Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2019

DEIXEMO-NOS

Imagem
Novo Advento. Novo Ano Litúrgico. Novo convite de Deus. Na primeira leitura, o Profeta Isaías, que será um grande companheiro nosso nesses dias, nos convida a nos deixarmos guiar pela luz de Deus. Sim, esse convite é belíssimo, mas não é tão fácil de ser acolhido. Há em nós, aparente ou escondida, uma auto-suficiência onde "deixar-se conduzir" não é a atitude mais comum. Nós queremos conduzir-nos. Queremos ser os senhores de nossa vida e de nossos destinos. O incerto, o inesperado, nos incomodam tanto quanto o momento em que o menino de seis anos, dando com a cara no chão, descobre que não consegue voar como Super Man... Deixar-se guiar... Significa assumir que não só não sabemos, como também não controlamos. E esses são os piores pesadelos do homem que quer ser como Deus: não saber tudo, não controlar tudo. Mais um advento. Mais uma faxina na gruta do coração para acolher o Verbo feito carne. Primeira coisa da lista da faxina: jogar fora a auto-suficiência (ou a ide

MÃE

Imagem
Quando pensamos em "Mãe" em nossa Santa Religião, geralmente o nosso pensamento gravita em torno da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, e na Santa Igreja Católica, nossa Mãe, Jerusalém do Alto, que nos gera pelo Santo Batismo para a vida eterna e nos alimenta, fortalece e faz crescer através dos demais Sacramentos. Mas existe uma terceira Mãe dos cristãos: a Cruz. Todos nós nascemos também da Cruz.  A Liturgia da Festa de Santo André, recorda que ele é irmão de São Pedro não apenas pelo sangue mas também pela cruz onde ambos derramaram seu sangue. S. Pedro, crucificado de cabeça para baixo, e Santo André, crucificado numa cruz em forma de X, nasceram pela Cruz para o céu e nela coroaram suas vidas apostólicas. Nós também nascemos pela Cruz. Ela é nossa mãe. Certa vez, vi num convento de monjas um cartão onde havia uma paráfrase da primeira parte da Ave Maria: Dizia mais ou menos assim: "Ave, Cruz, cheia de graça. O Senhor está em ti. Bendita es

MEDIANEIRA

Imagem
Celebramos a aparição da Santíssima Virgem à Santa Catarina Labouré na Capela da Rue du Bac em Paris, em 1830. Estava a então noviça em oração junto com as demais irmãs. De repente, ouviu, como acontecera um julho um "frufru" como barulho de seda arrastando pelo chão. Viu então, onde ficava a Imagem de São José, a Santíssima Virgem com um vestido alvíssimo e com um véu da mesma cor que permitia ver apenas seus cabelos repartidos ao meio. Nossa Senhora trazia nas mãos um globo encimado por uma cruz e fez com que Ir. Catarina compreendesse que o globo representava o mundo, especialmente a França, e particularmente cada alma. Que belo! Estamos todos nas mãos de Nossa Senhora. Ao redor da Virgem, em letras de ouro, estava escrito em francês: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Essa visão assumia a forma de uma medalha, e virando-se essa imagem, viu Santa Catarina um M encimado por uma haste de onde saía uma cruz, os corações de Jesus e de Maria

CABELO

Imagem
Diante do anúncio de todos os sofrimentos que cairiam sobre os Seus discípulos, avisando até mesmo que alguns deles viriam a ser mortos, Nosso Senhor acrescenta que apesar de tudo isso, nenhum deles perderiam um só fio de cabelo de suas cabeças. Prezados amigos, o Senhor convida a um abandono em Suas Mãos. Deixar-se levar aos tribunais, não preparar a defesa, deixar-se matar. São os mesmos passos do Senhor. Precisam ser os nossos passos. Os cabelos não são apenas aqueles que temos (ou não) em cima da cabeça, mas são um sinal do cuidado de Deus que jamais nos abandonará. Muitas vezes, tal como Jesus, nos considerarão abandonados por Deus, talvez até nos sintamos assim. Mas Ele está conosco. Quando sentimos a ausência de Deus, nos tornamos companheiros daqu'Ele que gritou: "Por que me abandonastes?" São Thomas More (foto acima), chanceler de Henrique VIII, depois de tanto tempo preso na torre de Londres por não aceitar o "Ato de Supremacia" do rei que lhe

