Certos autores atribuem a inserção de um ou outro ponto desconexo no Evangelho, à existência de uma coleção de ditos do Senhor, que ora ali ora acolá são introduzidos nos corpos dos textos. No caso do Evangelho de hoje parece haver uma mudança brusca de foco. Num momento o Senhor está falando sobre o perdão, chegando até mesmo a propor um exemplo que não deixa de ter um quê de comédia: "se num dia  sete vezes pecar contra ti e sete vezes vier a ti dizendo: 'Estou arrependido', tu deves perdoá-lo..."
Imediatamente após os apóstolos pedem ao Senhor que lhes aumente a fé. 
Pode parecer uma desconexão de assuntos, mas, penso que não.
De algum modo, os Apóstolos compreendem que a fé não é apenas como nos relacionamos com Deus, mas é também como nos relacionamos entre nós. Sem fé, sem perdão.
Porque sem fé, olhamos apenas um ser desprezível que ousou nos ofender.
Pela fé, vemos um irmão, filho de nosso Pai, redimido pelo Sangue de Cristo, morada do Espírito Santo, que necessita de nosso perdão.
Ao mesmo tempo a fé nos faz perceber que a falta do perdão gera fatalmente uma vítima, e essa vítima não é aquele que nos ofendeu, mas nós mesmos. Ao não perdoar fazemos à nossa alma um mal ainda maior do que a própria ofensa que outrem nos teria infligido.
A fé nos dá a capacidade de pegar tudo o que nos afasta de Deus e dos irmãos e lançar ao mar.
Peçamos ao Senhor que nos aumente a fé, não só no que diz respeito a Ele, mas também aos irmãos.

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