JOÃO

Celebramos a Festa da Degolação de S. João Batista.
Pode parecer estranho celebrar uma "festa de degolação", mas a Igreja nos ensina que os santos vencem na morte. A morte para os Santos não é o fim, mas o início. A morte coroa a sua existência terrena, e lhes faz possuir o que acreditaram, ver o que pregaram, receber o prêmio que mereceram.
A decapitação de S. João Batista coroa a sua relativamente breve vida, mais ainda, assina com sangue a sua fidelidade à Verdade que é o próprio Cristo de quem foi o Precursor também na morte.
A torpeza circunstancial de sua morte, ser o preço de uma dança, realça ainda mais sua honra  e contrasta a sua altíssima virtude com a baixeza dos vícios de Herodes e sua corte.
Herodes não quis compreender, como recordava o Padre Antonio Vieira que "problema das mulheres alheias é serem alheias", Herodes, rei sem consciência, faz de seu irmão Filipe um marido sem mulher, e a partir daí trilha um caminho sem volta de vício para mais vício, de baixo para abissal.
Ali, na mesa daquele banquete, a cabeça de João Batista como iguaria da corrupção humana, continua a anunciar a verdade. Os olhos semi-abertos daquele Degolado penetram ainda mais na alma pérfida daquele rei indigno a quem, em extrema caridade, chamou à conversão.
Sua boca muda continua a dizer: "Não te é lícito!", seu sangue tinge de púrpura as toalhas daquele banquete onde, como quase sempre nesse mundo, o mau venceu o bom.
Queridos amigos, durante muito tempo se falou de uma certa obsessão da Igreja pela virtude da castidade, do cuidado especial que teve com as mulheres, infundindo-lhes com firmeza o ideal da virtude, como por exemplo fez Pio XII instituindo a "Cruzada da Pureza"... não é obsessão! Vejamos como estão as coisas!
Alguém precisa estar disposto a perder a cabeça por dizer aos nossos adolescentes e jovens: "Não te é lícito!", os casados e os casais precisam ser admoestados: "Não te é lícito!" Aqueles que se consagraram na virgindade ou no celibato precisam também eles, e ainda mais eles, ouvir: "Não te é lícito!"
Que possamos descobrir em nós essa audácia e essa coragem, essa têmpera, daquele que foi o maior dentre os nascidos de mulher.


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