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Mostrando postagens de outubro, 2020

NOVÍSSIMOS 2

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  Finalmente Clóvis, Rei dos Francos era conduzido à fonte batismal pelo Bispo S. Remígio. Vários outros Bispos e Sacerdotes presentes, os cantos, o incenso, a ordem dos ajudantes do altar... Vendo tanta beleza, Clóvis perguntou a S. Remígio: Meu pai, já é o céu? Assim, a Santa Igreja sempre compreendeu tudo que compreende a sua Santa Liturgia, uma continuidade do céu. Uma antecipação do céu, a sua garantia, como escreveu Santo Tomás sobre a Santíssima Eucaristia: futurae gloriae pignus - penhor da glória futura. Como é o céu? Ontem falávamos do inferno e ao falar dos sentidos daqueles que estão condenados enumeramos os horrores a que cada um dos cinco sentidos estará atrozmente submetido. Ao pensarmos no céu, podemos afirmar exatamente o oposto. O que já vimos de mais belo, o que já ouvimos de mais bonito, o odor mais delicado, o conforto mais sublime, os gostos mais maravilhosos, tudo isso, não se comparam com a saciedade sem fim e a felicidade plena que viverão os bem-aventurados no

NOVÍSSIMOS 1

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Hoje em muitos lugares se "celebra" o "dia das bruxas", sendo assim, gostaria de dar meus parabéns a muitas pessoas, mas não vou citar seus nomes, porque, provavelmente nenhuma delas acompanhe esse humilde blog... Foi só uma piadinha para descontrair porque trataremos nos três próximos dias sobre os novíssimos, as últimas realidades do homem. Hoje falaremos sobre o inferno. O que é o inferno? Ora em primeiro lugar é necessário recordar que o inferno é um lugar para onde vão as almas dos condenados e onde há realmente fogo, fogo material, que devora sem consumir as almas dos condenados. Vamos detalhar um pouco isso. Pensemos um pouco em nosso corpo. Todo sofrimento que temos, enquanto estivermos nessa vida, estão destinados a acabar. Ou acabam porque as coisas melhoram, ou porque morremos. Simples assim. Então, por pior que seja o nosso sofrimento, sabemos que ele ou vai aliviar, ou acabar. Também existe um certo limite que nós temos em relação a dor, de modo que dia

AÇÕES

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  Nós costumamos ouvir que toda mudança verdadeira começa de dentro para fora. E que o oposto seria uma máscara fingida que não suportaria muito tempo. Por um lado, existem pessoas que fingem ser o que não são, na busca de enganar as pessoas e tirar vantagem disso. Por exemplo, um candidato a vereador que abraça os pobres que moram na rua, tira fotos servindo almoço para eles, pega no colo as crianças, que diz que fará de tudo por eles, mas no fundo só pensa em ser eleito e enriquecer. Esse é o hipócrita. Mas também o Santo necessita por vezes compreender que o combate pela santidade se dá não apenas no campo interior (pensamentos, desejos, reflexões, imaginações), mas também - e sobretudo - no campo exterior, ou seja em suas atitudes.  S. Francisco de Assis, ao beijar o leproso, não o beijou por achá-lo belo, mas lutou contra a repugnância que sentia. E a partir daí, com mais força, deu-se o seu processo de conversão. Na verdade é mais fácil mudar uma atitude naquele momento mais fort

SUBMISSÃO

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  O Apóstolo S. Paulo, estabelecendo a relação matrimonial homem-mulher como "sacramentum", imagem, sinal do matrimônio Cristo-Igreja, exorta as mulheres a serem submissas aos seus maridos do mesmo modo que a Igreja é submissa para com Cristo.  Essa expressão, em muitos meios, causa revolta, ódio mesmo, acusando S. Paulo (e a Igreja toda) de machismo, que ninguém deve ser submisso a ninguém, que somos todos iguais. Ora, se quisermos o mínimo de ordem nas coisas, devemos reconhecer que não é bem assim. Quando assinamos um contrato de emprego, assinamos a nossa submissão àquele que for o nosso patrão. Não estamos dizendo que ele seja humanamente superior a nós, para que haja um bem-estar na vida de trabalho é importante que eu esteja disposto a obedecer as normas da empresa e as ordens dele. No âmbito familiar, os filhos precisam submeter-se aos pais. Ambos possuem a mesma dignidade humana, e os pais não podem dispor dos filhos a seu bel prazer, ao ponto extremo de retirar a vi