SOU EU

Imagem
Nosso Senhor nos ensina que diante da proximidade do fim dos tempos surgirão muitos falsos profetas. E a marca dos falsos profetas será exatamente querer identificar neles a presença de Cristo. Os verdadeiros discípulos de Cristo jamais se deixarão conduzir pela mentira de uma "nova" presença, porque para eles sempre houve A Presença: o Santíssimo Sacramento. Os discípulos de Cristo não o buscarão como se Ele nunca estivesse estado com eles, ao contrário, diante daqueles que quererão se fazer de Cristo, tanto mais os cristãos O saberão buscar onde sempre esteve. No fim dos tempos se quererá uma presença de Cristo gritante, mágica, imponente, por isso tantos tentarão se fazer d'Ele. Mas Ele continuará, silencioso, simples, humilde no Sacramento do Altar.

TUDO

Imagem
Nosso Senhor tem uma predileção pelo tudo... Assim, o tudo renunciado é o preço do Reino de Deus, o tudo ofertado abre o coração de Deus. O tudo é aquilo que todos têm. Todos têm um tudo. O tudo de um imperador é diferente do de uma viúva, como também o de Mateus era diferente do de Pedro. Mas todos - imperador, viúva, Mateus e Pedro - têm um tudo que quando ofertado com alegria encanta o Coração de Deus. Por serem diferentes, os tudos podem ser confundidos com o "muito", com a "boa parte", com o "quase tudo". E postos nas balanças humanas podem parecer muito semelhantes e até maiores, ou mais poderosos. Mas Aquele mesmo que viu os bens escondidos de Ananias e Safira, conhece o tudo ofertado ou não de cada um de nós. A tentação geralmente não é um convite a não dar, mas a um dar uma boa parte, a um dar um tão quase tudo, que o pedido do tudo pode parecer capricho de Deus. Mas Aquele que deu tudo, tem o direito de pedir tudo.

REI

Imagem
No Santo Evangelho dessa hodierna solenidade - Cristo Rei - a santa liturgia apresentou-nos o Cristo pendente na cruz, insultado e reconhecido como Rei apenas pelo Bom Ladrão. Quando o quiseram fazer Rei após a multiplicação dos pães, o Senhor se escondeu. Mas na cruz, aquele título evitado na glória é aceito sem reservas. É no contexto da Paixão que o Cristo aceita ser chamado de Rei. Ele mesmo afirma a sua realeza diante da irônica pergunta de Pilatos. Em Cristo, realeza e cruz estarão para sempre unidos, sem serem realidades opostas. É Rei na Cruz e pela Cruz. É Rei na Cruz, Rei de Si mesmo e de Sua própria vida, dispondo dela de acordo com a sua vontade. É pela Cruz, porque através dela não apenas redime, mas adquire como Rei todo o gênero humano. Ao mesmo tempo, um véu cobre essa realeza. Nem todos puderam enxergar através dele. O Bom Ladrão pode. Também hoje, um véu mais denso cobre a realeza de Cristo.  Depositado sobre esse véu estão todos os pecados e

