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Mostrando postagens de maio, 2019

PLENA

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Aproximando-se o tempo da Ascensão e do Pentecostes, Nosso Senhor nos ensina o que cabe ao Divino Espírito Santo: é Ele quem conduzirá à plena verdade. Essa plenitude vai além daquilo que os Apóstolos poderiam compreender naquele momento, será o Espírito que dará a eles a compreensão de todo mistério da fé de modo que nos apóstolos esteja a base da fé da Igreja. Uma fé plena. Ou seja algo que já está completado, já está concluído. De modo que qualquer alteração será uma traição. Por isso a Igreja será a guardiã, a conservadora da fé. Não é a dona. É a guardiã. Se fosse dona da fé, o que ontem era doutrina hoje poderia não ser mais, o que ontem era pecado, hoje poderia não ser mais... Mas porque é guardiã, cabe à Igreja guardar, conservar e se sacrificar por aquela fé que o Espírito Santo lhe deu em plenitude através dos Apóstolos.

CRÊ

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À pergunta do guarda da prisão, o Apóstolo dá uma resposta simples, mas capaz de comprometer todo o arco de uma existência: "Crê no Senhor Jesus". A fé, o ato de crer é a porta para a salvação. Sem a fé será impossível agradar a Deus. Mas a fé nunca pode ser entendida numa única dimensão. A fé está intimamente unida à fidelidade. De modo que a pessoa de fé é ao mesmo tempo fiel. Para Lutero, a fé é simplesmente uma aceitação do pensamento. Por isso, para aquele que peca, Lutero não recomenda tanto uma mudança de vida, mas um crer mais forte. Bastaria acreditar. Contudo, por revelação divina a Igreja sempre ensinou que a fé que não traz uma mudança de vida é falsa. Uma pessoa pode até viver alguma retidão sem fé, mas aquele que tem fé não pode viver sem retidão. Caros amigos, cada vez mais se tenta reforçar uma separação da fé e da vida. Uma coisa é o que eu creio (algo que diz respeito apenas às minhas idéias), outra é a minha vida, a vida dos outros, as leis do Estado

ABALADA

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No Santo Evangelho dessa segunda-feira da VI Semana da Páscoa, Nosso Senhor adverte os Apóstolos sobre as perseguições que recairão sobre eles pelo fato de serem fiéis a Ele. E faz assim para que a fé deles não seja abalada. O sofrimento pode abalar sim a nossa fé. Em nosso pensamento é muito forte a questão da retribuição. Se temos fé, se buscamos viver de acordo com os Mandamentos, se rezamos... com certeza nada de mal nos atingirá. Aliás, muitas vezes a razão de fazermos essas coisas é justamente criar em torno de nós uma certa proteção. Mas Nosso Senhor nos mostra a realidade. A realidade de que a nossa fé não só não preservará do sofrimento, como, em algumas vezes, será a fé a causa de nossos sofrimentos. Será a nossa fidelidade a Deus a causa de muitas contradições. A nossa fé não nos preservará de nada. Mas nos fará enfrentar tudo. E vencer tudo. Ainda que nem sempre a vitória seja como um final feliz de filme. Venceremos não como o Batman. Venceremos como Inês, Louren

PAZ

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A total ausência de conflitos, uma prosperidade sempre crescente, a absoluta isenção de qualquer contradição, com um acréscimo de bens materiais e saúde suficientes para não passar por maus bocados. Isso é paz. Ninguém seria louco de dizer que isso não é paz. É paz. Mas não é a paz de Nosso Senhor. Uma paz que esteja constantemente ameaçada já não é mais paz, é aflição. Por isso a paz de Nosso Senhor nunca está ameaçada, é constante, perene. Não depende de elementos externos, é dom e decisão. "Não a dou como o mundo"... A paz de Cristo não é conquista, é dom. Não se adquire por esforços, por contratos, por diplomacia. É dom. Mas ao mesmo tempo é escolha. Escolhemos a paz do Senhor como fruto de sua graça presente em nós. A escolhemos como certeza de que nada pode nos separar do amor de Cristo. A escolhemos como penhor de um céu que nos aguarda.

