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Mostrando postagens de setembro, 2019

LÁZARO

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Jesus contou muitas parábolas. Os personagens das parábolas de Jesus são sempre personagens sem nome: um pai, o filho mais novo, um pastor, um rei, um homem... Só um personagem em todo o compêndio das parábolas do Senhor recebe um nome: o pobre Lázaro. O seu nome, porém, parece uma piada: Lázaro quer dizer "O Senhor ajudou." Foi justamente àquele que nunca foi ajudado que Jesus deu o nome de "O Senhor ajudou". Quanto ao rico, não importa seu nome. Alguns o chamam de "Epulão" mas epulão quer dizer em português: alguém que dá muita festa... Não é o seu nome, é só um adjetivo. O rico sem nome chama-se apenas rico. O auxílio divino de "O Senhor ajudou" se manifesta na sua hora final. Ele morre, e já que era um "invisível", são os espíritos angélicos invisíveis que o conduzem para o seio de Abraão, para o colo do pai de todos os crentes. "O Senhor ajudou" não foi muito ajudado. Talvez pudesse em algum momento questionar

MIGUEL

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No dia 29 de setembro a Santa Igreja recorda atualmente a festa dos três arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael. Essa festa teve origem na dedicação de uma Igreja romana ao Arcanjo São Miguel na Via Salária, durante o século IV. A Igreja recorre aos três Arcanjos para pedir que seja protegida na terra por aqueles que servem a Deus nos céus. Sabemos que Deus criou os seres espirituais para sua própria glória e para o serviço dos seres humanos e de toda a criação. Assim os três primeiros coros angélicos servem diretamente a Deus, os três seguintes ordenam o Universo e os três últimos protegem as pessoas e as instituições da humanidade. Os arcanjos são o penúltimo coro angélico, uma vez que anjo significa mensageiro, os arcanjos são os grandes (arche) mensageiros, os três cujos nomes conhecemos foram os portadores da cura de Deus, do poder de Deus e da encarnação de seu Verbo, e da vitória de Deus sobre todas as coisas, especialmente sobre o demônio, que, sendo um serafim rebelou-se contr

MEDO

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Uma vez alguém me disse que ninguém pode ter medo de nós, e se um dia soubermos que alguém tem medo, devíamos pegar um cilício e nos batermos com ele até sangrar. Penso que a pessoa deve ter confundido cilício com disciplina, porque bater-se com um cilício seria algo bem... doloroso... Mas enfim... fiquei refletindo nisso. E, me consolei um pouco quando vi que também os discípulos tinham medo de Jesus. O medo é filho da ignorância. Geralmente o medo é fruto do que eu projeto sobre determinada realidade que, por me ser desconhecida, fica mais exagerada do que realmente é. Existem duas formas de ignorância: uma vencível e outra invencível. A vencível está ligada aquela abertura de alma para conhecer o desconhecido. A invencível está ligada aquela teimosia e estreiteza de pensamento própria de quem simplesmente "não quer saber". Quando Jesus fala da cruz, os apóstolos se blindam com essa segunda ignorância. É claro, mas não querem entender. Por isso tem medo de Jesus.

AMOS

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Certa feita me contaram sobre um padre que tinha organizado uma casa para acolher menores abandonados. Alguns anos depois marcaram uma missa para comemorar o aniversário da casa: bispos, padres, prefeitos, desembargadores, vereadores, todos sentados nos primeiros lugares, os menores lá atrás. Perguntaram ao padre se queria dizer algo. Ele disse que sim. Mandou que todos se levantassem e dessem seus lugares para os menores. A casa era deles, a festa era deles, tudo ali é por eles. Parece que também mandou todo mundo se ajoelhar e pedir perdão aos menores. Bem... Eu penso que em todas as iniciativas caritativas ronda a tentação da superioridade, de considerar que aquele a quem nos dirigimos é menos do que nós... Não dizemos isso, mas muitas vezes agimos assim. São Vicente de Paulo tinha como uma ideia fixa chamar os pobres de "amos e senhores" assim ele entendia que o "necessitado" era ele. O "necessitado" de pobres. Os pobres para S. Vicent

