CONTRIÇÃO

Ao relatar pela primeira vez ao seu diretor espiritual sobre os estigmas, Padre Pio escreve uma carta, onde fala de dor, sofrimento, vergonha... e termina com um trecho de um salmo: "Senhor, não me castigues em tua ira!"
Podemos distinguir em S. Pio dois momentos distintos de compreensão acerca dos estigmas, um, mais breve que durou os primeiros três ou quatro anos onde ele os considerou um castigo merecido por seus pecados. E os 46 anos seguintes em que os considerou como um dom para os irmãos.
Na mente prática de S. Pio as pessoas queriam estar com ele para verem os estigmas ou para poderem se beneficiar de algum outro dom místico do Santo. Sendo assim, Padre Pio como que estabeleceu que os que o quisessem ver, assistissem à Missa e os que quisessem falar com ele, se confessassem.
Compreendia que os estigmas eram "iscas" para levar as pessoas para a Santa Missa e para a Confissão.
Sua Missa nessa época era breve. Não costumava passar uns 30 ou 40 minutos. As famosas missas longas de S. Pio foram no início do seu sacerdócio em Pietrelcina onde estava de licença de saúde e nos anos em que ficou proibido de exercer publicamente o ministério em S. Giovanni Rotondo. Ali sim, passavam de 3 horas... Fora isso, não era muito diferente dos outros sacerdotes na sua forma externa, onde demorava mais era nos "mementos", onde trazia à sua mente os vivos e os mortos por quem orava.
Depois o confessionário, onde passava até 16 horas consecutivas.
Um médico afirmava que Padre Pio era um milagre, porque embora não comesse, não dormisse e perdesse o equivalente a uma xícara grande de sangue por dia, não tinha nenhum abatimento físico, pelo menos na maior parte do tempo.
As confissões de S. Pio eram muito breves e em sua maioria não absolvia o penitente até que visse em seu coração a verdadeira contrição. Assim, os curiosos e supersticiosos tinham a oportunidade de buscar a verdadeira conversão.
Hoje imaginar um padre que não absolva é mais do que um escândalo. Padre Pio mesmo não recomendava aos padres agirem assim. Quando alguém lhe contestou que Frei Leopoldo (hoje também santo) absolvia todo mundo, ele com seu jeito sinceríssimo disse: "Então vão a ele e me deixem em paz!"
Padre Pio não negava a absolvição por um capricho pessoal, mas porque podia "ver" a alma do penitente e sabia que em alguns casos perdoar seria fortalecer o pecado. Então fomentava a contrição perfeita para que a absolvição sacramental fosse não só válida, mas eficaz.
Contam que certa vez um grupo do Norte da Itália vindo de S. Giovanni Rotondo passou por Roma e teve uma oportunidade de ter encontro com o Papa Pio XII. Ao falarem que tinham se confessado com Pe. Pio, o Papa perguntou se ele os tinha absolvido, e a resposta foi: "A nenhum de nós. " E o Papa disse: "Sei que voltarão a ele. Dizei-lhe de minha parte que procede muito bem!"
Pio XII se congratula com Pe. Pio porque tinha compreendido que o maior pecado, a maior desgraça do mundo moderno é justamente a perda do sentido do pecado. Cometem-se atrocidades que hoje são consideradas normais e até educativas! Perda do sentido do pecado!
Por fim, queridos amigos, celebramos nesse dia 20 os 101 anos da estigmatização de Padre Pio. Que ele alcance do "Patrão" - como costumava chamar a Deus -  para nós aquela contrição verdadeira sem a qual não conseguia dar o perdão de Deus.

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