GREGÓRIO

Passeava um jovenzinho e viu sendo vendidos como escravos uns homens altos, de olhos claros, e cabelos cacheados... Perguntou a quem o acompanhava quem eram aqueles homens. O seu acompanhante respondeu que eram "angli", ou seja, pessoas vindas do que hoje é a Inglaterra. O jovem então que nessa época já estava adiantado no conhecimento da Lei do Senhor respondeu que não eram "angli", mas "angeli", quer dizer, anjos.
Esse homem converteu sua casa num mosteiro que dedicou ao irmão de S. Pedro, S. André, por quem tinha grande devoção. Foi enviado como um representante do Papa para Constantinopla onde exerceu uma verdadeira paternidade espiritual sobre os que lhe eram confiados, mas depois retornou a Roma para o seu querido mosteiro.
De lá teve que sair uma outra vez quando, após a morte de Pelágio II foi eleito Papa.
Vendo que além de uma degradação material havia uma horrenda devastação espiritual, Gregório teve uma idéia: recordar ao povo que ser santo é a melhor resposta à qualquer crise. Por isso escreveu em forma de diálogo dois livros contando a vida de vários santos italianos, especialmente São Bento, que apresentava como modelos de santidade para o povo.
Ele também foi um grande contribuidor da liturgia romana, especialmente através da codificação da Missa e dos cantos gregorianos que receberam esse nome em homenagem ao Santo Pontífice. Foi também ele a enviar monges missionários por toda a Europa, especialmente para os seus "angli". Esses monges levaram aos povos bárbaros a cruz, como um símbolo da fé cristã; o livro, ou seja a sabedoria e a ciência; e o arado, convertendo aqueles povos de invasores em agricultores.
Não à toa é chamado de Magno, ou seja Grande, porque não se pode medir a influência que o exerceu e exerce sobre toda a Igreja. Costuma-se representá-lo com uma pomba junto ao ouvido, para recordar que suas ações eram inspiradas pelo Espírito Santo.
Apesar de tudo isso, São Gregório também precisou lutar para ser santo.
Ele mesmo confidencia que muitas vezes queria manter o recolhimento que vivia no mosteiro, todavia precisava ocupar-se de várias coisas que causavam agitação, algum tempo depois porém, aquela agitação que o incomodava, já deixava de incomodar e o recolhimento que desejava já não era mais desejável...
Quantas vezes não experimentamos nós algo semelhante? Acabamos por desejar o que antes tolerávamos e o que antes desejávamos acabamos por esquecer...
Que S. Gregório nos ensine a manter viva a chama do primeiro amor.

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