CRIANÇAS

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São Cosme e São Damião não eram crianças. Na verdade eram bem adultos, e médicos. Mas em nosso país, geralmente quando se pensa neles se pensa em crianças. Penso que isso se deve ao sincretismo com as religiões de matriz africana, e acabou criando quase que um "inconsciente coletivo" onde Cosme e Damião estão para crianças como Maracanã para futebol... Mas, na verdade. Na verdade mesmo, eles foram crianças. Todos os Santos foram. Amaram com a pureza das crianças. Perdoaram com a rapidez das crianças. Esperaram pelo céu com a impaciência das crianças. Creram com a força das crianças. Enfrentaram o martírio confiando na mão de Deus que os sustentava como a criança enfrenta a vacina apertando as mãos dos pais. Os primeiros mártires a entrar no céu foram justamente crianças, os Santos Inocentes. Depois deles, a porta, além de estreita, ficou baixa. Só quem se abaixa, entra. Só quem se faz criança pode entrar.

DEMÔNIOS

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Ok, eu sei que esse título deve ter incomodado um pouco você. Mas é preciso falar sobre ele. Aliás, na própria Bíblia, se compararmos as referências ao Espírito Santo e ao demônio, esse último aparece mais... Então alguma importância ele deve ter, e simplesmente ignorá-lo é cumprir um dos seus planos prediletos. Nos últimos anos o debate acerca do demônio ficou polarizado entre existe e não existe. Para alguns ele existe, para outros ele não existe como um ser pessoal, mas sim como uma personificação mitológica do mal. A Igreja, especialmente através do Papa Paulo VI, repetiu e reafirmou a sua doutrina acerca do demônio, dizendo que se trata de um ser pessoal, perverso e pervertedor. Ponto. Então dizer que ele não existe é colocar-se fora do ensinamento da Igreja. Mas penso ser importante não jogar de todo fora, o pensamento dos que dizem que ele não existe. Muitos deles buscam afirmar a sua idéia através da compreensão da palavra diabo, que em grego seria consider

LIBERTAÇÃO

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Celebramos a festa de Nossa Senhora das Mercês. A Santíssima Virgem apareceu a S. Pedro Nolasco no século XIII para que fosse fundada uma ordem dedicada ao resgate dos cristãos escravizados pelos muçulmanos. Caso não houvesse condições para a libertação e o escravo corresse o risco de perder a fé, os próprios membros da ordem faziam um voto para entregarem-se no lugar do escravo. Queridos amigos, mais importante que a liberdade é a fé. Aliás a fé é fonte de verdadeira liberdade. A Virgem das Mercês, ou da Misericórdia, ou mesmo da Libertação nos faça enxergar as correntes que invisivelmente vamos colecionando em nossa vida e que nos ameaçam o dom mais precioso: a fé.

PAI

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Resumir uma vida numa palavra não é facil... uma vida de 81 anos é mais difícil ainda. E se consideramos que se trata da vida de um dos maiores místicos e santos da Igreja compreendamos a dificuldade dessa missão... Mas em relação à Padre Pio recebemos uma ajuda: Padre. De fato, a paternidade permeia a vida de São Pio que qual novo Moisés tomou sobre seus ombros o peso de uma nação: a nação dos filhos espirituais. A filiação espiritual para S. Pio era, como tudo em sua vida, um mistério. Alguns o buscaram, outros foram buscados por ele, mas todos se tornaram seus filhos, filhos de seu sangue. Padre Pio ofereceu-se ao Senhor no dia de sua ordenação sacerdotal como sacerdote santo, vítima perfeita, e o Senhor acolheu essa oferta. Fez de São Pio, um outro Cristo: Sacerdote, Altar e Cordeiro. Padre Pio sacerdote oferece a Deus o Santo Sacrifício da Missa, incruento, mas oferece cruentamente o seu sofrimento pelos seus filhos, cada dor, cada doença, cada humilhação, cada perseg

PERDER

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"O senhor louvou a esperteza do administrador desonesto". Assim diz Nosso Senhor no Evangelho de hoje. O "senhor" de que Jesus fala não é o "Senhor", Deus, mas o "senhor" o dono da propriedade onde o administrador desonesto trabalhava. Mas o que gostaria de ressaltar é que Jesus chama de "esperteza" a atitude do administrador. Qual foi a "esperteza" do adminsitrador? Ele descobriu uma coisa que a maioria das pessoas ou não descobre ou não aceita: para ganhar é preciso perder. Nós, filhos da luz, passamos a vida querendo tudo e não admitimos perder. A perda para nós é sempre luto, não conseguimos conciliar a perda e a alegria, porque não acreditamos que para ganhar é preciso perder. O administrador abre mão de um dinheiro imediato para poder se tornar amigo de pessoas que o receberiam em suas casas quando fosse demitido. Nós não queremos abrir mão de nada para nos tornarmos amigos de Deus e sermos recebidos por Ele no céu

EU?

