BERNARDO


Era o dia 24 de dezembro de 1146. Um representante do Papa era enviado ao que hoje seria a Alemanha. À sua passagem grandes milagres, muitos prodígios, imensas conversões. 
O Legado Pontifício recebido pelo Clero, pelos nobres e por todos os cidadãos é introduzido na Igreja Catedral. Tocam os sinos. Entoam-se vivas. É grande a alegria porque aquele que chega, além de representar o Santo Padre, é verdadeiramente um santo.
Todos sabem da sua predileção por um canto que acabara por se fazer uma espécie de hino dos cruzados.
E entoa o coro: Salve, Regina! Mater misericordiae... Salve, Rainha! Mãe de misericórdia...
Como que juntam-se no coração do ilustre visitante o canto predileto e o amor por Aquela de quem ele mesmo afirmara que nunca se louvaria o suficiente.
O canto chega ao fim: nobis post hoc exilium ostende... mostrai-nos depois deste exílio... Era assim que terminava até aquela hora.
Ao lado do imperador, o santo tinha o seu olhar fixo na imagem da Virgem Maria que presidia o retábulo.
Tomado por um júbilo divino e interior comoção, ele se ajoelha pela primeira vez e diz: O Clemens! Ó Clemente!
Seus passos se dirigem um pouco mais em direção à imagem de sua Amada e seus joelhos se dobram pela segunda vez: O Pia! Ó Piedosa!
Os que o vêem têm a impressão de que corpo e alma travam um duelo: a alma quer alçar-se desse mundo, mas o corpo ainda terá que ficar um tempo a mais e terceira vez o Abade se prostra ao chão: O Dulcis Virgo Maria! Ó Doce Virgem Maria!
Assim S. Bernardo, o Cantor da Mãe de Deus, deu a conclusão que milhares de almas há séculos dirigem a Santíssima Virgem ao recitarem a Salve Rainha.

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