PAI?

Na Parábola do filho pródigo Nosso Senhor nos fala de um pai que tinha dois filhos.
Será?
Nós sabemos que existem filhos que, por tantos motivos, não têm pais. Mas o pai dessa parábola é um pai sem filhos.
Sim, ele tinha dois. Mas nenhum dos dois o desejava, o queria como pai.
O mais novo queria o dinheiro.
O mais velho o cabrito.
Ninguém queria o pai.
Esse pai, porém, já descobrira que há mais alegria em amar do que em ser amado.
E amava os filhos, ainda que nenhum dos dois o amasse.
O filho mais novo sai de perto fisicamente.
O mais velho nunca esteve próximo espiritualmente.
Sem dinheiro, o mais novo tem um novo desejo.
O pai?
Não, só a comida do pai.
Não se preocupa em voltar a ser filho. Só quer ser empregado, como o mais velho costumava se considerar.
Mas o pai que encontra mais felicidade em amar que ser amado, festeja o filho que volta por causa da fome. Festeja pelo filho, mas festeja por si também. Porque onde há amor, há sempre festa. Não importam as motivações do filho. Importa o filho. Por isso, festa.
Aquele que queria o cabrito, não consegue ver que o pai queria o filho. E entre o irmão e um cabrito, a escolha já estava feita.
Não se alegra pelo irmão, se enfurece pela falta do cabrito.
Mas o pai, o busca.
Porque é isso que ele sabe fazer.
Buscar.
E daí?
O mais novo ficou bonzinho?
O mais velho entrou?
Viveram felizes para sempre?
Não sei.
É uma história sem final.
Porque a minha vida ainda não teve final
E a sua também não.
Deus tem muito a nos dar.
Mas Ele quer Se dar.
Nós infelizmente queremos mais as coisas de Deus, do que Deus.
De repente até queremos Deus, mas se junto vier o resto...
É um Pai que ama sem ser amado. Que deseja sem ser desejado.
E nós que podíamos tê-Lo, preferimos as coisas.
Mas Ele nos busca. No menor sinal Ele nos busca.
Porque para ser Deus Ele não precisa de nós.
Mas para ser Pai, de certo modo, precisa.
E nos quer, muito mais do que nós a Ele. E nos ama, infinitamente mais do que nós a ele. E não quer as nossas coisas, mas nos quer.

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