AÇÕES

 

Nós costumamos ouvir que toda mudança verdadeira começa de dentro para fora. E que o oposto seria uma máscara fingida que não suportaria muito tempo. Por um lado, existem pessoas que fingem ser o que não são, na busca de enganar as pessoas e tirar vantagem disso. Por exemplo, um candidato a vereador que abraça os pobres que moram na rua, tira fotos servindo almoço para eles, pega no colo as crianças, que diz que fará de tudo por eles, mas no fundo só pensa em ser eleito e enriquecer. Esse é o hipócrita.

Mas também o Santo necessita por vezes compreender que o combate pela santidade se dá não apenas no campo interior (pensamentos, desejos, reflexões, imaginações), mas também - e sobretudo - no campo exterior, ou seja em suas atitudes. 

S. Francisco de Assis, ao beijar o leproso, não o beijou por achá-lo belo, mas lutou contra a repugnância que sentia. E a partir daí, com mais força, deu-se o seu processo de conversão.

Na verdade é mais fácil mudar uma atitude naquele momento mais forte de tentação, do que mudar os impulsos interiores que nos levam a querer agir de uma forma que sabemos ser no mínimo "imperfeita".

Sentimos raiva, sentimos os apelos dos sentidos, sentimos soberba... sentimos... e se consentimos nesses pecados, ainda que só em pensamento já pecamos. Mas, todos esses maus sentimentos já "se acostumaram" a provocar em nós reações quase tão naturais como respirar. Assim, a raiva, muitas vezes já nos leva a aumentar o tom de voz, ou a agirmos, como se a vida fosse uma novela, a sair quebrando pratos e vasos. É fundamental que, se não conseguimos AINDA controlar nossos pensamentos, controlemos IMEDIATAMENTE nossas atitudes.

Conta-se sempre sobre o fundo da mesa de S. Francisco de Sales que era marcado pelas unhas do Santo que, buscando agir sempre com mansidão e paciência, tinha, quando estava sozinho, seus acessos de raiva que escondia arranhando a parte inferior de sua mesa de trabalho. Certamente o Santo Bispo de Genebra não morreu tendo que arranhar a mesa, as mudanças nas atitudes -ser amável com quem é inoportuno, agressivo e desrespeitoso - mais cedo ou mais tarde - tiveram seu efeito na alma do santo que pode realmente adquirir a mansidão não só exterior, mas sobretudo a interior.

Isso posto, gostaria de propor algumas coisas: 

1. Arrume a sua "mesa", ou seja algo que você possa recorrer quando for muito difícil manter a cara boa. Morda uma toalha, soque o travesseiro, compre um saco de areia, discipline-se... mas faça isso sozinho, quase como quando Nosso Senhor nos aconselha a rezar: "fecha a porta do teu quarto...". Duas pequenas observações: feche, não bata e não grite em seguida: "Me deixe sozinho!"

2. Faça isso, implorando a Deus que te faça ser aquilo que naquela hora você não é: manso, humilde, casto, obediente...

3. Ao retornar aja como se nada tivesse acontecido.

4. Mortifique a sua imaginação. Passada a "tormenta" não fique trazendo à mente os fatos que lhe desiquilibraram, mas, diante de Deus Nosso Senhor,  considere se foi algo realmente importante (o que geralmente não é), se for o caso, tome alguma providência (correção fraterna etc), mas com reta intenção e caridade e depois de alguns DIAS, para ter a certeza que todos os ânimos se apaziguaram.

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