PRÓPRIO




 Celebramos hoje a impressão dos Sagrados Estigmas de S. Francisco de Assis.

Sobre S. Francisco muito se escreveu, e hoje até poderíamos dizer que muito se filmou. E em alguns coisas não só "muito", mas também "demais". Perdendo o foco, perdendo o centro da vida de S. Francisco que não foi outra coisa que tornar-se um outro Cristo. Mas não um outro, no sentido de que possam haver vários cristos, só há Um Cristo, por isso, tornar-se um outro Cristo significa tornar-se o próprio Cristo.

De modo que não se trata de uma imitação exterior, mas de uma obra interior que pode ser tão intensa     que acabe por romper no exterior. Assim aconteceu com S. Francisco.

O caminho que S. Francisco trilhou poderia ser compreendido nas seguintes etapas:  sua vida antes da conversão (onde certamente Francisco vivia os valores cristãos, mas tibiamente - após a revolução de 1968 parece que se quer apresentar que todos os santos antes de sua conversão eram praticamente maníacos sexuais, desculpem a franqueza); o início da sua conversão que coincide com o fracasso militar; a misericórdia para com os leprosos; a reforma de S. Damião e o propósito da pobreza, renunciando aos bens paternos; o ajuntamento dos "irmãos", ou seja a fundação da Ordem; a vida dentro da Ordem; o ser posto de lado na própria Ordem junto com os frades mais próximos; a estigmatização e a morte.

Assim, em S. Francisco o caminho que o une a Cristo é o caminho da pobreza. Daí seu desejo de fazer-se pobre e de ter uma profunda adoração por dois mistérios da extrema pobreza do Senhor: o Seu Nascimento num estábulo e a sua Morte na Cruz.

Além disso, S. Francisco nutrirá profundíssimo gosto pela adoração eucarística, onde o Senhor se apresenta, nas palavras do Santo com "humildade sublime e humilde sublimidade".

A consideração da Cruz porém, vai se tornando cada vez mais frequente na vida do Santo que se utiliza especialmente das penitências corporais como modo de unir-se a Cristo na Cruz.

Dois anos antes de sua morte, ou seja em 1224, no mês de setembro, estava S. Francisco no Monte Alverne que havia recebido como uma espécie de lugar de retiro e oração. Lá fazia uma quaresma em honra de S. Miguel. Quando teve a visão de um Serafim Crucificado. Compreendendo que os anjos não podem estar crucificados, sabe que ali, diante de seus olhos, está o Cristo apresentando-lhe os Seus Sofrimentos e as Suas Dores físicas e morais no momento da Crucificação. Cheio de amor e de dor, Francisco adora o Senhor que o olha com imensa ternura. 

Partem então do Divino Serafim cinco raios que provocam cinco feridas no corpo de S. Francisco, porém essas feridas não são como geralmente se representam, à exceção da ferida do lado. Realmente, S. Francisco passa a ter o seu lado aberto, como se fosse perfurado por uma lança. Uma ferida onde os dedos de um homem poderiam penetrar, como acontece certa vez.

Mas nas suas mão e nos seus pés não surgem feridas, mas a sua própria carne se converte em cravos negros cujas cabeças ficavam nas palmas das mãos e da parte superior dos pés, enquanto que no dorso das mãos e na palma dos pés tinha-se a impressão de que a carne havia se transformado em ferro retorcido.

Os estigmas são para S. Francisco a consumação de sua união com Cristo, o tornar-se realmente um Crucifixo vivo. A partir de então sua saúde e sua visão em particular entrarão num lento declínio. Ele tentará, o quanto possível, esconder o que aconteceu, exceto de seu superior, Frei Elias.

Por dois anos ainda, viverá a sua Crucificação até o dia em que sem nada seu, como o Divino Salvador, entregará suas almas nas mãos daqu'Ele a quem buscou reproduzir em si mesmo a vida.

Peçamos ao Senhor a graça de viver bem as pequenas ou grandes cruzes que aparecem em nossa vida, de modo que como Paulo e Francisco possamos dizer trazemos em nosso corpo a morte do Senhor para que a Sua vida se manifeste.

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