CECÍLIA

Imagem
Celebramos hoje a memória de Santa Cecília, uma das sete mulheres que são mencionadas no Cânon da Missa, Virgem e Mártir Romana. De família nobre, ainda que tivesse consagrado a sua Virgindade a Cristo, teve que contrair matrimônio com um jovem romano pagão chamado Valeriano. Chegando o momento das intimidades nupciais, com columbina simplicidade, a Virgem explicou ao seu esposo o seu propósito e o convidou a buscar o Papa Urbano. Assim fez o jovem e recebeu o Batismo. Pouco depois, o próprio recém-convertido, foi instrumento para a conversão de seu irmão Tibúrcio, com a ajuda de sua Virgem Esposa. Seu marido e seu cunhado foram então denunciados como cristãos e o prefeito quis que sacrificassem aos ídolos. Tão firmes foram em sua fidelidade a Deus que não só não sacrificaram aos deuses, como também o próprio algoz, Máximo, converteu-se. Foram todos decapitados. Cecília sepultou os corpos de seu marido, de seu cunhado e de Máximo. Por causa disso, foi também denunciada como cri

OFERTA

Imagem
A oferta que Maria Santíssima fez de Si mesma a Deus, é a maior dádiva que Deus recebeu de uma criatura. Nunca, nem antes, nem depois, haverá alguma que se possa comparar. Assim ensinava Santo Afonso Maria de Ligório. Ao celebrar a Apresentação da Virgem Maria ao Templo, olhamos para aquele templo erigido por ordem de Deus e para o Templo construído pelo próprio Deus. Olhamos para o templo revestido de ouro, prata, cedro e tudo o que pudesse haver de nobre e precioso e olhamos para o outro Templo ornado de tantas graças e virtudes, ao ponto de que se ao ajuntamento das águas Deus chamou de mar, ao ajuntamento de todas as graças Deus chamou Maria. Olhamos para o templo que guardou a Arca da Aliança, e para o Templo que concebeu em Si mesmo a Palavra de Deus. Olhamos para o templo que guardou um punhado do maná, e para o Templo que conservou em si o Pão da Vida. Olhamos para o templo que guardou o cajado de Moisés, e para o Templo que trouxe para nós o Pastor do mundo inteiro. Es

VOLTOU

Imagem
Aproxima-se a Solenidade de Cristo Rei. No Santo Evangelho, o Bom Jesus conta a parábola daquele homem que partiu para ser coroado rei, e, enquanto estava à caminho para a coroação,os seus futuros súditos mandaram dizer-lhe que não queriam que reinasse sobre eles. Adiantou? Não. A multidão tem um grande poder. Quase infinito. Por isso, não faltam aqueles que querem servir-se das multidões para alcançarem seus objetivos. A imprensa especialmente, muitas vezes, busca manipular a opinião pública, tornando-se juíza de todas as coisas e pessoas, com resultados terríveis. Mas contra Deus, ninguém. Para Deus não existe a multidão. Existe o que é correto e errado, o santo e o ímpio. A vontade da multidão, a opinião da multidão, a decisão da multidão não significam nada para Deus. Ele é o Senhor e reinará, queiram ou não. O ódio a Cristo, nesse ínterim, entre a coroação e a tomada de posse, entre a ascensão e o juízo final, se reflete nos que n'Ele foram inseridos pelo Batismo.

PERDIDOS

Imagem
Algumas esposas costumam reclamar de que os seus maridos (antes da era do GPS, do Google Maps, Waze...) muitas vezes ficavam perdidos no trânsito, e, mesmo assim, não só não queriam pedir informação, como fingiam que não estavam perdidos, ainda que ficassem dirigindo em círculos... No Santo Evangelho, Nosso Senhor diz que veio para buscar e salvar os que estavam perdidos. É interessante que, nesse caso, Ele não diga que veio salvar a todos, mas especifica um grupo de destinatários da sua salvação: os perdidos. De modo análogo, na última ceia, o Senhor diz que o Seu Sangue será derramado "por muitos", ao invés de por todos. Ora, terá o Senhor escolhido um grupo de pessoas para ser salvas e um outro grupo para perder-se?  Essa é a doutrina protestante. Não! Todos somos chamados à Salvação, porque todos somos perdidos. Mas essa salvação que é gratuita, não é irresponsável, de modo que há a necessidade de um acolhimento ao dom que o Senhor oferece. Esse acolhimento é