PROJETO

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  Não são poucas as vezes que Nosso Senhor ao falar de nosso chamado à corresponder à vontade de Deus, ou seja, de sermos santos, refere-se à necessidade de alguma organização, de um projeto. Assim Ele fala do homem que precisa calcular para construir a torre, do rei que deve ver se consegue vencer com os soldados que tem, e outras imagens fáceis de compreender que a santidade supõe um projeto. Mas... onde estaria esse projeto? Qual o caminho para a santidade? Creio que a primeira leitura da Missa de hoje traça para nós um excelente itinerário. Vejamos uma parte dela:  " sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo.  Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama.  Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor.  A devassidão, ou qualquer espécie de impureza ou cobiça sequer sejam mencionadas entre vós, como convém a santos.  Nada de palavra

MAÇÃS

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  Conta-se que um senhor possuía um belo pomar que lhe rendiam centenas de maçãs. Porém, uns garotos da vizinhança, vez por outra, pulavam o muro do senhor e comiam algumas maças. O senhor muito irritado com isso teve uma ideia que julgou resolveria seus problemas: colocou um aviso na entrada da propriedade. Dizia o aviso: "Uma das maçãs está envenenada", e assim ele realmente tinha feito. É claro que ele sabendo qual era a maçã não a comeria, nem a venderia. E os meninos, sem saber qual era, não comeriam nenhuma.  Só que os meninos ficaram também com muita raiva. E para se vingarem do homem riscaram, alteraram, o cartaz que ele tinha posto, com uma "novidade": "Duas maçãs estão envenenadas".  Agora nem o homem podia comer e nem os garotos. Uma vez que um não sabia qual a que tinha sido envenenada pelo outro. Poderia haver centenas, milhares de maças boas, suculentas, saudáveis e, é claro, sem veneno. Mas as duas envenenadas colocavam sob suspeita e, por c

MATRIMÔNIO

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"Já não são dois, mas uma só carne". Esta frase que aparece nas primeiras páginas da Sagrada Escritura, referindo-se ao homem e à mulher, são repetidas por Nosso Senhor Jesus Cristo quando eleva a união do homem e da mulher à dignidade sacramental, afirmando, ao mesmo tempo a indissolubilidade do vínculo que é gerado por esse Sacramento. O Apóstolo S. Paulo, no capítulo V da Carta aos Efésios retoma o tema do Matrimônio e repetindo as mesmas palavras, assinala que se trata de um grande mistério, interpretado por ele, S. Paulo, em relação a Cristo e à Igreja.  A palavra grega mysterion  pode ser traduzida de dois modos distintos e, de certo modo, antagônicos na nossa compreensão atual. Na verdade, mysterion traduz-se ora como mistério, ora como sacramento. Por mistério hoje compreendemos algo oculto, escondido, difícil de se compreender; e a definição tradicional de Sacramento é sinal eficaz da graça, ou seja, ao passo que (na nossa compreensão atual) o mistério é algo escondi

ABRAÇO

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  É muito bonito observar como as pessoas interagem com as imagens dos santos. Algumas imagens são tão ricas em elementos artísticos que realmente, quando bem feitas, são um encantamento para os olhos. Penso, por exemplo, na imagem de um S. Jorge com seu ginete empinado sobre um dragão feroz derrotado em batalha... é impossível não se deter diante de uma imagem dessa. Outras imagens são mais modestas, nem por isso, menos belas. E outras não são muito populares pois os Santos que representam não são tão conhecidos, ou dependem em grande parte dos talentos do escultor. Assim, o Imperador D. Pedro I, em uma viagem à Salvador visitou a chamada "Caverna Dourada", a Igreja do Convento de S. Francisco, que por ser um tanto escura, como é comum no barroco, e toda revestida de ouro, recebeu esse "apelido".  Passando pelos altares, Dom Pedro, que era um homem profundamente sensível às artes e às raízes de sua família, ficou extasiado diante da imagem de S. Pedro de Alcântara