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Não sou um grande conhecedor de obras de arte, mas um pouco, certamente conheço. Não sei se por ser verdade, ou pelo meu pouco conhecimento, penso que ninguém retratou tão bem a vocação de Mateus como Caravaggio. Meio que escondido na escuridão está o Cristo. Nenhuma luz o ilumina, ele mesmo é luz, dramaticamente sua mão direita se ergue e aponta. Ali está como que uma outra cena: um homem sentado. Em torno desse homem estão um velho, uma mulher, um adolescente cabisbaixo e um jovem armado de espada. O homem tão dramaticamente como foi apontado aponta para si mesmo, como quem não acredita ser ele mesmo o destinatário daquele apontar. No centro da cena uma janela aberta, mas nenhuma luz entra por essa janela, mas vem do alto, de cima do Cristo apontador. Eu? Os olhos surpresos de Mateus parecem questionar a escolha. Eu? O velho parece sugerir a Mateus que não acredite nesse chamado. A mulher, simbolicamente está entre Cristo e Mateus, como se diante dele estivessem duas escolh

CONTRIÇÃO

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Ao relatar pela primeira vez ao seu diretor espiritual sobre os estigmas, Padre Pio escreve uma carta, onde fala de dor, sofrimento, vergonha... e termina com um trecho de um salmo: "Senhor, não me castigues em tua ira!" Podemos distinguir em S. Pio dois momentos distintos de compreensão acerca dos estigmas, um, mais breve que durou os primeiros três ou quatro anos onde ele os considerou um castigo merecido por seus pecados. E os 46 anos seguintes em que os considerou como um dom para os irmãos. Na mente prática de S. Pio as pessoas queriam estar com ele para verem os estigmas ou para poderem se beneficiar de algum outro dom místico do Santo. Sendo assim, Padre Pio como que estabeleceu que os que o quisessem ver, assistissem à Missa e os que quisessem falar com ele, se confessassem. Compreendia que os estigmas eram "iscas" para levar as pessoas para a Santa Missa e para a Confissão. Sua Missa nessa época era breve. Não costumava passar uns 30 ou 40 minutos. As

NÃO

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Algumas vezes Nosso Senhor foi alvo dos afetos das pessoas que conviveram com Ele. Mas há alguns momentos em que esse afeto é realçado pela falta de afeto de outros. Assim por exemplo, na unção de Betânia, a grandeza de alma de Maria torna ainda mais evidente o caráter ladrão de Judas. Também na casa do Fariseu Simão, os seus "nãos" são denunciados pelos "sins" daquela pecadora que amava. Não beijastes, não lavastes, não derramastes... Não para de beijar, lava com as lágrimas, derrama perfume, enxuga com os cabelos... Cada ação da mulher pecadora denunciava o pecado do fariseu que se achava santo. Também nós às vezes somos constrangidos pelo sim de alguém que julgamos pior do que nós. No amor o limite é amar sem medida. Não reduzamos às nossa estreitezas o dom de amar.

PIRRAÇA

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Thomas Merton afirma que a maturidade se dá quando despertamos a consciência para a existência do outro. Com todo respeito, eu acrescentaria que além disso, é quando começamos a fazer o que dizemos desejar. Me explico: todos queremos ser santos. Pelo menos espero que sim. Mas quando começamos a agir como quem ser santo? Às vezes... nunca. E para não sermos obrigados a olhar para nós mesmos, escolhemos olhar para os outros, especialmente para o que nos desagrada neles. Não gostamos que cantem. Mas também não queremos que chorem. Achamos o jejum um absurdo e o comer um abuso. Queremos passar as férias na serra e ainda assim irmos à praia... É mais fácil ser assim. Porque nunca o problema será nosso, mas do outro, da natureza, do clima, de Deus... A pirraça espiritual é apenas o fruto de quem quer mudar sendo sempre o mesmo.