CALADO

Imagem
Na cura do cego que grita não pode passar sem a nossa atenção o fato de que alguns dos seguidores de Jesus repreendam o cego. Talvez alguns desses seguidores tenham contado a ele sobre Nosso Senhor, uma vez que o cego sabe que Ele é o Filho de Davi e que tem poder para curá-lo. Também são os seguidores de Jesus que comunicam a ele que o barulho que ouvia era porque Jesus Nazareno estava passando ali. Eles falam sobre Jesus. Andam com Jesus. Mas não querem que ele, o cego, chegue a Jesus. Se essa atitude viesse dos inimigos de Jesus seria compreensível, mas vem exatamente dos seus seguidores. Querem que o cego, além de cego se torne mudo. Querem que fique calado. Nosso Senhor ao contrário, o chama e estabelece um diálogo que beira o óbvio, mas serve para que o cego diga confiante a Jesus o que realmente deseja. Nós, queridos amigos, precisamos fazer esse exame de consciência: teremos nós impedido o acesso de alguém a Nosso Senhor? Terá nos incomodado o grito de alguém dirigido a

Imagem
O Senhor pergunta se encontrará fé sobre a terra. Antes de responder sim ou não, talvez fosse necessário considerar algo sobre a fé. Penso que a fé é aquilo que temos inversamente proporcional ao que consideramos ter. Muitas pessoas que se dizem cheias de fé não rezam sempre, não recebem os sacramentos, vão à Igreja raramente, às vezes apenas no dia do seu santo de devoção. Por outro lado, muitas pessoas que buscam ter uma vida de oração intensa, buscam os sacramentos etc pensam que estão sem fé ou que a estão perdendo. Quando o pensamento de não termos fé, ou a termos em pequeníssima proporção, nos fere, é porque a temos. E a temos num grau razoável. Não sofre de falta de fé quem não acredita que as coisas vão melhorar. Não sofre de falta de fé quem daria um dedo para não ter que rezar, mas reza. Não sofre de falta de fé quem jura que não vai à Missa, mas vai. Deixe que eu te dê parabéns pela sua fé!

CONSERVAR

Imagem
Inato ao ser humano está o extinto de preservação da vida. Numa situação extrema, nos colocamos em atitude de defesa, nos protegemos do que possa nos causar mal. Nada que seja inato ao homem, que seja da sua natureza, será mal em si mesmo. Todavia, o pecado gera uma desordem, onde até o que possa ser naturalmente bom, pode se tornar mal. Por exemplo, é da natureza humana alimentar-se para que possa manter a vida. Porém, há o pecado da gula. Defender a nossa vida, preocupar-nos conosco mesmos, não é, em si mesmo, algo que mereça ser repreendido. Mas qual vida temos que defender? Sabemos que possuímos uma vida mortal, passageira, efêmera. Mas também somos chamados à uma vida imortal, gloriosa, eterna. Nem sempre essas duas vidas estão em afinidade. Às vezes necessitaremos escolher entre uma e outra. O então Duque de Gandia, Francisco de Borja, ao contemplar o cadáver em decomposição da Imperatriz Izabel a quem servia, tomou a seguinte resolução: "Jamais servirei a senhor

A PUREZA E OS INIMIGOS DA IGREJA

Imagem
"Os pecados que mais almas levam para o inferno são os pecados contra a castidade", assim com sua característica simplicidade dizia, pouco antes de sua morte, Santa Jacinta Marto, uma das videntes de Nossa Senhora em Fátima. O que conheceu por particulares revelações da Mãe de Deus e por sua delicadíssima consciência, sempre foi afirmado pela Santa Igreja através dos Santos e Doutores. Desde o início a pureza, a castidade, constituem algo de fundamental na vida cristã. E a própria virgindade de homens e mulheres se tornou um ideal tão forte que foi necessário que o Apóstolo recordasse que aqueles que se casam não pecam por casar-se, nem por viverem sadia sexualidade no contexto matrimonial. Ao longo dos séculos a Igreja sempre valorizou a santa pureza e, unida à ela, a virgindade. São de grande beleza os elogios feitos à essa virtude pelos Santos Padres, e, até de certo modo, bem-humoradas, como é o caso da que fez S. Jerônimo. Não deixou a Igreja de repreender sever

