NEGRA

 

A Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida traz à mente dos cristãos uma devoção peculiar às chamadas "Madonas Negras", ou seja, as representações da Santíssima Virgem apresentando a pele morena ou negra.

Esse fato, particularmente no Brasil com Nossa Senhora Aparecida, é levado para um campo ideológico de luta de raças e classes, fazendo da Virgem da Paz um incentivo à desordem e ao ódio entre as pessoas. O que oscila entre o sacrilégio e a blasfêmia.

É natural que nos lugares onde chegasse o anúncio do Evangelho, Cristo, sua Mãe, os Apóstolos, fossem representados com as faces próprias daqueles lugares: representações como orientais, africanos etc. Mas não é esse o caso.

As Nossas Senhoras Negras são algo muito comum na tradição cristã (particularmente em países da Europa como a Alemanha, a Itália, a Espanha), como já dissemos, e tem, geralmente duas razões: uma natural e outra intencional (e às vezes a junção das duas...).

A natural é que o material em que a imagem foi feita, originalmente ou com o tempo, fique enegrecido. As vezes a pintura original se desprende com o tempo, ficando apenas a talha de madeira ou de pedra; ou a exposição da imagem ao fume de velas e incensos acaba por escurecê-la.

A intencional é quando se quer dar um ensinamento através da cor que se coloca na pele da Virgem. 

O Cântico dos cânticos recorda a pobre camponesa, acostumada a trabalhar sob o sol e tendo sua pele morena por causa desse trabalho. E ela mesma diz que POR ISSO o Rei a amou e a fez entrar em sua morada.

Por isso o quê?

Por trabalhar debaixo do sol.

É o trabalho debaixo do sol que bronzeia a sua pele que a torna irresistível para o Rei.

Ora, meus irmãos, que é o sol?

Cristo.

Assim o chama S. Zacarias em seu Cântico: "Sol nascente que nos veio visitar..."

Quanto mais uma pessoa está exposta ao sol, tanto mais a sua pele se escurece. 

Quem esteve mais perto do Sol que é Cristo do que Maria? 

Por isso, apresenta-se negra. Ninguém pode ter em si os efeitos desse Sol mais do que Ela!

Mas ao mesmo tempo é um convite a cada alma.

Trabalhar debaixo do sol também significa trabalhar sob o olhar de Deus. E trabalhamos.

Trabalhamos para sermos virtuosos, santos, para sermos verdadeiros apóstolos num mundo apóstata...

É um trabalho cansativo, exaustivo. O sol não alivia o seu calor... E assim também enegrecemos nossa pele, trabalhando duro de sol a sol para que Cristo-Sol reine. E POR ISSO o Rei também nos ama. E reconhece em nós a cor de sua Mãe e nos faz entrar também em seu palácio.

Queridos amigos, deixemo-nos bronzear! 

Não temamos o trabalho debaixo do sol. Ele encanta o nosso Rei!