TUDO

Certa vez um senhor muito virtuoso que sempre ajudou à Igreja, ficou viúvo. Ele era muito rico e resolveu dividir entre seus filhos boa parte de seus bens e outra parte doou aos pobres. Assim, tendo aberto mão de todos os seus bens, ele procurou um mosteiro para se tornar monge. O Abade o acolheu e lhe confiou as funções mais simples e humildes do mosteiro que ele fazia com gosto. Depois de uns 10 anos de vida monástica o Abade lhe chamou e lhe disse: "Prezado irmão, a sua história é muito edificante para todos nós. Todos ficamos felizes por tê-lo conosco. Mas há uma coisa que nós precisamos pedir ao senhor: aqui em nosso mosteiro nós não temos o costume de usar bigodes, por isso, lhe entrego essa gilete para que o senhor raspe seu bigode".

O monge não conseguiu disfarçar sua estupefação diante do que lhe tinha sido dito, pegou a gilete com uma atitude contrariada e foi para sua cela. Ali, no espelhinho acima da pia, ele olhava seu bigode. Lembrava da vida fiel a sua esposa, da sua generosidade para com a Igreja, do seu zelo na educação dos filhos, da vida pobre e humilde no mosteiro...

Sentou na sua cama de palha e, pensando em tudo isso, dormiu.

Ali, teve um sonho: Nosso Senhor lhe aparecia vestido de barbeiro, tinha a seu lado até uma cadeira de barbeiro e apontava para ela convidando o monge a sentar-se.  O monge então desfiou diante de Jesus todas as razões, tudo que ele já tinha deixado, e que, diante de tudo, o que era um bigode?...

Nosso Senhor ouvia sorrindo tudo e apontando para a cadeira repetiu a pergunta: "O que é um bigode?"

O monge então compreendeu que se tinha deixado tantas coisas, não poderia ser um bigode a impedí-lo de servir o Senhor com alegria.

E raspou o bigode.

Queridos amigos, muitas vezes abrimos mão de coisas muito difíceis, às vezes até deixamos grandes pecados. Mas carregamos um "bigodinho" escondido... As vezes é uma coisa que, por ser tão pequena parece ser sem importância. Mas para nós tem alguma importância... tanto que a carregamos ainda hoje.

Amarre um passarinho com uma corrente de aço ou com um fio de nylon que o efeito é o mesmo: ele não voa. E o nylon nem aparece...

Senhor, pede-nos tudo! Reviste nossas mangas e nossos bolsos, raspe nossos bigodes. Porque não queremos que nada escondido nos faça peso para voarmos até ti.