A PUREZA E OS INIMIGOS DA IGREJA

"Os pecados que mais almas levam para o inferno são os pecados contra a castidade", assim com sua característica simplicidade dizia, pouco antes de sua morte, Santa Jacinta Marto, uma das videntes de Nossa Senhora em Fátima. O que conheceu por particulares revelações da Mãe de Deus e por sua delicadíssima consciência, sempre foi afirmado pela Santa Igreja através dos Santos e Doutores.
Desde o início a pureza, a castidade, constituem algo de fundamental na vida cristã. E a própria virgindade de homens e mulheres se tornou um ideal tão forte que foi necessário que o Apóstolo recordasse que aqueles que se casam não pecam por casar-se, nem por viverem sadia sexualidade no contexto matrimonial.
Ao longo dos séculos a Igreja sempre valorizou a santa pureza e, unida à ela, a virgindade. São de grande beleza os elogios feitos à essa virtude pelos Santos Padres, e, até de certo modo, bem-humoradas, como é o caso da que fez S. Jerônimo.
Não deixou a Igreja de repreender severamente os vícios contra a pureza tão presentes no Império Romano e no pensamento grego, especialmente no momento de sua decadência. E, ao mesmo tempo, de elogiar certos povos ditos bárbaros que  não toleravam o adultério, o homossexualismo e a prostituição.
Assim, a pureza e a castidade constituem uma bandeira erguida pela Igreja que encontram seu grau mais elevados nas únicas criaturas que puderam exercer algum império sobre o Verbo Encarnado: a Virgem Maria e o Nosso Senhor São José. Também é ao Apóstolo Virgem, João, que caberá a honra de guardar a Mãe Virgem do Filho de Deus.
A pureza e a virgindade consagradas também serviram para apresentar a mulher em sua altíssima dignidade. A compreensão sobre a dignidade do sexo feminino na antiguidade sempre foi orientada para a visão da mulher como esposa e mãe. A Igreja, trazendo o ideal da virgindade consagrada, apresenta a mulher não mais nessa única função, mas como imagem da Igreja, Esposa Virgem, do Cordeiro Imaculado. 
As Virgens Mártires dos primeiros séculos e ainda dos atuais, jamais foram consideradas como frágeis e indefesas, ao contrário, gloria-se a Igreja de as ver enfrentando imperadores, reis e tiranos e vencendo duplamente sobre eles através do martírio e da virgindade. Suas mortes, não foram derrotas, mas vitórias.
Por essas, dentre tantas outras razões, não é difícil compreender o lugar que a castidade deve ocupar na pregação verdadeiramente católica. Se o pastor que não mata o lobo, trai o rebanho; aquele que tem cura de almas deve frequentemente chamar aqueles que lhe foram confiados à sublime prática da castidade própria do estado de vida de cada um, não deixando de propor até mesmo o que de mais heróico se pode viver em tão alta virtude. Mas, ao mesmo tempo, deve combater, mesmo violentamente, tudo aquilo que se opõe à ela.
Essa pregação será modesta, sem detalhes, mas firme e resoluta. De modo a chamar à contrição os pecadores e "vacinar" os que ainda conservem sua inocência.
Assim deve fazer o pastor porque sabe que o que a gula é para o corpo é muito mais a impureza para a alma. A impureza têm um quê de pegajoso de modo que aquele pecado menos grave nesse aspecto é capaz não apenas de produzir graves danos, como também levará sempre a outros piores. 
Por serem atingidos no que mais apreciam, não é difícil considerar que os inimigos da Igreja se lancem contra os pastores da Igreja acusando-os exatamente de impureza, cumprindo aquele ideal marxista: "chame os seus inimigos daquilo que você mesmo é; acuse-os daquilo que você faz!".
Isso não é novo.
Os pagãos do Império Romano acusavam os primeiros cristãos de serem adeptos de orgias. Isso se tornou tão sério que a Carta a Diogneto deixou claro que os cristãos tinham em comum era a mesa, não o leito.
São Jerônimo foi acusado por clérigos adúlteros de ter um envolvimento sexual com sua dirigida espiritual Santa Paula.
São João da Cruz foi acusado de ter violado uma virgem e de ser o pai do filho que a infeliz trazia no seio.
Os jovens fanfarrões de Ars querendo vingar-se do fim dos bailes que logrou S. João Maria Vianney acusaram-no de ter estuprado uma moça que era na verdade namorada de um deles.
Na porta do Convento da Visitação fundado por S. Francisco de Sales e por S. Joana de Chantal hereges suíços e maus católicos escreveram: Harém do Bispo de Genebra.
A espanhola Santa Maria Micaela acolhia prostitutas em sua casa, acolheu tantas que necessitava pedir doações. Os seus contemporâneos diziam que as acolhidas e a acolhedora eram exatamente a mesma coisa...
Alguns maus sacerdotes visitavam os familiares dos jovens que São João Bosco acolhia em seus oratórios dando a entender que ali reinava uma profunda depravação moral.
O reitor do Seminário de Paris expulsou dali com extrema rudeza São Luis Maria Grignon de Montfort, dizendo que a presença dele comprometia a reputação do Seminário.
Na época de Pio XII, São Josemaría Escrivá esteve à beira de ser expulso do que ele mesmo tinha fundado, o Opus Dei, por acusações semelhantes. 
