Pensamento Sacerdotal

Muitas vezes alguém com cara séria, e tom firme diz: "Eu fiz o que era possível." Confesso que essa frase sempre me incomodou muito, e passou a incomodar mais depois que li uma reflexão de S. Josemaría Escrivá que diz mais ou menos o seguinte: "Acostuma-te a fazer o impossível, porque o possível qualquer um faz". E é verdade, meus queridos amigos. Muitas vezes o nosso possível não é o possível que Deus espera. Na parábola dos talentos, o servo mau e preguiçoso fez exatamente o que era possível para ele. Mas não era a expectativa do patrão. Deus tem uma expectativa sobre nós. Não é exatamente um impossível, mas só um possível mais exigente. O servo mau e preguiçoso não roubou, só devolveu sem fazer render. Evitou o possível exigente. Os dois outros servos, cada um com sua quantia, lucrou o dobro. Talvez fosse impossível o triplo, o patrão não exigiu o triplo. Fizeram o possível exigente: lucrar o dobro. Queridos amigos, Deus sempre pede mais. Nunca nos pedir

No Santo Evangelho Nosso Senhor contou-nos a Parábola das Dez Virgens, cinco prudentes e cinco imprudentes. A prudência ou não das virgens manifesta-se na reserva de óleo que teriam ou não consigo para esperar o noivo. Cinco, chamadas de prudentes, tinham óleo suficiente mas apenas para si. Não podiam dividir, porque ninguém pode dar aquilo que não possuiu, se dividissem seria insuficiente para todas. As imprudentes, não pensaram no que era muito comum naquele tempo: que o cortejo do noivo atrasasse um pouco. Dormem como as prudentes, mas não conseguem acender suas lâmpadas porque seu azeite acabou e não levaram, como as prudentes, a reserva. O tempo que gastam para comprar azeite e regressarem é insuficiente para acompanharem o cortejo do noivo, por isso ficam fora das núpcias. Na ladainha lauretana a Santíssima Virgem é invocada como Virgo Prudentissima , Virgem Prudentíssima e não poderia ser de outro modo. Maria Santíssima não é apenas prudente, mas prudentíssima. Não traz ap

Já vamos nos aproximando do fim do mês de agosto, meus colegas padres dizem que a crença de que agosto é o mês do desgosto é tão entranhada em algumas pessoas que até o número de casamentos baixa nesse mês. Eu, porém, devo confessar que muito me agrada o mês de agosto. Vez por outra tenho um desgosto, alguns também em agosto, mas eles não marcam data para chegar. Gosto de agosto porque muitos santos por quem tenho apreço são celebrados nesse mês: há pelo menos 3 festas marianas, o dia de Santo Afonso, do Cura d'Ars, São Pio X... e tantos outros como puderam acompanhar em nosso blog. Um desses Santos é São Tarcísio. Não falei dele, porque sua celebração ocorre a 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Glória. Mas, trago aqui uma poesia de um querido monge que já foi para a Casa do Pai, Dom Marcos Barbosa, que de forma tão emocionante fala desse santo adolescente. Boa leitura! TARCÍSIO Na escuridão pequeno vulto - Que leva oculto no coração? Logo outro vulto também o

Celebramos a Festa da Degolação de S. João Batista. Pode parecer estranho celebrar uma "festa de degolação", mas a Igreja nos ensina que os santos vencem na morte. A morte para os Santos não é o fim, mas o início. A morte coroa a sua existência terrena, e lhes faz possuir o que acreditaram, ver o que pregaram, receber o prêmio que mereceram. A decapitação de S. João Batista coroa a sua relativamente breve vida, mais ainda, assina com sangue a sua fidelidade à Verdade que é o próprio Cristo de quem foi o Precursor também na morte. A torpeza circunstancial de sua morte, ser o preço de uma dança, realça ainda mais sua honra  e contrasta a sua altíssima virtude com a baixeza dos vícios de Herodes e sua corte. Herodes não quis compreender, como recordava o Padre Antonio Vieira que "problema das mulheres alheias é serem alheias", Herodes, rei sem consciência, faz de seu irmão Filipe um marido sem mulher, e a partir daí trilha um caminho sem volta de vício para