OSTENSIVAMENTE

Imagem
Os fariseus perguntam a Nosso Bom Jesus pelo Reino de Deus. Essa expressão - Reino de Deus - é recorrente no Santo Evangelho. Tantas vezes Nosso Senhor se refere ao Reino e também os apóstolos e mesmo os mestres da Lei e fariseus questionam a Nosso Senhor sobre ele. Todavia, a mesma expressão, assume sentidos completamente diferentes. Para Nosso Senhor o Reino de Deus é Ele mesmo, sua Igreja e sua presença em nossas almas. Mas para os outros, e mesmo para os Apóstolos, o Reino de Deus seria a instauração de Israel como um grande reino humano, cheio de poder e de prestígio. Nesse sentido, os dois entendimentos, o de Nosso Senhor e o dos outros se tornam totalmente opostos. A ostensividade do reino mundano esperado contrasta totalmente com a simplicidade do Reino que Nosso Senhor veio instaurar. "O Reino de Deus não vêm ostensivamente..", disse Nosso Senhor. Quando olhamos para a Santíssima Eucaristia, como não perceber essa humildade sublime e humilde sublimidade. Quand

BÁRBARA

Imagem
Em 15 de agosto de 1568 um noviço polonês da Companhia de Jesus morria em Roma. E aquele jovem de 18 anos fez com que a Cidade Eterna já o venerasse como santo logo após a sua morte. Refiro-me à Santo Estanislau Kotska. Os fiéis à época tinham especial devoção por 14 Santos, chamados de 14 Santos Patronos. Infelizmente depois de 1970 o culto da maioria deles foi posto de lado, e até mesmo a existência de alguns deles foi contestada. Esse é o caso, por exemplo, da gloriosa mártir S. Bárbara. O furor iconoclasta de muitos eclesiásticos ao jogarem no lixo alguns dos Santos de nossa Igreja, ou pelo menos de não incentivar esse culto por falta de supostas provas de sua existência não atingiu somente os próprios santos em questão, mas muitos outros que se devotaram a eles por toda a vida. Santo Estanislau, por exemplo, era devotíssimo de S. Bárbara. Certa vez, quando teve que estar hospedado na casa de um protestante, antes ainda de ingressar na Companhia de Jesus, ficou gravemente doen

VOLTASSE

Imagem
No Santo Evangelho, quando São Lucas narra a cura dos dez leprosos, vemos que Nosso Senhor dá uma ordem para os leprosos: "Ide mostrar-vos aos sacerdotes!". Essa ordem, na verdade, já indicava a cura, porque Moisés havia prescrito que seriam os sacerdotes que deveriam atestar que um homem se tinha purificado da lepra. No caminho, os leprosos são curados; e nove continuam seguindo a ordem do Senhor. Todavia, um volta para agradecer a Nosso Senhor pela cura. Isso não constava na ordem que foi seguida à risca pelos demais, mas o Senhor não deixa de notar o transbordar da gratidão daquele, que além de ser leproso ainda era samaritano, como que impuro duas vezes... Os nove leprosos nos recordam aqueles que cumprem estritamente os mandamentos, aquele que volta, nos recorda quem vai ainda mais do que os mandamentos, sendo generoso e agradecido para com Deus. Caros amigos, pela graça de Deus, muitas vezes nós não deixamos de cumprir os mandamentos. Mas não podemos nos contenta