MISSÃO

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No mês de outubro celebra-se a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus que é, junto com S. Francisco Xavier, padroeira das missões. Por isso, tal como S. Jerônimo em setembro nos recorda as Sagradas Escrituras e S. Cura d'Ars em agosto nos lembra as vocações, o mês de outubro que é o mês do Santo Rosário - por causa da festa de Nossa Senhora no dia 07 e da última aparição de Nossa Senhora em Fátima no dia 13 - também se torna o mês das missões. Todavia, ocorre com a missão o mesmo fenômeno que as vocações no mês de agosto. É certo que somos todos um povo de chamados, todos somos chamados por Deus. O matrimônio também é uma vocação e um caminho estupendo de santidade, mas até algum tempo atrás quando se pensava no mês de agosto se pensava na vocação sacerdotal, se enfatizava essa vocação, se rezava mais intensamente para que Deus enviasse mais santos sacerdotes... No entanto, como tudo na Igreja hoje é chamado de vocação, a vocação sacerdotal - literalmente - se perde no meio de

PARTICIPAÇÃO

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  Algo que desde o final do século XIX e início do século XX se tratou muito no âmbito do chamado "Movimento Litúrgico" foi a chamada "participação ativa" nas celebrações litúrgicas. O fato é que muitos teólogos julgavam haver um hiato entre as celebrações litúrgicas, particularmente a Santa Missa, e o que os fiéis leigos faziam durante a mesma celebração. Na compreensão desses teólogos, era necessário que o povo desenvolvesse mais que uma devoção litúrgica, ou seja, centrada na Celebração Eucarística, mas que realmente compreendesse todas as palavras (ditas na sua maioria em voz baixa e em latim) e, mais ainda, pudesse de forma oficial ter certas atividades durante a Eucaristia, como provavelmente acontecia nas comunidades primitivas. Esse pensamento, embora condenado por Pio XII, é assumido no Concílio Vaticano II e domina o cenário litúrgico na reforma que se seguiu. É a partir daí que se popularizam os ministérios (a maioria já existentes, mas reservados aos can

DÍVIDA

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  Quando pensamos hoje na Venezuela, temos um sentimento de tristeza por sabermos a triste e miserável situação em que a maioria daquela população vive. Mas houve um tempo em que não era difícil ter boas condições financeiras por lá, especialmente por causa de questões referentes ao petróleo. Num encontro com numerosas pessoas ligadas ao Opus Dei, S. Josemaría, quando esteve na Venezuela, ouviu a pergunta de um pai de família numerosa cujos filhos às vezes desejavam ainda mais conforto e... dinheiro. O Santo aconselhou aquele homem a, vez por outra, visitar com os filhos os bairros mais pobres por duas razões: em primeiro lugar para que eles descubram "o mundo real", que para muita gente as coisas são bem difíceis e que ao invés de reclamar pelo que não temos, devemos agradecer pelo que temos; segundo para despertar a generosidade deles, para que se disponham a ajudar também materialmente quem possui menos que nós. Hoje celebramos o dia de S. Edwiges, comumente chamada de &qu

CONVERSÃO

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 A palavra "conversão" geralmente nós usamos para significar a passagem que uma pessoa faz de uma vida de grandes pecados para a busca da santidade. Mas a conversão precisa ser compreendida de dois modos: primeiro como um evento, segundo como uma continuidade. A conversão evento não é só a mudança de um ímpio que passa a praticar a religião, mas pode ocorrer também com quem, mesmo praticando a religião e, mais ainda na vida consagrada, tem como que um momento de "despertar". Despertar do quê? Da tibieza. É possível viver uma vida razoavelmente piedosa, indo à Missa, rezando, fazendo boas obras, mas vivendo na tibieza. Estacionado num estágio onde não se progride e, com o tempo, se regride. A religião e até a vida consagrada se tornam mais uma coisa que se vai levando... mas sem crescer no amor a Deus. Assim foi com S. Teresa. Já religiosa, sua vida não era de grandes pecados, mas também não era de grande amor. Seus ímpetos e generosidade da infância, aos poucos fora