Quando se pensa em Santo Agostinho se têm uma visão muitas vezes minimalista, dizendo que era um grande pecador que se converteu. Embora realmente tenha cometido grandes pecados, havia em Agostinho uma "matéria-prima" que é a busca da verdade. Agostinho, mesmo antes de sua conversão, buscava a verdade, buscava Deus. Como ele mesmo escreverá depois, não conseguia reconhecer que Deus não estava fora, mas dentro de si. Demorou para compreender que as coisas que o afastavam de Deus, também elas não existiriam se não fosse Deus a lhes dar o ser... Queridos amigos, Agostinho foi realmente um homem, um ser humano. Por isso, Deus pode alcançá-lo. Por isso seu coração pode ser "ferido" pela Palavra de Deus, como ele mesmo disse: " Vulnerasti cor meum verbo tuo, et amavi te!" Feristes meu coração com a tua palavra... e eu te amei! O que vemos no mundo hoje senão a moda da desumanização. O que se ataca hoje é o próprio ser gente, ser humano, ser homem, ser mul

As partes negrito são as que estão na música.  As outras, vocês podem buscar um dicionário e ver como é linda a língua francesa!!! 1. Ma vie n'est qu'un instant, une heure passagère Ma vie n'est qu'un seul jour qui m'échappe et qui fuit Tu le sais, ô mon Dieu ! pour t'aimer sur la terre Je n'ai rien qu'aujourd'hui !... 2. Oh ! je t'aime, Jésus ! vers toi mon âme aspire Pour un jour seulement reste mon doux appui. Viens régner dans mon coeur, donne-moi ton sourire Rien que pour aujourd'hui ! 3. Que m'importe, Seigneur, si l'avenir est sombre ? Te prier pour demain, oh non, je ne le puis !... Conserve mon coeur pur, couvre-moi de ton ombre Rien que pour aujourd'hui. 4. Si je songe à demain, je crains mon inconstance Je sens naître en mon coeur la tristesse et l'ennui. Mais je veux bien, mon Dieu, l'épreuve, la souffrance Rien que pour aujourd'hui. 5. Je dois te voir bientôt sur la rive éternelle O Pilote Div

Pretérito imperfeito do subjuntivo. É o tempo predileto de muita gente. "Se tivéssemos vivido no tempo dos profetas..." Quantas vezes nós preferimos pensar que o passado provocaria em nós uma atitude diferente da que temos no presente. Se eu tivesse, se eu pudesse, se eu soubesse... Mas não tivemos, não pudemos, não soubemos. O que temos é o hoje, o agora! Só temos o hoje, como recordava a Santa Doutora de Lisieux. O passado já foi, o futuro não sabemos se chegará. Mas temos esse hoje bendito, que o Senhor nos deu, para O amar, para ser-lhe fiel. Queridos amigos, o passado nos desperte gratidão, o futuro, confiança e o hoje, ânsias de amar e trabalhar por Cristo e seu Reino. Sem considerar o que seríamos ou o que seremos, mas o que somos por graça de Deus, por misericórdia sua.

"Deus não deixará de se compadecer do filho de tantas lágrimas!" A figura acima representa Santo Ambrósio dizendo isso a Santa Mônica. O filho de tantas lágrimas era o futuro Santo Agostinho por quem durante três décadas aquela piedosa mãe rezou e chorou. Contam que chorava ao ponto de que o chão por onde passava ficava molhado. 33 anos... A oração é sempre um mistério. A oração de Santa Mônica era pela conversão de seu filho, poderia haver pedido mais agradável ao coração de Deus? Então por que Deus não a atendeu logo? Porque Deus não nos atende logo? Nossos pedidos nem sempre são tão mesquinhos que não possam tocar fundo no coração de Deus, nem sempre pedimos um carro novo ou ganhar na loteria... Pedimos muitas vezes saúde, muitas vezes para os outros... Pedimos salvação para essa vida... Isso não agrada a Deus? Por que demora? Por que não atende? Que resposta damos a isso? Silêncio. Tal como Jó compreendemos que é melhor pôr a mão sobre a boca porque falamos d

Geralmente quando pensamos nas censuras de Nosso Senhor aos mestres da Lei e fariseus, consideramos que Nosso Senhor reprova o apego que aqueles têm a elementos secundários da religião, como ritos, leis e costumes. Nosso Senhor então se apresenta como alguém que exige das pessoas apenas uma atitude interior, sem nenhuma preocupação com o que fosse externo ou ritual. Mas não é bem assim. Nosso Senhor convida-nos ao equilíbrio, e isso se manifesta fortemente em sua frase: "Vós devíeis praticar isto (a caridade,  a misericórdia, a justiça), sem contudo deixar aquilo (as prescrições de leis rituais e costumes)". O pêndulo da religião oscila entre uma preocupação exagerada com costumes, ritos e leis e uma certa liberdade espiritual onde tudo é meio relativo e o que importa é o que temos vontade, desde que tenhamos boa intenção. Nosso Senhor nos põe no centro, no meio, na virtude. A caridade, a misericórdia e a justiça não se opõe aos ritos, as leis e aos costumes, ao

"Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguis o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós". Essas palavras duras de Nosso Senhor, dirigidas aos fariseus e mestres da Lei são hoje ouvidas por nós. Nosso Senhor chama os mestres da Lei e fariseus de hipócritas, sua conversão era uma hipocrisia. E, como ninguém pode dar o que não possui, eles eram capazes de recrutar, mas não de converter. E assim, o suposto convertido só conseguia ficar pior do que já era. Há alguns anos se fala de um tal de "católico engajado", que seria aquele que participa de muitas pastorais e movimentos. Evidente que isso em si, não seria ruim. O problema é que primeiro essa mentalidade ressalta uma primazia do fazer sobre o ser, o que não é católico. Exatamente por isso, nem sempre as pastorais e movimentos são compostas por pessoas virtuosas ou que pelo menos almejem a virtude, "não tem tempo para isso"... tanta reunião, tanto plano, tant

"São poucos os que se salvam?", perguntaram a Nosso Senhor. Se respondesse que sim, nós certamente consideraríamos a salvação como algo fácil, e acabaríamos por descuidar da nossa felicidade eterna. Mas também se respondesse que não, nós acabaríamos caindo numa desolação tão grande que consideraríamos inútil qualquer esforço em nos conformarmos com Nosso Senhor. Exatamente por isso, Nosso Senhor responde a essa pergunta sem dizer nem que sim, nem que não, mas que devemos fazer todo esforço para entrarmos pela porta estreita. A porta ainda está aberta, mas é estreita, é possível entrar, mas não sem esforço. A esse esforço a Igreja chama ascese. De modo bem simples, poderíamos considerar como ascese três elementos muitos simples: nossa oração, nossas mortificações e nossos deveres de estado. A oração consiste em falar com Deus. Falamos com aquelas fórmulas já consagradas pela piedade cristã, mas também falamos do nosso coração, contando a Deus os fatos da nossa vida, a

Quando vê S. Bartolomeu aproximando-se, Nosso Senhor revela um traço da personalidade do futuro Apóstolo: "Aí vem um israelita autêntico!". Pouco antes, com S. Filipe, S. Bartolomeu ou Natanael, como também é chamado, não esconde sua pouca perspectiva quanto aos vindos de Nazaré, que realmente não era conhecida por suas grandes personalidades... São Filipe, por outro lado, não encontra num primeiro momento a necessidade de oferecer a Natanael grandes reflexões, mas apela para a sua alma grande: "Vem ver!". Quanto o Senhor nos ensina nesse fato! Primeiro a necessidade de vermos o que os outros têm de melhor. Os olhos misericordiosos de Jesus viram em Natanael o homem autêntico, diante daquela falsidade tão comum entre as pessoas importantes, Jesus prefere atentar para a autenticidade de S. Bartolomeu. Também a atitude de São Filipe é um convite para a perseverança em nosso apostolado: "Vem ver!". Como recordava Bento XVI no início do ser cristão não

Há alguns anos atrás não se falava em bullyng. Quando, por exemplo, alguém colocava um apelido em outra pessoa o conselho era sempre o mesmo: "Não ligue, se não aí mesmo que vai pegar..." Mas, certos apelidos, aqueles carinhosos, sempre pegam. Foi o que aconteceu com Isabel Flores y Oliva. Sua extraordinária beleza rendeu-lhe esse apelido: Rosa. Seus pais que chegaram a ser muito ricos, passaram por uma grande crise financeira, de modo que a menina Isabel, nascida em 1586 e terceira dos seus onze filhos cresceu na pobreza. Ajudava a mãe nos afazeres domésticos, trabalhava na costura, cultivava e vendia flores para ajudar em casa. Mesmo sem ser exatamente uma freira, consagrou-se a Deus como terciária dominicana e, tal como Santa Catarina de Sena vivia reclusa na casa de seus pais onde oferecia a Deus duras penitências, e ao mesmo tempo era agraciada por vários dons místicos como por exemplo visitas de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Após muitos sofrimentos, físicos