DEVÍAMOS

Imagem
No Santo Evangelho, Nosso Senhor nos fala do empregado que tendo consciência do seu dever o cumpre perfeitamente, e o relaciona conosco, dizendo que também nós devemos considerar-nos servos inúteis, que simplesmente fizeram o que deviam fazer. Mas para muitos surge a questão de que, afinal de contas, o que se deve fazer? O que é nosso dever? O que o bom Deus espera de nós? Algo que parece ter caído no esquecimento é o que costumamos chamar de deveres de estado. Ou seja as nossas obrigações diante de Deus, de acordo com o nosso estado, especialmente em relação à nossa vocação específica: o matrimônio, a vida religiosa ou o sacerdócio. Nisso muitas vezes vivemos em conflito, esquecendo o que já aconselhava o manso S. Francisco de Sales: "Não podem os casados querer viverem como os capuchinhos..." Se todos somos chamados à perfeição é necessário compreender que isso se dá por caminhos diferentes e através - não apesar - dos nossos deveres de estado. Assim o casal santifica

Imagem
Certos autores atribuem a inserção de um ou outro ponto desconexo no Evangelho, à existência de uma coleção de ditos do Senhor, que ora ali ora acolá são introduzidos nos corpos dos textos. No caso do Evangelho de hoje parece haver uma mudança brusca de foco. Num momento o Senhor está falando sobre o perdão, chegando até mesmo a propor um exemplo que não deixa de ter um quê de comédia: "se num dia  sete vezes pecar contra ti e sete vezes vier a ti dizendo: 'Estou arrependido', tu deves perdoá-lo..." Imediatamente após os apóstolos pedem ao Senhor que lhes aumente a fé.  Pode parecer uma desconexão de assuntos, mas, penso que não. De algum modo, os Apóstolos compreendem que a fé não é apenas como nos relacionamos com Deus, mas é também como nos relacionamos entre nós. Sem fé, sem perdão. Porque sem fé, olhamos apenas um ser desprezível que ousou nos ofender. Pela fé, vemos um irmão, filho de nosso Pai, redimido pelo Sangue de Cristo, morada do Espírito San

ANJOS

Imagem
Na antiguidade era comum se considerar os homens e as mulheres como que destinados ao casamento, e a não geração de filhos por vezes se julgava uma maldição. A filha de Jefté, por exemplo, pede ao pai que lhe deixe "chorar sua virgindade", porque morreria sem se casar e ter filhos. Nosso Senhor porém recorda que a realidade do casamento, embora santíssima e irrevogável nesse mundo, não continua na eternidade. Ali todos serão como anjos de Deus. Ser como anjo de Deus... É essa uma das razões para que a Igreja ordene para o Sacerdócio homens celibatários. O padre, com sua veste, recorda aos homens Deus. Com o celibato, recorda a vida futura. Sim, o padre é humano. Mas existe para ser anjo terrestre. Oremos pelos nossos padres, em geral, para que jamais desleixem da "angelidade" à qual foram chamados pelo Senhor.

CONSUMIRÁ

Imagem
Ao expulsar os vendilhões do Templo, Nosso Senhor chama aquele lugar de "casa", "casa de meu Pai". Queridos amigos, se assim se podia chamar o vetusto Templo de Jerusalém, infinitamente mais se pode considerar a mais humilde capela ribeirinha. Cada Igreja, especialmente se ali se conservam as Sagradas Espécies, é verdadeiramente "Domus Dei" , Casa de Deus, e ninguém, absolutamente ninguém pode fazer uso próprio daquilo que não é seu. Aliás isso se chama roubo. Certa vez, o próprio Papa S. João XXIII, pediu que o povo não lhe desse "vivas" no interior da Basílica recordando que era "templum Dei", "É o Templo de Deus"!, dizia o Papa. Ora, se nem o homem que possuiu a maior dignidade desse mundo, se nem o Pai comum da cristandade pode se servir do Templo de Deus para fins próprios, quanto mais nós! Mas constantemente roubamos a casa de Deus em benefício próprio. Bento XVI já alertava para o fato de que muitas aparentes celeb