IMAGEM

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Dia 17 de setembro a Família Franciscana celebra os estigmas de São Francisco. A estigmatização de S. Francisco além de ser a primeira na história, é também única. Outros místicos também passaram por essa experiência é verdade, mas os estigmas de S. Francisco não foram apenas feridas, mas a sua carne se tornou como que os pregos que crucificaram Nosso Senhor, assim na parte superior dos pés e na parte interna das mãos a sua carne assumiu uma cor escura e a forma da cabeça dos cravos, somente o seu lado era uma ferida, como que se fosse transpassado por uma lança. São Boaventura preza por apresentar S. Francisco como "outro Cristo", a estigmatização é já o acabamento dessa obra, aquilo que já estava presente no espírito, se torna visível na carne. Francisco mesmo se torna um "crucifixo" um crucificado. Não está ali uma imagem de pedra, ou madeira, mas de carne, vivente e real. Francisco e Cristo se confundem. São um só. Dilectus meus mihi et ego illi. O meu a

DIGNO

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A Igreja é Mãe e Mestra. Como Mestra, sabe que a repetição é "a mãe dos estudantes", ou seja que repetir uma coisa é o caminho mais fácil para que isso se grave em nossa mente. Não é à toa que em toda a Missa repetimos certas orações, que nos fazem considerar a santidade de Deus, sua grandeza, seu poder. Mas há uma que se refere a nós: Não sou digno. Senhor, eu não sou digno... Na Liturgia Antiga essa frase era repetida seis vezes, três pelo celebrante e outras três pelo povo. É uma oração que foi dita pela primeira vez por um centurião romano, um homem bom, piedoso e generoso a ponto de construir uma sinagoga, e misericordioso a ponto de preocupar-se com seus servos. É interessante que os judeus digam a Nosso Senhor que o centurião "merece", mas depois o próprio centurião por mensageiros diga Jesus que não merece, não é digno. Queridos amigos, a ideia da indignidade pode parecer algo como uma "menos-valia espiritual", mas não é. A ideia da indign

PAI?

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Na Parábola do filho pródigo Nosso Senhor nos fala de um pai que tinha dois filhos. Será? Nós sabemos que existem filhos que, por tantos motivos, não têm pais. Mas o pai dessa parábola é um pai sem filhos. Sim, ele tinha dois. Mas nenhum dos dois o desejava, o queria como pai. O mais novo queria o dinheiro. O mais velho o cabrito. Ninguém queria o pai. Esse pai, porém, já descobrira que há mais alegria em amar do que em ser amado. E amava os filhos, ainda que nenhum dos dois o amasse. O filho mais novo sai de perto fisicamente. O mais velho nunca esteve próximo espiritualmente. Sem dinheiro, o mais novo tem um novo desejo. O pai? Não, só a comida do pai. Não se preocupa em voltar a ser filho. Só quer ser empregado, como o mais velho costumava se considerar. Mas o pai que encontra mais felicidade em amar que ser amado, festeja o filho que volta por causa da fome. Festeja pelo filho, mas festeja por si também. Porque onde há amor, há sempre festa. Não importam as motivaç

DIVIDE

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Recordando Nossa Senhora das Dores, temos quase que espontaneamente a ideia de devotamente pedirmos à Virgem que, tendo sofrido tanto, venha Ela aliviar as nossas dores. Certamente Nossa Senhora como boníssima Mãe que é, escuta essa nossa oração e se compadece de cada um de nós. Porém, a Igreja reserva para a Celebração das Dores de Maria uma sequência, chamada Stabat Mater, escute:  Não sei se você percebeu algo diferente. Nessa oração, ao invés de pedirmos que a Virgem alivie as nossas dores, o pedido é de que Ela divida conosco as dores d'Ela. Queridos amigos, existem coisas boas. E coisas melhores. Mais meritório do que olharmos para as nossas dores e pedirmos alívio é termos a coragem de pedirmos ter em nós as dores de Maria. Talvez hoje ainda não consigamos pedir isso. Ela é Mãe. Terá paciência. Mas que, um dia, peçamos.

