CECÍLIA


Celebramos hoje a memória de Santa Cecília, uma das sete mulheres que são mencionadas no Cânon da Missa, Virgem e Mártir Romana.
De família nobre, ainda que tivesse consagrado a sua Virgindade a Cristo, teve que contrair matrimônio com um jovem romano pagão chamado Valeriano. Chegando o momento das intimidades nupciais, com columbina simplicidade, a Virgem explicou ao seu esposo o seu propósito e o convidou a buscar o Papa Urbano. Assim fez o jovem e recebeu o Batismo.
Pouco depois, o próprio recém-convertido, foi instrumento para a conversão de seu irmão Tibúrcio, com a ajuda de sua Virgem Esposa.
Seu marido e seu cunhado foram então denunciados como cristãos e o prefeito quis que sacrificassem aos ídolos. Tão firmes foram em sua fidelidade a Deus que não só não sacrificaram aos deuses, como também o próprio algoz, Máximo, converteu-se. Foram todos decapitados.
Cecília sepultou os corpos de seu marido, de seu cunhado e de Máximo.
Por causa disso, foi também denunciada como cristã, tentaram obrigá-la a sacrificar aos deuses. Negou-se.
Decidiram então deixá-la trancada no banheiro de sua mansão, com vapores sufocantes. Ficou ali por um dia e uma noite. Quando abriram o local da tortura, a Virgem estava ilesa, como se nada lhe tivesse acontecido. Ao saber dessa notícia o prefeito de Roma inflamou-se ainda mais de ódio e ordenou que fosse decapitada. Trouxeram então um carrasco, que talvez constrangido por ter que matar uma mulher de tão grande nobreza e beleza, não conseguiu decepar completamente a cabeça da Santa com os três golpes permitidos pela Lei romana. Ao ver seu fracasso, e que a Santa ainda vivia, o carrasco largou a espada e fugiu do lugar.
Os cristãos então entraram para cuidar do corpo, mas viram que a Virgem ainda vivia. Enxugavam o sangue que saía de seu corpo e ficaram em torno da Esposa de Cristo. Três dias depois, chegou o Papa Urbano trazendo o óleo santo dos enfermos e a Santíssima Comunhão. Alegrou-se enormemente a Virgem pelo conforto dos sacramentos e por receber o seu Divino Esposo pela última vez nesse mundo.
Após a Comunhão, Santa Cecília dirigiu ao Papa seu último pedido: que sua casa fosse consagrada como Igreja, o que foi feito.
Os fiéis então, junto com Urbano, recolheram o corpo exatamente como tinha estado por aqueles três dias e o colocaram num esquife de cipreste.
Quinze séculos depois, quando a Casa transformada em Igreja era restaurada achou-se milagrosamente o sepulcro da Santa. O cardeal responsável pela Igreja ao abrir o esquife da Santa ficou tomado de estupor: o corpo de Santa Cecília não só estava incorrupto, como ainda estavam úmidos de sangue os paninhos que os fiéis quinze séculos antes usaram para recolher o sangue da Santa. Ali trabalhava o escultor Maderno que esculpiu uma imagem conforme viu o corpo incorrupto da Santa. Era a primeira vez que se via esse milagre na Igreja.
Numa última e perene profissão de fé, Santa Cecília entregou sua alma a Deus, e assim ficou o seu corpo: numa das mãos um dedo levantado, e na outra três dedos. Ela entregou a sua vida por ser fiel a Deus que é Uno e Trino.
Que Santa Cecília, São Valeriano, São Tibúrcio e São Máximo intercedam por nós. Também em cada esquina encontramos alguém nos oferecendo um incenso para queimar aos deuses... De fala mansa nos convidam, dizem que é só queimar um pouquinho... e quantas vezes queimamos...
Por um punhado de incenso, eles entregaram as suas vidas. E fizeram de sua vida o incenso que o verdadeiro Deus merece.

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