AMOS

Certa feita me contaram sobre um padre que tinha organizado uma casa para acolher menores abandonados. Alguns anos depois marcaram uma missa para comemorar o aniversário da casa: bispos, padres, prefeitos, desembargadores, vereadores, todos sentados nos primeiros lugares, os menores lá atrás.
Perguntaram ao padre se queria dizer algo.
Ele disse que sim.
Mandou que todos se levantassem e dessem seus lugares para os menores. A casa era deles, a festa era deles, tudo ali é por eles. Parece que também mandou todo mundo se ajoelhar e pedir perdão aos menores.
Bem...
Eu penso que em todas as iniciativas caritativas ronda a tentação da superioridade, de considerar que aquele a quem nos dirigimos é menos do que nós... Não dizemos isso, mas muitas vezes agimos assim.
São Vicente de Paulo tinha como uma ideia fixa chamar os pobres de "amos e senhores" assim ele entendia que o "necessitado" era ele. O "necessitado" de pobres.
Os pobres para S. Vicente não eram os felizes destinatários de suas ações caritativas. Eram seus senhores e seus amos, a quem servir da melhor forma possível era apenas uma obrigação.
São Vicente nos recorda a diferença entre servir, no sentido mais estrito da palavra, e fazer um favor.
Aquele que serve, serve porque é servo, se é servo tem um senhor, e servi-lo é sua obrigação.
Aquele que faz um favor, é o grande que tem mais e mui generosamente e quando lhe der na telha, faz alguma coisinha por alguém.
Os pobres, meus amos e senhores...
Eu estou em vosso meio como o que serve, disse Jesus, disse Vicente.
Essa é a senha do céu.

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