Há uma semana celebrávamos a Assunção da Virgem Santa Maria, último dogma de fé que foi proclamado pelo Papa Pio XII a 1 de novembro de 1950. A Santíssima Virgem, terminado o curso de sua vida terrestre foi elevada à glória do céu em corpo e alma para participar daquela glória que o Senhor lhe quis conceder desde o início do mundo. Sendo o Cristo Rei, nada mais natural que sua Mãe seja a Rainha. À chegada de Maria Santíssima ao céu, seu Diviníssimo Filho lhe podia dizer como o Amado do Cântico dos Cânticos: Veni, coronaberis! Vêm, serás coroada! Assim, tudo o que é criado se submete ao doce império da Mãe de Deus. De modo especial os Anjos se alegram ao prestar preito de vassalagem àquela que com sua humildade destronou o Príncipe desse mundo. E também nós lhe damos nosso tributo de súditos, inclinamos diante dela nossa cabeça porque é nossa Rainha, mas também nos pomos em sobre seus joelhos, porque é nossa Mãe. Assim, de uma forma tão bela, dizia Santa Teresinha, a glória de Ma

"O senhor é um santo!", dizia um paroquiano a seu pároco. "Não sou santo, sou apenas Sarto!", respondeu o pároco fazendo um gracejo com seu próprio nome. Giuseppe Sarto, o futuro São Pio X, nasceu pobre, numa província rural italiana. Ali fez seus primeiros estudos ingressando posteriormente no Seminário. Como sacerdote foi nomeado pároco de um vilarejo também rural, foi feito depois cônego e Bispo de Mântua. Como cônego, nem sempre usava as insígnias próprias dessa honraria, de tal modo que um colega lhe disse que era melhor não ter aceitado... Depois foi elevado à Patriarca de Veneza, onde com grande dedicação e amor acompanhava a vida de todos os fiéis com extremado zelo pastoral. O fato de sempre ter vivido como um pároco, próximo às pessoas, lhe dava a correta compreensão do termo pastoral, sem ser uma oposição ao que poderia ser doutrinal. Para S. Pio X o ser pastoral é ser doutrinal, é dar ao povo a verdadeira doutrina católica na fé, na liturgia e na

Era o dia 24 de dezembro de 1146. Um representante do Papa era enviado ao que hoje seria a Alemanha. À sua passagem grandes milagres, muitos prodígios, imensas conversões.  O Legado Pontifício recebido pelo Clero, pelos nobres e por todos os cidadãos é introduzido na Igreja Catedral. Tocam os sinos. Entoam-se vivas. É grande a alegria porque aquele que chega, além de representar o Santo Padre, é verdadeiramente um santo. Todos sabem da sua predileção por um canto que acabara por se fazer uma espécie de hino dos cruzados. E entoa o coro: Salve, Regina! Mater misericordiae... Salve, Rainha! Mãe de misericórdia... Como que juntam-se no coração do ilustre visitante o canto predileto e o amor por Aquela de quem ele mesmo afirmara que nunca se louvaria o suficiente. O canto chega ao fim: nobis post hoc exilium ostende... mostrai-nos depois deste exílio... Era assim que terminava até aquela hora. Ao lado do imperador, o santo tinha o seu olhar fixo na imagem da Virgem Maria q

No Santo Evangelho ouvimos a cena do jovem rico. Rico de quê? No fim do Evangelho ele é rico de... tristeza. A sua riqueza de tristeza é porque não compreendeu o preço de Jesus. Jesus custa tudo. Matheus O comprou com uma coletoria de impostos. Pedro e André com as redes e a barca. Foram os seus tudos... O tudo daquele jovem talvez fosse mais numeroso, mas era o preço. E preço é preço... O jovem, como todo ser humano deseja Jesus, mas como a maioria das pessoas, gostaria de uma promoção... A riqueza se tornou um peso e os bens, tristeza. Na gênese de cada tristeza está um não dito ao Senhor.

Nosso Senhor é o Príncipe da Paz.  Ao mesmo tempo, e sem contradição, ele nos alerta para uma guerra que, justamente por sermos discípulos dele, teremos que enfrentar. Já um escrito dos primeiros séculos dizia que todos odeiam e perseguem e querem matar os cristãos. Mas ninguém sabe exatamente dizer o porquê... Há uma rejeição a Cristo, à sua Palavra, ao seu Evangelho. Aceita-se com gosto partes de Cristo, mas rejeita-se a Cristo em sua inteireza. O profeta que falou do amor, ok. Aquele que disse de si mesmo ser a Verdade, aí não! Faz-se como disse certa vez o Cardeal Biffi, um cristianismo segundo eu mesmo, e rejeita-se aquela mudança de paradigma, um cristianismo segundo Cristo, segundo Ele. Caros amigos, não temamos nem nos escandalizemos com essa guerra. O Senhor já venceu. Quanto a nós, bastará ser fiel.