DESCOLORIRÁ

Imagem
Certa vez ao falar da transitoriedade da vida num sermão, referi-me à música "Aquarela", onde se diz que tudo o que foi feito com tanto esmero e carinho um dia "descolorirá". Minha mãe, que tinha assistido a Santa Missa, depois de algum tempo me disse:"Eu achava aquela música tão bonita, nunca tinha pensado nesse sentido..." Realmente, muitos de nós, não percebemos que tudo um dia descolorirá. Que aquilo que hoje tanto nos ocupa de bem ou de mal, acabará. Tudo descolorirá... Portanto, é bom que nós tendo essa consciência, saibamos abrir mão do transitório quando ele pode ser um empecilho para o eterno. Pensando nisso, o administrador infiel soube perder para ganhar. Nós geralmente só queremos ganhar e por isso acabamos por perder. Tudo que é desse mundo descolorirá. Porque nos apegarmos a uma nuvem que passa?

UMA

Imagem
No Santo Evangelho, o Bom Jesus nos fala do pastor e da dona de casa que perdem uma ovelha e uma moeda respectivamente. Cada personagem sabe o valor e o sentido de suas perdas, a tal ponto que o recuperar o bem perdido faz com que eles festejem até mais do que o valor do próprio perdido. O pastor que festeja a ovelha reencontrada e a dona de casa que festeja a moeda achada, objetivamente gastam mais do que os bens recuperados, gastam não movidos pela matemática proporção, mas pelo transbordar da alegria do reencontro. Não somos apenas mais uma pessoa, perdida na multidão. Somos um cálice que contém o Sangue de Cristo. Custamos o Sangue de Cristo. A alegria dos anjos não é só por nossa causa, mas pelo Sangue que não se perde quando somos reencontrados pelo Senhor. Em certos momentos achamos que não somos nada e que não faríamos falta alguma para o mundo. Isso é verdade. O mundo talvez não sinta a nossa falta, mas Cristo sente. Porque só Ele sabe o que Lhe custamos: o Seu Preciosís

CALCULAR

Imagem
Nosso Senhor no Santo Evangelho nos fala do homem que deve calcular antes de construir uma torre para não começar algo que não poderá concluir. Existe algo pior do que não fazer uma coisa? No pensar de Nosso Senhor, sim: fazer pela metade. Se queremos seguir ao Senhor, se queremos edificar a torre de uma vida dedicada ao Verbo Encarnado, precisamos fazer um cálculo. A conta é razoavelmente simples: é só ver tudo o que temos e se estamos dispostos a dá-las ao Senhor. Se quisermos dar a metade, ou mesmo quase tudo, passaremos a vergonha daquele que constrói pela metade. Ou tudo, ou nada; metade, não. Ou quente ou frio; morno, vomita-se.

CHEIA

Imagem
No Santo Evangelho, Nosso Senhor nos mostra os anelos de seu Diviníssimo Coração: "Que minha casa esteja cheia!" Essas palavras que Nosso Senhor pôs na boca daquele homem que preparou uma festa, mas não foi correspondido pelos seus convivas, é realmente um desejo d'Ele. É verdade que nós muitas vezes consideramos que é melhor quantidade do que qualidade. E realmente é um desastre a quantidade sem a qualidade, porém, o imenso Coração de nosso Jesus não se contenta com pouco. Aqu'Ele que todo seu Sangue derramou por toda a humanidade não se contentará com partes. Quem deu tudo, tem o direito de receber tudo. Para Nosso Senhor importa a qualidade, é claro, mas junto com ela a quantidade: Ut repleatur domus mea. Para que a minha casa fique cheia. Caros amigos, cuidado para não encontrarmos solenes expressões para justificar nossa falta de ardor apostólico. Enchamos a casa de Deus.