APARTEI

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No Santo Evangelho desse sábado da V Semana da Páscoa, Nosso Senhor diz que Ele mesmo nos apartou do mundo, nos afastou dele. Por não se reconhecer em nós, o mundo nos odeia. O mundo não suporta o diferente, o mundo, sim, é intolerante. É claro que isso não se faz de forma tão clara. O mundo finge compreensão, acolhida. Mas não pode ser contrariado, e, nesse caso chama o seu oponente daquilo que ele mesmo é: preconceituoso, intolerante, radical. Todos os caminhos são tolerados pelo mundo, menos aquele que se disse Caminho, Verdade e Vida. É possível um diálogo com esse mundo? Não. Não por que falte aos discípulos de Cristo o quê dizer, mas falta ao mundo ouvidos para escutar. O mundo não quer ouvir a Igreja. Se a Igreja diminuir as exigências do Evangelho, o mundo a escutará desde que a Igreja vá cada vez mais deixando o Evangelho para adequar-se ao mundo, até que mundo e Igreja sejam exatamente a mesma coisa. Não vemos isso já materializado em tantos lugares? E quando a Igre

ESCOLHA

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Certa vez estava próximo a um amigo recém-ordenado sacerdote, uma senhora aproximou-se dele e disse: "Parabéns pela sua escolha". Ele, como todo neo-sacerdote, ainda tomado pelos amplexos da graça sacramental, respondeu sem pestanejar: "Não escolhi, fui escolhido". O que aquele sacerdote experimentava de forma tão real, é a vida de cada cristão. Cristo não é uma escolha nossa. Nós é que somos escolha d'Ele. Se Cristo fosse uma escolha nossa, seria a prova de nossa sensatez. Nós sermos escolha d'Ele é a prova de sua imensa misericórdia. Ainda que pouco o escolhamos em nossa vida, Ele jamais volta atrás, e sua escolha não esta no pretérito, mas é o presente e o futuro desígnio de seu amor. Fomos escolhidos por Ele. Eu não me escolheria, mas Ele me escolheu, por uma única razão: Eterna é sua misericórdia.

ESBOÇO

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Deus Nosso Senhor mandou-nos amar. Amar é o grande, o maior mandamento do Senhor. Mas o que seria amar? Um homem mata a sua esposa, corta em pedaços seu corpo e o joga de uma ponte. Descoberto, diz que agiu desse modo porque a amava, e ficou com medo de a perder. "Eu a matei por amor..." Infelizmente o que mais vemos são histórias assim...e outras que talvez nem nos choquem mais, mas que são materialmente a mesma coisa: um amor errado. Muitos não considerarão que possa haver um amor errado, toda forma de amar é justa, é boa... Mas não é assim. Deus ao nos mandar amar nos deu um esboço: o amor d'Ele. Um amor que não se assemelhe ao amor de Deus, não é amor de verdade. É interesse, é posse, é lascívia, é mentira...mas não é amor. O homem moderno gosta de ser original, e não suporta que lhe apresentem qualquer parâmetro, qualquer esboço... Tal como muitos "artistas" consideram-se gênios por fazerem seus rabiscos, há muita gente rabiscando amor. Deixemo-no

RAMOS

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No Evangelho da quarta-feira da V Semana da Quaresma, Nosso Senhor nos chama atenção para o proceder do Pai, o agricultor, com os ramos, que somos nós, da videira que é Ele mesmo. Os ramos podem dar frutos ou não. Os que não dão, são inúteis, por isso são cortados. O ramo estéril é pior que o ramo morto. O ramo morto naturalmente se desprende, cai. Mas o estéril, continua roubando a seiva, continua fingindo estar unido à videira, mas de nada lhe serve. Mas aqueles que dão frutos, não permanecem "ilesos" são podados para dar mais fruto. Quanto mais um ramo é podado, tanto mais é capaz de dar mais frutos. Tudo num ramo lhe exige seiva, portanto quanto menos coisas, mais ele pode "concentrar-se" em apenas dar os frutos. Queridos amigos, nunca seremos intocáveis. Ou corte, ou poda. Não temamos as podas... Sei muito bem que elas parecem cortes, mas são podas. Perdemos algo, perdemos. Mas é para que tendo menos, possamos dar mais.