O Santo Evangelho nos revela uma carinho especial de Jesus pelas crianças. Esse carinho de Jesus nos recorda a necessidade de não impedir as crianças de irem até Ele, e qual seria o grande impedimento das crianças para Jesus: a ignorância. Muitos pais, avós, e mesmo catequistas não falam de Jesus para as crianças por as considerarem muito novas, crendo que um dia será mais oportuno falar sobre Ele, que agora só são crianças etc. Mas faz assim o mundo? Não! O mundo lhes apresenta a violência, a sexualidade e tudo o que há de mal, sem a mínima hesitação. Esquecemos que quanto mais cedo o navio se põe no caminho correto tanto menor será o esforço para corrigir a rota.  Essa foi uma das razões pelas quais São Pio X quis que quanto antes as crianças recebessem Nosso Senhor na Santa Comunhão para unir a Presença do Senhor aquela inocência própria das crianças. É verdade que nem todas as crianças ficam como Santo Tomás questionando sobre Deus no Mosteiro de Monte Cassino, mas

Quando questionado sobre a possibilidade do divórcio, Nosso Senhor chama a atenção para o início de tudo e diz que "no início não foi assim". Sim, Deus não fez o divórcio, fez o amor. E criou o homem e a mulher para se amarem como um símbolo do próprio amor que habita em seu Divino Coração. O amor humano é tão santo, tão nobre, mas também tão exigente que os Apóstolos sentem-se meio desanimados e crêem que diante disso seria melhor não se casar. Por isso, Nosso Senhor ensina que para abrir mão desse amor, só um outro amor. Mas nem todos conseguem compreender isso.  A nem todos é concedido compreender que só um Amor vale o amor. Aqueles que se consagram ao Senhor na vida religiosa ou no sacerdócio não desprezam o amor, apenas encontraram um outro Amor.

Ao celebrarmos a Assunção de Maria Santíssima todos nos alegramos no Senhor que preservou a sua Bendita Mãe da corrupção do sepulcro e a alçou ao trono de glória que lhe estava destinado desde a fundação do Universo. É tão admirável a Virgem Santa que, ao entrar na glória celeste, os anjos perguntam como no Cântico dos Cânticos: "quem é esta que sobe do deserto apoiada em seu amado?" Nossa Senhora participante das dores de Cristo deve participar também de sua glória. Os seus olhos que contemplaram na eternidade daquelas três horas o Filho que pendia da Cruz, agora O devem ver para sempre sentado à destra do Pai. Aquele corpo preservado antes do parto, no parto e após o parto, qual sarça que arde sem se consumir, não poderia se tornar alimento de vermes. Aquela virgindade ilibada não poderia perder-se no pó da terra. E o Senhor leva para o céu a sua Mãe, n'Ele vencedora do pecado e da morte. Mas essa festa da Mãe também se estende aos filhos.  Aquele mesmo céu

Muitas vezes as crianças gostam muito de estar na casa dos avós. E costumam ainda dizer que "vovó é boazinha, mas mamãe não é...". Geralmente essa irrefutável sentença é obtida através da percepção de que a vovó deixa tudo, nunca corrige, nunca castiga, sempre defende. Muita gente traz esse pensamento por toda a vida. E consideram que são amados porque não são corrigidos. Mas o Santo Evangelho e a vida da Igreja nos trazem exatamente o contrário. O Senhor nos manda corrigir o nosso irmão como meio de "ganhá-lo", como manifestação de amor. São Bento, que diz que o superior do mosteiro precisa ser como um pai para os monges chega a ordenar o castigo com a vara para o monge que pecasse! Queridos amigos, se hoje ninguém lhe corrigiu, e você não foi concebido sem pecado original, é porque ninguém se interessa por você. E você? Alguém vale alguma coisa para você? Quantas vezes você amou, ou, se preferir, você corrigiu hoje?

Ao nos exortar a sermos simples como as crianças, Nosso Senhor também falou-nos dos Santos Anjos. A realidade dos anjos é uma verdade de fé católica que deve penetrar em nossa mente e levar-nos a uma profunda devoção a esses seres que sendo muitíssimos mais perfeitos do que nós, por serem puros espíritos, foram postos por Deus a nosso serviço. A devoção aos Santos Anjos que podemos avivar ainda mais nas terças-feiras, deve também ligar-se a episódios concretos do nosso dia a dia, como o apostolado que fazemos, as preocupações com os nossos familiares e mesmo para encontrarmos uma vaga na rua... A devoção aos anjos custódios não pode ser posta como um elemento infantil como a fadinha do dente ou o Papai Noel, mas algo que trazemos para toda a vida, especialmente em nossas necessidades mais imediatas. Que possamos criar o costume de várias vezes por dia, nos dirigirmos a essa criatura especialíssima que nos foi dada por Deus como companheiro nesta vida e na próxima.