SANTIDADE

Os vitrais...
Que belo é entrar pela manhã numa Igreja e ser inundado pela luz diáfana que os transpassa sem os ferir. Num momento ou noutro, o enlevo é tão grande que parece que os vitrais possuem luz própria, quando, a bem da verdade não é assim. Há uma luz anterior aos vitrais, infinitamente anterior, e magnificamente superior a eles: chama-se sol.
O sol, sim, é pura luz e puro calor. É a luz multiforme e multicolor que ao tocar e atravessar os cristais do vitral dá a um a luz azul, a outro a luz vermelha, a outro ainda a verde. Nenhum cristal do vitral consegue conter em si todas as cores, mas cada um, recebendo toda a luz, apresenta uma variação particular como que identificando em si mesmo através da sua cor, a inenarrável beleza do puro resplendor solar a qual nossos olhos não são capazes de fitar diretamente.
Assim é a Santidade.
Deus Nosso Senhor é como sol que concentra em si mesmo e em grau mais do que superlativo e absoluto a própria essência da santidade. Os santos são como que os variados cristais de uma rosácea, que, embora recebendo a santidade como um todo, particularmente refletem uma cor, ou seja uma virtude específica através da qual, nós os podemos ver como exemplo e intercessão. Nenhum santo o foi por viver uma virtude mas por vivê-las todas, pelo menos potencialmente, ao grau máximo do heroísmo. Mas como não pensar na pobreza de S. Francisco, na organização militar de S. Inácio, no maduro equilíbrio de S. Bento, na alegria de S. Filipe Neri, na caridade de S. Vicente de Paulo, na pureza de S. Maria Goretti, na ciência de S. Tomás de Aquino, na perseverança de S. Policarpo, na fortaleza de S. Bárbara, na piedade de S. Tarcísio, na justiça de S. Thomas More, na discrição de S. Catarina Labouré, na compaixão de S. Francisco de Paula, na fé de um S. João Bosco, na maturidade de S. Inês... 
E quão grande é esse vitral!
Em seu centro percebemos o que de mais semelhante ao sol se possa ter neste mundo. O centro desse vitral de onde são espargidas luzes sobre os demais cristais é Maria Santíssima. Ela é como que um aqueduto por meio do qual Deus derrama as suas graças sobre todo o mundo visível e invisível. Todos os Santos, vendo nela em grau máximo e em suprema perfeição aquelas virtudes que tanto custaram para adquirir, prestam-lhe alegre e justamente o mais sincero e ardoroso preito de vassalagem, reconhecendo-a como Rainha e Senhora.
Não haverá parede nessa terra que o possa sustentar vitral tão grandioso.
Só que o nosso vitral ainda está por construir. Não está pronto. Há ainda partes incompletas. 
Nelas, o Sol espera os vidros que somos eu e você a deixar transparecer algo de sua luz, porque na junção de todas as luzes há uma cor que somente nós conseguiremos refletir. Já sabe qual é a sua? Não demore muito a descobrir... 

Comentários