperador deu às margens do Rio Ipiranga, declarando a nossa independência. Só isso. Só pensamos em algo que ocorreu, o que para nós costuma ser sinônimo de lembrar. Mas na mentalidade judaica lembrar é mais que isso. Por exemplo, quando o Bom ladrão pede a Nosso Senhor que se "lembre" dele no Seu Reino, a resposta de Nosso Senhor é: "Ainda hoje, estarás comigo no Paraíso". O verbo lembrar em hebraico têm uma força muito maior do que para nós. É quase que um arrancar do passado e t

NAÇÕES

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  Nesse dia 07 de setembro recordamos a independência do Brasil, e, por isso, o dia da Pátria. Terra de Santa Cruz! Brasil! Terra que teve por primeiro ato oficial o Santo Sacrifício da Missa! Quantas nações começaram assim? Ao pensarmos em tão estupenda manifestação do amor de Deus por nossa nação, poderíamos dizer como o salmista: " taliter non fecit omni nationi ", não fez assim com nenhuma outra nação! Num mundo que caminha para o globalismo, para o rompimento de todas as fronteiras, celebrar a nossa nação pode parecer algo até anti-cristão. Mas não é assim. A existência de nações, países, é da vontade de Deus. E o respeito por esses limites também. Quando a Inglaterra e a França, dois reinos cristãos, estavam em disputas territoriais Deus Nosso Senhor, particularmente através de S. Miguel, suscitou S. Joana d'Arc. E a missão da Pucelle não era dizer: "Ok, somos dois reinos católicos, assim fica tudo em casa..." Mas em fazer coroar o Delfim e restabelecer a

SIMPATIA

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  Sou padre, mas acho que não têm nada demais de vez em quando, fazer uma "simpatia". Existe uma que eu conheço e já repassei várias vezes. É uma simpatia para se ter mais tempo. Assim é a simpatia: numa noite de lua minguante, você vai com a sua televisão até um lugar alto. Pulando com o pé direito três vezes, você olha para baixo gritando: "Sai de baixo!" E jogue a televisão. Na mesma hora você verá como o seu tempo será multiplicado. Essa simpatia era infalível até uns vinte anos atrás. Como a tecnologia avançou talvez seja necessário colocar mais coisas com a televisão (Celular, tablet, computador...). Queridos amigos, a primeira frase é só para dar humor, ok? Fazer simpatia é pecado!  Quando temos a sensação de que nos falta tempo para coisas importantes, precisamos nos perguntar se não estamos dando tempo demais para coisas sem importância. Precisamos usar dos bens desse mundo com temperança (porque ainda que possamos prescindir da TV; o celular, o computador

COMPANHIA

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  Imagem que o Cura d'Ars colocou em sua paróquia com o nome de todos os paroquianos no interior do Coração de Maria. A devoção das primeiras sextas-feiras foi pedida por Nosso Senhor à S. Margarida Alacoque, no séc. XVII como um conjunto de promessas, sendo a última que aqueles que comungarem durante nove primeiras sextas-feiras receberão do Coração de Jesus a perseverança final e a salvação eterna. Em Fátima, Nossa Senhora afirma ser a vontade de Deus estabelecer no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração. A própria razão pela qual Lúcia "não iria logo para o céu" seria para propagar a devoção ao Imaculado Coração. Passado o ciclo das aparições (maio-outubro/1917), em 10 de dezembro de 1925, a Virgem junto com o Menino Deus apareceu à Ir. Lúcia e pediu que os cinco primeiros sábados fossem dedicados à reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Mas por quê cinco? Porque cinco são os pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria: 1. blas

CORAÇÃO

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  Tantas devoções animam o povo cristão. E cada alma encontra as suas próprias que as aproximam mais de Deus Nosso Senhor, de Sua Mãe Santíssima e dos Santos. É bom que cada fiel busque ter suas devoções, poucas e constantes, com a colaboração de seu diretor espiritual e as viva fielmente. Mas poderíamos dizer que certas devoções são como que "obrigatórias". Não se poderia imaginar um bom católico que não cultivasse com terníssima piedade certas devoções como o escapulário, o Rosário, os primeiros sábados e, como hoje, as primeiras sextas-feiras.  Nelas, hoje, olhamos com mais carinho esse Coração que tanto amou os homens e que em troca só recebeu ingratidão, cruz, espinhos e açoites. E não só naquelas horas amargas da Paixão, mas todos os dias, todos os tempos. Olhamos para esse Coração como se fôssemos um pobre diante da casa mais linda e que nela começa habitar pelo desejo. E nessa contemplação, o dono da casa, abre as portas e nos convida a entrar, nos proporciona a mais

ANTES

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  Hoje a Igreja celebra a memória de S. Gregório I, realmente Magno, ou seja, um dos maiores Papas que a Igreja já teve. Tendo tido uma carreira política, decide abraçar a vida monástica e converte sua própria casa num mosteiro, vivendo sob a regra de S. Bento, do qual será o primeiro e mais abalizado biógrafo. Celebramos sua memória no dia em que subiu à Cátedra de S. Pedro, há exatos 1.530 anos. A vida de S. Gregório poderia ser dividida em 4 momentos: a carreira política em Roma, da qual chegou a ser prefeito, como o tinha sido seu pai; a vida monástica no mosteiro que fundou sob o patrocínio de S. André, por quem tinha especial devoção; o tempo como apocrisiário (representante do papa) em Constantinopla, e o Papado. A única opção realmente sua foi a de ser monge. As outras foram frutos das circunstâncias e das suas incríveis habilidades intelectuais e políticas. Quando se tornou Papa, S. Gregório teve um grandíssimo cuidado com a oração e, particularmente com a Liturgia da Missa. A

CARIDADE

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  Um padre entrou num convento de freiras para dar a Unção dos Enfermos à uma irmã. Num dado momento a religiosa começou a chorar.  O padre preocupou-se e perguntou: "O que houve, irmã? Não lhe tratam bem?" E a freira respondeu: "Não, padre! Aqui me tratam com muita caridade." E o padre então perguntou: "Então o que acontece?" E a irmã concluiu: "Aqui me tratam com caridade, mas em casa, minha mãe me tratava com amor!" Caridade é sinônimo de amor, Charitas em latim significa tanto amor como caridade. Mas nós criamos uma distinção nessa palavra. Amor para nós é algo terno, belo, forte... e caridade é algo mais formal, algo que fazemos... Talvez por isso, S. Francisco ao escrever aos primeiros frades e aos futuros dizia que um devia ser "mãe" do outro. Ser mãe, para S. Francisco era amar. Amar como ama uma mãe. E os frades buscaram compreender e viver isso. Cada um a seu modo... S. Junípero, um dos primeiros companheiros de S. Francisco,