POLÍTICA

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Aprendi que um padre jamais deve falar sobre política. O padre não existe para isso. Para falar sobre política já existe uma gama de pessoas muito melhor formadas e preparadas do que um padre e, ainda que o padre esteja correto no que diz, assim mesmo está errado em falar em política. E essa tem sido minha postura nos lustros que já abarcam minha vida sacerdotal. Por isso, o título dessa postagem seria originalmente consciência. Mas como esse título poderia não despertar muito interesse quis pôr algo mais "apimentado", e que não deixa de ser, perifericamente, o que vamos tratar. Isso posto, quero tratar da consciência do católico ao exercer seu direito (obrigação) de votar. Peca mortalmente o católico que vota num político sem conhecer a fundo seus projetos. Não se pode votar numa pessoa porque mora em nosso bairro. Seja para o executivo, seja para o legislativo, passarão por essas pessoas projetos de lei que podem ser destrutivos ao que ainda resta de cristão em nossa socied

NEGRA

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  A Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida traz à mente dos cristãos uma devoção peculiar às chamadas "Madonas Negras", ou seja, as representações da Santíssima Virgem apresentando a pele morena ou negra. Esse fato, particularmente no Brasil com Nossa Senhora Aparecida, é levado para um campo ideológico de luta de raças e classes, fazendo da Virgem da Paz um incentivo à desordem e ao ódio entre as pessoas. O que oscila entre o sacrilégio e a blasfêmia. É natural que nos lugares onde chegasse o anúncio do Evangelho, Cristo, sua Mãe, os Apóstolos, fossem representados com as faces próprias daqueles lugares: representações como orientais, africanos etc. Mas não é esse o caso. As Nossas Senhoras Negras são algo muito comum na tradição cristã (particularmente em países da Europa como a Alemanha, a Itália, a Espanha), como já dissemos, e tem, geralmente duas razões: uma natural e outra intencional (e às vezes a junção das duas...). A natural é que o material em que a im

RAINHA

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Celebramos hoje Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Rainha, porque D. Pedro I, a caminho do Ipiranga em 1822, consagrou-lhe a nascente nação. Rainha porque D. Isabel, quis revestir-lhe de manto, e percebendo a tendência para o golpe republicano fez de suas jóias uma coroa para Nossa Senhora, dizendo que, se o Brasil ficasse sem imperadores e princesas jamais ficaria sem uma Rainha. Sim, Nossa Senhora é  Rainha do Brasil. O Brasil, é de certo modo, Reino de Maria. Porém, há num reino duas realidades que necessitam estar em sintonia. Há que haver um soberano e há que haver súditos.  O que é um súdito? Súdito - sub dictus - é aquele que se põe sob os ditos de outro, aquele que reconhece como bons, verdadeiros e dignos de serem obedecidos os ditos do soberano. Aquele que vive no Reino, mas não se reconhece súdito é o revolucionário, o golpista.  E o que acontece nesse Reino de Maria que é o Brasil? Tem Ela súditos? Sim, têm! Mas há um número grande de pessoas que não que

CONFISSÃO

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Certos assuntos nunca estão suficientemente esgotados. E ainda que sejamos repetitivos, é bom voltar a eles devido à sua imensa importância para a salvação de nossas almas. Por isso, vamos tratar sobre o Sacramento da Confissão.  Todo aquele que foi batizado, tenha atingido o uso da razão e seja capaz de reconhecer que cometeu pecados ao menos veniais DEVE se confessar. Dois erros muito comuns são esperar a proximidade da primeira comunhão para a confissão (o que no sistema paroquial muitas vezes marcado mais pela burocracia do que pelo cuidado com as almas é, geralmente uma catástrofe) e a mentalidade de que, sendo os pecados veniais perdoados na Santa Missa, a confissão ficaria apenas para os pecados mortais, outra catástrofe. Vejamos esses dois erros. Supõe-se, especialmente seguindo as insistentes orientações de S. Pio X que as crianças recebam a comunhão tão logo possam discernir a Santíssima Eucaristia de um pão ordinário, e que, nessa mesma época, ou mesmo antes, a criança já é