S. Pio de Pietrelcina recebeu acusações do mesmo assunto e por causa delas teve gravemente limitada sua ação sacerdotal por 20 anos. Na última vez que essas acusações se levantaram o Santo Frade já tinha mais de 80 anos.
São Paulo VI, o Papa que reafirmou a doutrina sobre a sexualidade na Igreja, foi acusado de ter um romance com um ator americano.
Também não faltaram nos comentários sobre S. João Paulo II e Chiara Lubic, fundadora dos Focolares, também em vias de beatificação, quando o Papa cedeu ao Focolares parte do Palácio Apostólico de Castelgandolfo.
Algumas dessas notícias continuam ainda hoje, mesmo que suas vítimas já tenham sido canonizadas pela Igreja. Para quem espalha a calúnia, a canonização foi "arrumada", "comprada", ou na Igreja todos "são farinha do mesmo saco"...
Ainda assim hoje.
Talvez ainda mais hoje.
A internet que deu voz à uma multidão de néscios, como dizia Umberto Eco, facilita o disseminar de denúncias e o anonimato por detrás do computador parece ser um convite à isso.
Os inimigos da Igreja põe em prática aquele maquiavélico conselho de "dividir para reinar", através da imprensa eles enfraquecem todas as instituições: o governo é corrupto, o legislativo é vendido, o judiciário é ladrão, a polícia é falsa, a Igreja é pedófila... Só se pode confiar numa coisa: na imprensa.
Se Rousseau criou o mito do "bon sauvage", onde o homem nasce bom, mas é corrompido pelo meio; hoje nós temos uma espécie de mito da "boa imprensa", onde a sociedade está corrompida, e a salvação virá da imprensa. A imprensa, detendo o monopólio das notícias, tornou-se uma realidade acima do bem e do mal, capaz de elevar e de sepultar quem seja.
Assim, coloca-se a Igreja sob suspeita através dos padres e bispos.
Faz com que se olhe todos os padres como criminosos sexuais em potencial, garantindo-lhes já a culpa, se não forem capazes de provar sua inocência. Faz-se isso, para atacar a Igreja, para que os fiéis creiam que a Igreja se não for desprezível, está, pelo menos, superada.
Mas o que vemos nesse mesma TV?
Crianças dançando danças que sequer cabem em seus corpos.
Apologia à iniciação sexual em tenríssima idade.
Exposição constante do corpo feminino, e mesmo do masculino, reduzindo a pessoa à um objeto a ser admirado e desejado.
Publicação do que deveria estar na intimidade, através da nudez e da pornografia pelo menos sugerida.
Apresentação da homossexualidade e de todo tipo de relação sexual como algo normal e necessário para se experimentar.
Destruição da inocência das crianças, estímulo às mais baixas paixões da adolescência, retirada de qualquer limite na juventude, absoluta libertinagem na vida adulta, e completa falta de modéstia nos anciãos.
Chame do que você é, acuse do que você faz...
Diante de tudo isso, a única voz que ainda se mantém é a Igreja.
O mundo caiu na mais absoluta tolerância, eufemismo da falta de coragem. Mesmo quem não está de acordo com essa agenda de perversão, muitas vezes se cala, por respeito humano e falta de temor divino.
Proibir a Igreja de ensinar, ninguém pode. Então é necessário diminuir a credibilidade.
E a diminuição da credibilidade se dá especialmente por duas vias: a acusação de hipocrisia e a ridicularização.
Começando pela segunda, quando apareceu uma figura católica que não estivesse ligada a algo ridículo? O padre ou o bispo apresentados como comilões, beberrões, amaneirados, avarentos e sensuais; os leigos apresentados como pessoas amargas, casais adúlteros... São assim que se apresentam a maioria dos católicos criados pela mente dos dramaturgistas....
E a acusação de hipocrisia (não viver o que se ensina) lançada ao vento, onde se mistura de tudo um pouco: apego ao dinheiro, criação de dependência psicológica, abusos sexuais... Como teria dito Lênin: "Mintam, mintam... algo da mentira sempre ficará!"
E diante de tudo isso, onde nos encontramos? Onde você se encontra?
O apego à impureza gera a repugnância ao que é puro.
Precisamos amar a pureza e lutar por ela.
Lutamos através da penitência, especialmente no que não se refere diretamente à ela. Desse modo, quando chegarem as tentações contra ela, teremos fortalecido a nossa vontade para que possamos sair vitoriosos nesse embate.
É também a castidade uma batalha onde vence quem foge. Não se expor às ocasiões, não provocar as lutas, não caminhar à beira do precipício, além de serem uma mostra de sabedoria, nos facilitam o caminho nessa virtude.
Ouvir as orientações de um bom confessor, procurar um que não desculpe nossas faltas mas que nos corrija energicamente excita nossa vontade de lutar.
Queridos amigos, os inimigos da Igreja odeiam a pureza, mas fingem admirá-la para atacar a Igreja quando um de seus filhos supostamente não viveu o que deveria ensinar, nós porém, amaremos a castidade. Ela jamais será para nós uma "negação" mas uma "afirmação positiva" do nosso amor a Deus, ao próximo e a nós mesmos.








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