ALEGRIA

 

O Apóstolo S. Paulo ao elencar os frutos do Espírito Santo os ordena numa ordem de doze frutos, onde o primeiro, como não poderia deixar de ser, é a caridade. Mas gostaria de olhar parar o imediatamente seguinte, isto é, a alegria.

Há uma cultura da tristeza. 

O mundo moderno faz nascer no coração humano tristezas absurdas, desde as tristezas de um consumismo frustrado até as tristezas por ser homem, por ser mulher, por ser mãe, por ser pai e mesmo, por estar vivo.

A cultura da tristeza é a matriz da cultura da morte.

Essa cultura da tristeza, não conduz à busca da alegria. Mas a busca da satisfação. E a busca da satisfação só gera insatisfação, porque nunca, jamais, em lugar algum nesse mundo estaremos plenamente saciados.

Também num viés religioso podemos encontrar a cultura da tristeza. Apresentando os santos como pessoas que viveram vidas infelizes, e, portanto, são recompensados no céu com uma vida feliz.

Só que nenhum santo teve uma vida infeliz. Muitos tiveram vidas muito difíceis, de muito sofrimento. Mas todos viveram na alegria.

E é aqui que começamos a compreender a alegria como fruto do Espírito Santo. Todos os Santos viveram na alegria. Nem todos foram cômicos como um São Filipe Néri, mas todos foram profundamente alegres. Uma alegria tão enraizada  que nenhum sofrimento é capaz de arrancar.

Estabelecendo uma relação entre as palavras, o oposto da alegria não é o sofrimento, mas a tristeza.

A tristeza é a filha predileta do demônio como dizia S. Francisco de Assis, que nos seus arroubos de alegria espiritual pegava dois galhos secos e começava a fazer de conta que tocava um violino... É filha do diabo porque qual é a única vontade do demônio: afastar-nos de Deus pelo pecado. De modo que, sua tática mais comum são as tentações, levando-nos a cometer pecados. Só que, progredindo na vida espiritual, ao reconhecermos uma tentação, nossa alma imediatamente sente uma repulsa e nossa consciência nos avisa do mal. 

Não conseguindo por esse método, o diabo tenta nos lançar na tristeza, na melancolia, no sentimento de que nada valeu a pena e que somos as pessoas mais sofridas do mundo... e assim, o pecado que não entrou pela tentação entra pela tristeza, e entra com mais força, porque, sentindo-nos esquecidos por todos - até por Deus - perdemos qualquer desejo de amar a todos, até a Deus.

Para combater a idéia de que a vida infeliz aqui nos dá em recompensa a vida feliz no céu, alguns santos afirmavam que "só será feliz no céu, quem foi feliz na terra."

E então percebemos que ser feliz não é exatamente... fácil.

Ser feliz passando pelos sofrimentos, contradições, dificuldades, doenças, morte....

Sim. Só quem for feliz passando por tudo isso será feliz no céu.

Porque, e aqui voltamos ao início, descobrimos que a alegria é fruto de um Outro. Não são cócegas em nossa barriga, mas um fruto do Espírito Santo, concedido a quem pede. A cultura da tristeza leva o homem a um movimento centrípeto, ou seja, cada vez mais olhando para si mesmo e buscando ver tudo o que lhe falta real ou imaginariamente. 

Já o que é movido pelo Espírito Santo, vive uma força centrífuga, que o joga para fora de si mesmo, que lhe faz não olhar tanto para si (fonte de desolação em todos os sentidos), mas em olhar para fora de si: primeiramente para Deus, fonte de alegria, e para tantos irmãos a quem ela falta e nos faz sentir no dever de alegrar-lhes.

A alegria, que Nosso Senhor promete que ninguém nos tirará, não será o pleno cumprimento de nossas vontades. Isso é infantilidade. A alegria que ninguém pode tirar, é a certeza de que Ele, pelo seu Espírito, mora em nossas almas.

Não é à toa que S. Bernardo ao falar das alegrias do céu, dirá que uma das maiores será contemplarmos a presença de Deus em nossa alma. Algo que tão constantemente esquecemos nessa vida.

Ei! Aloou! É com com você mesmo! 

Sabia que Deus mora em você? Sabia que Ele é seu Pai, seu Amigo, seu Redentor, seu Pão quotidiano? Sabia que Nossa Senhora está sempre com você? Sabia que nada nesse mundo dura para sempre? Eu não vou dizer que "um dia vamos rir disso", eu vou dizer que um dia "isso" se terá dissolvido completamente porque "tudo passa, só Deus não muda, a quem Deus tem nada falta. Só Deus basta! E o céu é isso: Só Deus.

Ficou contente? Ótimo, nos vemos lá!

Nada disso alegrou você?

Bem....

O que você acha do calor?

Comentários