REPULSA

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Por que Nosso Senhor fala-nos tanto de Cruz? Porque a Cruz nos é repugnante. Causa-nos repulsa. Ninguém saudável deseja o sofrimento. E tudo o que nos causa sofrimento, naturalmente nos causa repulsa. A insistência do Senhor em falar-nos da Cruz é justamente para que sejamos capazes de vencer essa natural repulsa e convertê-la num amor sobrenatural. A Cruz é a ciência de Deus, nos recorda o Apóstolo. Porque é por ela que somos capazes de converter a nossa percepção rasteira numa visão celestial. A Igreja canta à Cruz de um modo que parece beirar a loucura. Como se cantar ao que leva à morte?! Como se louvar o patíbulo? Como beijar o instrumento de tortura mais infame que a humanidade conheceu? Regnavit a ligno Deus. Deus reinou a partir da cruz. A cruz não é ponto de chegada, mas de partida. Ele não reina apesar da Cruz, reina a partir da Cruz. Mas nós temos repulsa. Também Ele a teve: Pater si vis... Pai, se queres, afasta... Non mea sed tua.. Não a minha, mas a tua. Fiat

BOA CRUZ

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Ao ver a Cruz em que seria crucificado o Apóstolo S. André exclamou:  Ó boa cruz, que do Corpo de Jesus recebeste a formosura, tanto tempo desejada, tão ardentemente amada, sem descanso procurada! Para a minha alma ansiosa estás por fim preparada! Retira-me dentre os homens e devolve minha vida ao Mestre a quem pertenço! Por ti me receba aquele que por ti me resgatou. Amém.

OURO

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Celebrando a Memória do Bispo de Constantinopla São João, olhamos espontaneamente para o "apelido" que lhe puseram e que acabou por unir-se ao seu nome: Crisóstomo, que em grego significa Boca de Ouro. O chamavam assim por causa de suas belíssimas pregações. Mas qual era a beleza? A beleza não era a sua oratória ou seus recursos linguísticos. O ouro que trazia em sua boca era a verdade. Foi esse o ouro que o fez perder tudo. Pela verdade se recusou a ser um bispo da corte de Constantinopla para ser um bispo do povo. Por esse ouro, recusou o ouro do palácio. Por esse ouro, atraiu sobre si a ira de Eudoxia, a Imperatriz que conseguiu através de um sínodo fajuto que o Arcebispo fosse condenado ao exílio. Somente um terremoto foi capaz de fazer com que a ímpia imperatriz percebesse que estava atraindo sobre si a ira de Deus e o Bispo foi recolocado em sua cátedra. Mas poucos depois, quando quis comemorar a inauguração de sua própria estátua, a Imperatriz teve que ouv

NOME DOLCISSIMO

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ORAÇÃO A MARIA, ESTRELA DO MAR

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                    E o nome da Virgem era Maria (Lc. 1, 27). Falemos um pouco deste nome que significa segundo se diz, Estrela do mar, e que convém maravilhosamente à Virgem Mãe. .... Ela é verdadeiramente esta esplêndida estrela que devia se levantar sobre a imensidade do mar, toda brilhante por seus méritos, radiante por seus exemplos.       Ó tu, quem quer que sejas que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.        Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.        Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.        Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.        Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vis

PROVA INFALÍVEL

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Quando eu soltar meu último suspiro; quando o meu corpo se tornar gelado, e o meu olhar se apresentar vidrado, e quiserdes saber se inda respiro, Eis o melhor processo que eu sugiro: — Não coloqueis o espelho decantado em frente ao meu nariz, mesmo encostado, porque não falha a prova que eu prefiro: Fazei assim: — Por cima do meu peito. do lado esquerdo, colocai a mão. e procedei, seguros, deste jeito: Dizei “MARIA!” junto ao meu ouvido e se não palpitar meu coração, então é certo que eu terei morrido! Pe. Manuel Alburquerque

NOME

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"E o nome da Virgem era Maria". Assim pela primeira vez São Lucas nomeia a Santíssima Virgem. Maria. Tudo indica ser um nome razoavelmente comum naquele tempo, como o é no nosso. Maria. Todavia, n'Ela esse nome assume uma força, um poder, uma grandeza que não conseguimos expressar. Maria. Mesmo os anjos diante desse nome, reconhecem mais que um nome, mas um brado de guerra capaz de fazer fugir as potências infernais. Maria. Os cristãos, mesmo nas horas mais amargas da vida, ao pronunciarem esse nome sentem em suas bocas uma doçura mais suave do que o mel. Maria. Nome dulcíssimo que, por ordem de Deus, faz tremer o inferno. Maria. Que ao nome de Jesus se dobre todo joelho. E ao que nome de Maria, se encham de graça todos os corações.

