DEVÍAMOS

No Santo Evangelho, Nosso Senhor nos fala do empregado que tendo consciência do seu dever o cumpre perfeitamente, e o relaciona conosco, dizendo que também nós devemos considerar-nos servos inúteis, que simplesmente fizeram o que deviam fazer.
Mas para muitos surge a questão de que, afinal de contas, o que se deve fazer? O que é nosso dever? O que o bom Deus espera de nós?
Algo que parece ter caído no esquecimento é o que costumamos chamar de deveres de estado. Ou seja as nossas obrigações diante de Deus, de acordo com o nosso estado, especialmente em relação à nossa vocação específica: o matrimônio, a vida religiosa ou o sacerdócio.
Nisso muitas vezes vivemos em conflito, esquecendo o que já aconselhava o manso S. Francisco de Sales: "Não podem os casados querer viverem como os capuchinhos..."
Se todos somos chamados à perfeição é necessário compreender que isso se dá por caminhos diferentes e através - não apesar - dos nossos deveres de estado. Assim o casal santifica-se sendo realmente um casal, cuidando um do outro, ocupando-se de como vivem a sua união com Deus, não permitindo que haja coisas que firam a santidade de seu matrimônio. Os pais santificam-se cuidando dos filhos, vigiando com amor com quem se relacionam, mesmo virtualmente, como estão no cultivo da fé, como se comportam na escola.... O filho se santifica obedecendo aos pais, cuidando deles, aliviando-lhes o quanto possa em suas atividades, dedicando um tempo à oração, mas também ao estudo e à diversão sadia... O empregado santifica-se cumprindo seu horário com exatidão, tratando cortesmente os seus colegas, não usando o celular indevidamente... São essas coisas aparentemente intranscedentes que nos unem a Deus, pois é o que Ele espera de nós.
Vez por outra, haverá algo diferente, que se manifestará como um imperativo divino em nossa existência, como no caso de S. Josafá que compreendeu que sua tarefa era viver o autêntico ecumenismo, ou seja, levar os hereges e cismáticos de outras religiões para o seio da única e verdadeira Igreja fundada por Nosso Senhor. Não lhe podia passar o fato de que tantos de seus irmãos de pátria estivessem mergulhados em falsas religiões, a isso dedicou a sua vida e por causa disso obteve a palma do martírio. Para nós também há um martírio, menos ruidoso e mais demorado: o martírio de fazer bem todos os nossos deveres de estado. Que o bom Deus nos permita conhecê-los e cumprí-los por Seu amor.

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