CRUZ

 

"E o que vencera na árvore do paraíso, fosse vencido na árvore da cruz".
É assim que Deus age.
Alguém perguntou certa vez, porque Deus não destrói o diabo?
Porque não é da essência de Deus destruir, mas criar. E se a criação se volta contra Ele, a sua solução é recriar. Assim rezam os sacerdotes ao misturarem o vinho e água na Santa Missa: "de modo admirável criastes e ainda mais admirável renovastes o gênero humano".
Se a criação do homem tirado do barro já era admirável, muito mais é o novo nascimento concedido pelo Lenho da Cruz.
Um Deus que cria, já é digno de toda honra, glória e adoração.
Mas um Deus que se rebaixa, se faz homem, para morrer por causa de nós!
Um Deus que, como diz o precônio pascal, "para libertar o escravo, entrega o Filho" nos constrange com tanto amor.
E por isso tudo é adorável instrumento o Santo Lenho da Cruz, que a Igreja em sua liturgia louva como estandarte do Rei, trono real, árvore esplêndida e bela ornada com a púrpura do Sangue de Cristo, madeiro sagrado.
Assim a Igreja presta, de modo especial hoje, a sua adoração à Cruz.
"Adoramos, Senhor, a vossa cruz. Vossa Ressurreição nós celebramos. Veio a alegria para o mundo inteiro, por essa cruz que nós hoje veneramos."
No Rito Tradicional encontramos duas comemorações referentes à Santa Cruz: invenção e exaltação. A invenção (que em latim quer dizer descoberta) recorda o dia em que S. Helena, mãe do Imperador Constantino encontra a Preciosíssima Relíquia que havia sido escondida pelos Apóstolos para que não fosse destruída. E a Exaltação recorda o dia em que a adorável Relíquia volta a Jerusalém depois de ter sido roubada por um rei persa.
O Imperador então, traz com grandes honras as Relíquias da Cruz para Jerusalém, e as leva solenemente vestido com as melhores vestes cerimoniais. Ao chegar na porta da cidade, algo o impede de caminhar. Não consegue dar um só passo. O Bispo S. Zacarias vem ao encontro do imperador e recorda-lhe que o Rei dos reis carregou aquela cruz humildemente, sem glórias e sem pompas, humilhado e como instrumento de nossa redenção.
O rei despe-se. Fica unicamente com uma túnica de penitente. Descalço. Sem a coroa de ouro. Assim entra na cidade e repõe a relíquia.
Queridos amigos, muitas vezes pode nos parecer pesada demais a cruz. Mas, o que mais pesa, a Cruz ou as honras humanas que queremos manter a todo o custo? Se Deus não precisa de nossa honra, para quê a queremos? Se Ele permite que falem mal de nós, nos humilhem e nos considerem uma escarradeira mundial, o que importa? Não é o peso da cruz que nos impede de andar, porque é sobre Cristo, que caminha conosco, que fica a parte mais pesada. Mas é o peso de nossos orgulhos, que não nos permite andar.
Lancemos fora. Abracemos essa cruz, beijemos o bendito madeiro e sigamos com Cristo rumo ao Calvário-Tabor para onde nos conduz.



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