POBRES

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Ao ouvirmos as bem-aventuranças na narração de São Lucas, chama-nos a atenção algumas diferenças com aquelas narradas em São Mateus. Alguns escritores antigos referem-se a uma coleção de ditos do Senhor e a existência de uma primeira versão do Evangelho de S. Mateus em aramaico, que certamente serviram de base para S. Lucas em seu Evangelho. O evangelho de Mateus que temos é, provavelmente posterior ao próprio evangelho de Lucas, de modo que em Lucas encontramos alguma originalidade maior das palavras do Senhor. Desse modo, podemos compreender que a pobreza "de espírito" a que se refere S. Mateus traz esse acréscimo para explicar a que tipo de pobreza se referia Nosso Senhor. Não se trata da pobreza social, consequência da corrupção e do apego ao dinheiro de tantas pessoas, mas uma pobreza a que se escolhe, que se ama. Foi isso que fez S. Francisco. São Francisco não quis exatamente ajudar os pobres, ele quis se fazer pobre. Nem os pobres entenderam essa atitude do

TOCAR

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Após uma noite inteira em oração, Nosso Senhor escolheu os seus Apóstolos. Os Apóstolos nascem da oração do Filho de Deus. O chamamento dos Apóstolos é também um chamamento à montanha, Jesus os chama da montanha e para a montanha. A montanha é o local do encontro com Deus, é o ponto mais alto entre o céu e a terra. Assim também, a partir daquele momento, os Apóstolos se tornam esse ponto elevado entre o céu e a terra, os Apóstolos são terra, mas apontam para o céu. Subir à montanha com Cristo também traz a memória do evento de Sua Cruz. Não pode ser apóstolo do Senhor aquele que não subir com ele todas as montanhas, também a do Calvário. O Senhor desce com os seus Apóstolos e é cercado pela multidão que busca tocar o Salvador, ouvir sua Palavra e ser curado no corpo (doenças) e na alma (possessões). Ali é o tempo do Cristo, tempo da Presença visível de sua Divina Pessoa entre nós. Agora, essa Presença continua através dos Apóstolos. Eles são os homens-sacramentos, não apenas receb

BEM/MAL

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Certa vez alguém comentava: "Fulano é muito bom. Não tenho nada de mal contra ele". Como se tratava de uma decisão importante a ser tomada, eu fiquei refletindo bastante sobre essa observação: "nada contra..." e pensava que não ter nada contra não basta, é preciso ter algo a favor!  A verdade é que a maioria de nós nos contentamos com o "não mal" enquanto, mais importante que o "não mal" é o "sim bem"... A cultura do "não mal" gera em nós com frequência o pecado da omissão que é justamente o "não bem", nos alegramos por não fazer o mal e acabamos por não perceber as oportunidades de fazer o bem. Assim se exprime Nosso Senhor quando os mestres da Lei e fariseus observam se curaria ou não um homem enfermo. Jesus lhes faz uma pergunta simples, porém que exige muito a nossa atenção: "É permitido no sábado fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la perder?" Nosso Senhor exclui uma terceira possibil

TALITER

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"Taliter non fecit omni nationi". Me contaram que acima da milagrosa imagem de Nossa Senhora de Guadalupe no México está escrita essa frase. Ela quer dizer: "Não fez isso com nenhuma outra nação", no sentido de que somente no México, e por conseguinte em nossa América, aconteceu um milagre como aquele: uma imagem pintada com um material que, segundo os cientistas, não é nem mineral, nem animal, nem vegetal... Bendito seja Deus por Santa Maria de Guadalupe! Mas, hoje pensava em nosso Brasil. Nossa terra de Santa Cruz! Pode ser que eu apenas ignore, mas quantas nações tiveram como primeiro ato oficial uma Missa? O Brasil nasceu de uma Missa. Nasceu numa Missa. Nasceu no Altar. Pátria Amada, Brasil! Reconheça a tua origem! Nascestes do Santo Sacrifício da Cruz, tu que fostes chamada Terra de Santa Cruz! Pátria Amada, Brasil! Como o demônio te odeia: como te atacou através dos invasores protestantes, como tentou apagar o teu Batismo através da maçonaria, do p

