LÁZARO

Jesus contou muitas parábolas.
Os personagens das parábolas de Jesus são sempre personagens sem nome: um pai, o filho mais novo, um pastor, um rei, um homem... Só um personagem em todo o compêndio das parábolas do Senhor recebe um nome: o pobre Lázaro.
O seu nome, porém, parece uma piada: Lázaro quer dizer "O Senhor ajudou."
Foi justamente àquele que nunca foi ajudado que Jesus deu o nome de "O Senhor ajudou".
Quanto ao rico, não importa seu nome. Alguns o chamam de "Epulão" mas epulão quer dizer em português: alguém que dá muita festa...
Não é o seu nome, é só um adjetivo.
O rico sem nome chama-se apenas rico.
O auxílio divino de "O Senhor ajudou" se manifesta na sua hora final. Ele morre, e já que era um "invisível", são os espíritos angélicos invisíveis que o conduzem para o seio de Abraão, para o colo do pai de todos os crentes.
"O Senhor ajudou" não foi muito ajudado.
Talvez pudesse em algum momento questionar que nem o Senhor o ajudava.
Mas fosse o que fosse que passava no seu coração, o Senhor ajudava "O Senhor ajudou" a manter-se firme na fé, que acreditasse que o que lhe faltasse nessa vida lhe seria dado em plenitude num outro momento.
Ali, acreditando, ele ia se tornando cada vez mais filho daquele que é o pai dos que acreditam.
Quanto ao rico que vivia de festas, ao morrer teve que ter outra recepção, um velório.
E um sepultamento.
Os anjos levam Lázaro ao seio de Abraão, o rico cai sozinho no lugar de tormentos.
O rico agora, pede a ajuda de "O Senhor ajudou".
Sabia seu nome: "Manda Lázaro..."
Mas Lázaro não era apenas mais um pobre com cachorros, como sempre vemos pelas nossas ruas.
O "O Senhor ajudou" era o pobre daquele rico.
Mas o rico não soube reconhecer isso. E se não reconheceu que Lázaro era o seu pobre. Não adiantava agora reconhecê-lo como seu aliviador de sofrimentos.
O rico, ou Rico, não aumentou os sofrimentos de Lázaro. Mas também não os diminuiu.
Não se diz que o rico Rico fosse mau. Mas se diz que não fez o bem.
Queridos amigos, penso que falta-nos reconhecer os nossos pobres.
Conhecemos muitos pobres. Mas não consideramos nenhum nosso.
E se não forem nossos, serão de quem?
Os pobres sem nome de nossas ruas, praças e Igrejas, não são perfeitos. Mas o Senhor não disse que estaria presente nos perfeitos, mas nos pobres.
Dizem que São João Esmoler, costumava brincar com o Senhor dizendo: "Vamos ver quem se cansa primeiro: o Senhor de pedir, ou eu de dar..."
Quando um pobre passou três vezes na sua frente pedindo esmola, disfarçando-se entre um e outro pedido para não ser reconhecido, o auxiliar do Bispo lhe disse ao ouvido: "Senhor, esse já foi 4 vezes!", e o Bispo lhe respondeu: "E se for o meu Senhor Jesus Cristo disfarçado? Eu não posso me cansar de dar se Ele não se cansa de pedir..."
Queridos amigos, os pobres não são apenas um problema social. São nosso patrimônio! É a herança que a Igreja passa de geração em geração de cristãos para que os amem, os ajudem, digo mais, os adorem! Porque neles reconhecem aquele Cristo que disse da Eucaristia "Isto é o meu corpo" e disse dos pobres "Eu estava com fome e me destes de comer"!.
A diferença entre fazer caridade e amar um pobre é a mesma entre o cuidado de uma enfermeira rabugenta e o colo de mãe.
Ainda hoje, nas suas orações de encomendação e despedida, a Igreja deseja que todos os cristãos sejam acolhidos no Paraíso, junto a Lázaro, o pobre de outrora. Os pobres são porta do céu.


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