NOVÍSSIMOS 2

 

Finalmente Clóvis, Rei dos Francos era conduzido à fonte batismal pelo Bispo S. Remígio. Vários outros Bispos e Sacerdotes presentes, os cantos, o incenso, a ordem dos ajudantes do altar... Vendo tanta beleza, Clóvis perguntou a S. Remígio: Meu pai, já é o céu?

Assim, a Santa Igreja sempre compreendeu tudo que compreende a sua Santa Liturgia, uma continuidade do céu. Uma antecipação do céu, a sua garantia, como escreveu Santo Tomás sobre a Santíssima Eucaristia: futurae gloriae pignus - penhor da glória futura.

Como é o céu?

Ontem falávamos do inferno e ao falar dos sentidos daqueles que estão condenados enumeramos os horrores a que cada um dos cinco sentidos estará atrozmente submetido. Ao pensarmos no céu, podemos afirmar exatamente o oposto. O que já vimos de mais belo, o que já ouvimos de mais bonito, o odor mais delicado, o conforto mais sublime, os gostos mais maravilhosos, tudo isso, não se comparam com a saciedade sem fim e a felicidade plena que viverão os bem-aventurados no Paraíso.

No Paraíso, o amor de Deus é o que anima todas as coisas. Assim todos amam a Deus com a máxima potência de suas almas e, no amor de Deus, os bem-aventurados amam-se a si mesmos e entre si. É claro que é o amor a Deus e a visão de sua face que alegram os bem-aventurados, mas eles também se alegram por se conhecerem e se amarem infinitamente.

No céu conheceremos a Deus e conheceremos a Virgem Maria e S. José, nosso Anjo da Guarda, todos os coros angélicos, conheceremos os Santos e Santas aos quais tantas vezes nos confiamos em nossas orações. E ainda veremos tantas almas santas que estavam junto de nós, que viviam uma vida simples, normal, mas convertendo todas as coisas em amor a Deus e agora O contemplam e O amam.

Conheceremos ainda as almas que saíram do Purgatório graças às nossas orações, penitências e indulgências. Conheceremos a eficácia da oração de tantos que rezaram por nós sem que o soubéssemos, descobriremos também as graças que foram concedidas por nossas orações e sacrifícios.

Reconheceremos nossos familiares e amigos que tenham morrido na amizade com Deus e ainda poderemos interceder por aqueles que ainda estiverem nesse mundo.

Mais o que poderíamos dizer sobre o céu?

A Beata Elizabete da Trindade resumia que o céu é Deus. Ou seja, Deus é tudo em todos. É a posse plena daquele Amor dos amores, é a consumação daquela frase da amada do Cânticos: Eu sou do meu Amado e o meu Amado é meu.

E a Igreja deseja que sua Santa Liturgia seja um espelho do céu: Beleza, Dignidade, Organização, Silêncio, Louvor. Alguém imagina S. Miguel esbarrando em S. João Batista? Claro que não! Cada um sabe o que deve fazer e como fazer e o faz com a máxima perfeição. Sem cansar e sem se cansar, porque tudo é amor.

Queridos amigos, desejemos o céu!

Desejamos o céu especialmente pela virtude da esperança. 

Quando lembramos que "Tudo passa. Só Deus não muda. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta"! Quando buscamos rezar de modo mais ardente, para espantar as moscas da distração que só pousam em nós quando esfriamos no amor de Deus.

Quando buscamos amar aqueles mais próximos de nós (e, por isso, mais facilmente identificamos suas imperfeições...) e também os de mais longe. Quando perdoamos o pequeno e o grande, o fácil e o difícil...

Quando buscamos viver de forma organizada, arrumada, serena... ou pelo menos viver com alegria, ainda que nada tenha saído como imaginávamos...

Que a celebração hodierna de todos os Santos aumente em nós o desejo do Céu.

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