TUDO

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Certa vez um senhor muito virtuoso que sempre ajudou à Igreja, ficou viúvo. Ele era muito rico e resolveu dividir entre seus filhos boa parte de seus bens e outra parte doou aos pobres. Assim, tendo aberto mão de todos os seus bens, ele procurou um mosteiro para se tornar monge. O Abade o acolheu e lhe confiou as funções mais simples e humildes do mosteiro que ele fazia com gosto. Depois de uns 10 anos de vida monástica o Abade lhe chamou e lhe disse: "Prezado irmão, a sua história é muito edificante para todos nós. Todos ficamos felizes por tê-lo conosco. Mas há uma coisa que nós precisamos pedir ao senhor: aqui em nosso mosteiro nós não temos o costume de usar bigodes, por isso, lhe entrego essa gilete para que o senhor raspe seu bigode". O monge não conseguiu disfarçar sua estupefação diante do que lhe tinha sido dito, pegou a gilete com uma atitude contrariada e foi para sua cela. Ali, no espelhinho acima da pia, ele olhava seu bigode. Lembrava da vida fiel a sua esp

SENHOR

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Fundamentando-se em critérios equivocados de interpretação, crítica-literária e história, alguns teólogos quiseram apresentar um Jesus "histórico" diferente do Cristo "da fé". De modo que a compreensão da divindade de Cristo, ou a sua afirmação, seriam elementos pós-pascais das primeiras comunidades, enquanto que o Cristo mesmo, jamais teria afirmado a sua divindade. De fato, Nosso Senhor nas Sagradas Escrituras em momento algum diz: "Eu sou Deus". Mas não era necessário afirmar isso, uma vez que em várias ocasiões, desde mesmo sua mais tenra idade, Nosso Senhor afirma a sua filiação divina. Uma dessas afirmações, talvez aquela que mais tocasse o coração dos judeus é quando Jesus se proclama "Senhor do Sábado". Se a observância sabática era um preceito fundamental para o povo da antiga Aliança, proclamar-se Senhor do Sábado é proclamar que o próprio Sábado, dia do Senhor, é propriedade sua, portanto Ele é o Senhor. Senhor não é um título

PECADOR

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A Santidade do Senhor reflete-se de um modo extraordinário diante do milagre da multiplicação dos peixes. E essa Santidade é como uma luz que ilumina tudo, também as nossas trevas. Assim, quando essa Santidade refletiu sobre Simão Pedro ele só conseguiu enxergar as suas trevas. "Afasta-te de mim, porque sou um homem pecador!" Nunca Pedro teve uma auto-consciência tão acertada. O tudo de Cristo ressaltava ainda mais o nada de Pedro. Pedro então tem a necessidade de considerar-se indigno da companhia de Cristo. Para Pedro, seus pecados afastavam Cristo. Mas Cristo o buscava. O Bom Pastor buscava o futuro pastor não apesar de seus pecados, mas por causa de seus pecados. Cristo não era afastado pelos pecados de Pedro, ao contrário Ele era atraído pelos pecados de Pedro, como as feridas da ovelha atraem o Pastor. As feridas das ovelhas atraem os lobos e o Pastor. Os lobos são atraídos pelo cheiro de sangue e querem a morte das ovelhas, querem que as feridas se aumentem ai

CADA

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No Santo Evangelho, diante de uma multidão que O procura, Nosso Senhor impõe a mão sobre cada pessoa. Esse gesto de Nosso Senhor nos recorda o apreço de Nosso Salvador por cada pessoa, por cada alma redimida por Ele, comprada por Seu Sangue. Nós temos constantemente a tentação da multidão. Os encontros com milhares de pessoas, os cursos com centenas, as missas lotadas... Mas se tudo isso não se apoiar num apostolado pessoal irá se desfazer como um castelo de areia. Infelizmente nós nos deixamos encantar pela multidão e esquecemos do cuidado com cada um. O apostolado do fiel leigo e também do sacerdote necessita ter esse direcionamento individual, como a amizade, a confissão, a direção espiritual não acontecem na multidão. Nosso Senhor compreende bem - tem gravado como chaga em sua mão - o preço de cada ser humano. Nenhum vale menos! Peçamos ao Senhor a graça de recordamos que cada um custou todo Sangue de Cristo.

NÓS

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Quando Nosso Senhor ordena aos Apóstolos que se dirijam para águas mais profundas e retornem à pesca, S. Pedro diz a Jesus: "Nós pescamos a noite inteira..." Pedro não estava mentindo, tinha estado à noite inteira com os seus amigos, mas não percebia ali que havia uma novidade naquele "nós", no primeiro "nós" estavam incluídos Pedro e os outros, mas agora surge em novo "nós": Jesus, Pedro e os outros. Mas esse novo "nós" era realmente novo, radicalmente novo. Queridos amigos, tenho a certeza que "nós" fazemos muita coisa. Mas o nosso "nós" está completo? Sem Jesus nosso "nós" sempre está incompleto.