RESSURREIÇÃO

Imagem
No Santo Evangelho, Nosso Salvador nos ensina que devemos numa festa convidar os pobres, aqueles que não podem retribuir-nos, para que recebamos a recompensa na ressurreição. Desde o advento do protestantismo, cada vez menos a vida futura, a eternidade, o paraíso, deixam de ser considerados pelo ser humano. Especialmente a partir da Revolução Francesa e com o advento do comunismo materialista e ateu, a religião em geral, e, de modo particular a Igreja Católica são consideradas manipuladoras das massas populares prometendo um paraíso inexistente para aqueles que forem bem conformados com as injustiças dessa vida. Talvez, por causa dessa acusação e de outras do mesmo gênero, cada vez menos nos é recordado o paraíso, a recompensa futura, e não podemos desejar aquilo que esquecemos que existe. Ou talvez julguemos que é bom garantir um certo paraíso terrestre, porque o celeste... dele não temos certeza. Já afirmava São Paulo que se colocamos nossa esperança para as coisas dessa terr

ZAQUEU

Imagem
No Santo Evangelho do XXXI Domingo do Tempo Comum ouvimos no Evangelho de S. Lucas o encontro de Nosso Senhor com Zaqueu. O Evangelista fala que Zaqueu era baixo e, que querendo ver Jesus, sobe num sicômoro. Nosso Senhor ao vê-lo, logo após dizer seu nome: "Zaqueu", lhe dá uma ordem: "Desce!". Zaqueu é um retrato de toda a humanidade: somos baixos. Desejamos ver a Deus, mas a nossa baixeza parece ser um impedimento para essa vista. No desejo de ver a Deus, começamos a subir, subir e subir. E sempre subimos errado, nos lugares errados, de modo errado. Não somos nós que "encontramos" Deus na sua altura. Mas é Deus que nos "busca" na nossa baixeza. Para encontrarmos a Deus não temos que subir, ao contrário, temos que descer. É descendo nas vias da humildade que encontramos aqu'Ele que rasgou os céus para descer e ser o Deus-conosco. "Zaqueu, desce!" Assim também hoje, chamando-nos com nosso nome, o Senhor nos manda descer. Desc

ORAÇÃO

Imagem
"De mortuis nihil nisi bonum" . Assim afirma um antigo adágio latino. Sobre os mortos não se deve dizer nada, a não ser coisas boas. Embora isso seja verdade, não seria razoável que agíssemos como se todos os nossos falecidos tivessem sido confirmados em graça e morrido no mais absoluto estado de perfeição. Por isso, o dia de hoje precisa ser considerado com a intenção que teve a Igreja ao instituí-lo. A comemoração hodierna, ainda que tenha suas raízes desde os primórdios do cristianismo, encontra grande força na venerável figura de S. Odilão, Abade de Cluny. É ele que, tendo profundíssima devoção pelas almas do purgatório, instituiu essa celebração para o seu mosteiro e para todos os demais que estavam ligados à reforma cluniacense. Assim, já no século XII toda a cristandade orava pelos mortos no dia 02 de novembro.  Tendo contemplado a Igreja Triunfante no dia anterior, agora a Igreja Militante volta-se para a Igreja Padecente. Todavia, de uns tempos para

SANTIDADE

Imagem
Os vitrais... Que belo é entrar pela manhã numa Igreja e ser inundado pela luz diáfana que os transpassa sem os ferir. Num momento ou noutro, o enlevo é tão grande que parece que os vitrais possuem luz própria, quando, a bem da verdade não é assim. Há uma luz anterior aos vitrais, infinitamente anterior, e magnificamente superior a eles: chama-se sol. O sol, sim, é pura luz e puro calor. É a luz multiforme e multicolor que ao tocar e atravessar os cristais do vitral dá a um a luz azul, a outro a luz vermelha, a outro ainda a verde. Nenhum cristal do vitral consegue conter em si todas as cores, mas cada um, recebendo toda a luz, apresenta uma variação particular como que identificando em si mesmo através da sua cor, a inenarrável beleza do puro resplendor solar a qual nossos olhos não são capazes de fitar diretamente. Assim é a Santidade. Deus Nosso Senhor é como sol que concentra em si mesmo e em grau mais do que superlativo e absoluto a própria essência da santidade. Os san