GREGÓRIO

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Passeava um jovenzinho e viu sendo vendidos como escravos uns homens altos, de olhos claros, e cabelos cacheados... Perguntou a quem o acompanhava quem eram aqueles homens. O seu acompanhante respondeu que eram "angli", ou seja, pessoas vindas do que hoje é a Inglaterra. O jovem então que nessa época já estava adiantado no conhecimento da Lei do Senhor respondeu que não eram "angli", mas "angeli", quer dizer, anjos. Esse homem converteu sua casa num mosteiro que dedicou ao irmão de S. Pedro, S. André, por quem tinha grande devoção. Foi enviado como um representante do Papa para Constantinopla onde exerceu uma verdadeira paternidade espiritual sobre os que lhe eram confiados, mas depois retornou a Roma para o seu querido mosteiro. De lá teve que sair uma outra vez quando, após a morte de Pelágio II foi eleito Papa. Vendo que além de uma degradação material havia uma horrenda devastação espiritual, Gregório teve uma idéia: recordar ao povo que ser s

SEI

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Algumas vezes durante seu Ministério, alguém reconhece a Divindade de Nosso Senhor, sua origem Divina, seu imenso poder. Assim é com Pedro, com Marta, com o centurião, com o diabo... com o diabo? Sim! Ao exercer sobre os espíritos malignos a sua potestade divina, Nosso Senhor os expulsa, libertando do império do demônio aqueles seres humanos tornados seus escravos através da possessão de seus corpos. Geralmente nessas horas os espíritos maus fazem, certamente a contragosto, a proclamação de que o poder que os expulsa é maior do que eles. No caso de hoje, "eu sei quem tu és, tu és o Santo de Deus". Ora, poucos são capazes de perscrutar os abismos infinitos da sabedoria de Deus mais do que esses espíritos decaídos. Todavia, o seu conhecimento não lhes levou ao amor, mas à inveja. Não se contentaram em ver e adorar, quiseram usurpar a glória de Deus. Sabem. Sabem mais e melhor do que nós. Mas não amam. É nesse sentido que Santo Agostinho pode dizer que aquele que crê, mas

CONTINUOU

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Ao visitar a Sinagoga de Cafarnaum, Nosso Senhor anuncia que nele se cumprem as palavras da profecia de Isaías. O povo passa rapidamente da admiração para o ódio e tentam pela primeira vez matar o Senhor atirando-o do precipício. E não deixa de chamar a atenção como Jesus passando por eles continua o seu caminho. A continuação do caminho do Senhor incluía a morte, mas não era naquele momento. Há uma tentação de "morrermos antes do tempo", de ficarmos parados em momentos de sofrimento, de contradição, mas que ainda não são morte, e, se não morremos, precisamos continuar trabalhando pelo Senhor. Caros amigos, não podemos parar. Se o Senhor ainda nos concede vida, é porque ainda quer algo de nós. Não neguemos o sofrimento, não façamos de conta que ele não existe. Mas não paremos nele. Vamos além! Até onde o Senhor permitir.

RESSURREIÇÃO

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Nosso Senhor quando nos fala da humildade e do serviço aos pobres não fala da mudança social que isso pode fazer, mas se refere à ressurreição: "Tu terás a recompensa na ressurreição dos justos". Caros amigos, há uma tentação que acompanha a Igreja desde o seu Fundador: transformar as pedras em pão, ou seja, resumir à sua missão a uma realidade apenas natural, material e imediata. A missão da Igreja é essencialmente sobrenatural, espiritual e transcendente. Já o Apóstolo São Paulo recordava que se é para essa vida que colocamos a nossa esperança em Cristo, nós seríamos de todas as pessoas as mais dignas de compaixão. Não se nega que há um efeito sobre a sociedade a nossa correspondência ao chamado de Cristo, mas é um efeito, não uma causa. A nossa causa é o Cristo, é a Salvação, a Vida Eterna. Aquele que faz o bem, o faz por Cristo. O faz na esperança da Ressurreição. Peçamos ao Senhor a graça de não reduzirmos jamais a sua mensagem de salvação à mais uma linguagem mun