RECONHEÇA

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No Santo Evangelho do dia de hoje, Nosso Senhor diz que o mundo deve reconhecer que Ele ama o Pai. Para Jesus o amor ao Pai  não pode ser uma realidade tão interior, tão íntima, que se torna praticamente um segredo. Não! O amor ao Pai precisa ser manifestado. Não se ama para mostrar, mas seria estranho que o amor jamais aparecesse. O amor de Nosso Senhor pelo Pai não se fez por declarações solenes ou através de músicas adocicadas ou sentimentos vagos. O mundo viu o amor de Jesus pelo Pai na cruz. A cruz foi a declaração de amor de Cristo pelo Pai. O seu Coração mais que traspassado foi arrebentado por esse amor. Queridos amigos, também o nosso amor por Cristo precisa não aparecer, mas transparecer. Não se poderia imaginar um cristão no qual Cristo fosse um solene apêndice de sua vida. Dizem que falta amor no mundo. Mas não qualquer amor. O amor de Deus e o amor a Deus.

DEFENSOR

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Já começamos a vislumbrar o fim do Tempo Pascal. E à medida em que se aproxima a hora de partir, se aproxima a hora da chegada. O Cristo subirá aos céus e sua humanidade não será mais vista entre nós, mas a sua partida é, ao mesmo tempo, a vinda do Espírito Santo. Nosso Senhor mostra então a conveniência de sua ida. Os Apóstolos não são capazes de absorver tudo que Cristo lhes ensinou. Será o Espírito Santo que lhes recordará e lhes ensinará, para que por eles chegue à Igreja a Doutrina de Cristo. O Espírito Santo é o defensor. É Ele que conserva os discípulos de Cristo fiéis. Os defende das falsas doutrinas, das más inspirações, da mentira. Caros amigos, a vinda do Espírito Santo não será jamais um evento puntual na vida cristã. Mas uma realidade mais que cotidiana, constante. Acostumemo-nos ainda mais a dizer constantemente: Veni, Sancte Spiritus. Veni per Mariam.

NISTO

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O Santo Evangelho dessa V Domingo da Páscoa nos traz o Mandatum , o novo mandamento do Senhor. "Eu vos dou um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros.  Como eu vos amei, assim deveis amar-vos uns aos outros". Em sua diviníssima sabedoria, Nosso Senhor não ordenou apenas o amor, o que poderia ser entendido de mil maneiras... mas Ele apresenta o seu amor como modelo de amor. E vai além: é nesse amor que se reconhece os discípulos do Senhor. Queridos amigos, Nosso Senhor não nos mandou amar, mas amar como Ele! Em Jesus tudo é amor. Até mesmo a sua ira é fruto do seu amor, por isso não é uma imperfeição. Creio que o amor não é uma das nossas principais preocupações. E muitas vezes, as coisas que vamos inventando na Igreja são justamente as causas dos conflitos e da falta de amor que se instalam entre nós. Mas é a principal preocupação de Jesus. Alguns quiseram reduzir Jesus a uma espécie de hippie paz e amor... Mas Jesus é o Deus do amor que leva à cruz.

INFLUENTES

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Na primeira leitura da Santa Missa desse sábado da IV Pascal, nós ouvimos em primeiro lugar como a graça de Deus agiu no coração dos fiéis que se reúnem em multidão para ouvir a pregação do Santo Apóstolo Paulo. Os judeus, porém, continuam com o seu coração endurecido, e se opõem com blasfêmias à pregação de S. Paulo. Podemos imaginar que ofendiam à Nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, nem mesmo assim conseguiram minar a eficácia da pregação apostólica. Uma vez que não conseguiram destruir a doutrina dos Apóstolos, os judeus usaram um expediente tão antigo como o mundo: destruir a honra das pessoas. Com o auxílio de mulheres ricas e "religiosas" e de pessoas influentes, conseguem a expulsão dos Santos Apóstolos Paulo e Barnabé. As pessoas, instituições, países influentes que tanto bem poderiam fazer, são tantas vezes instrumentos para o mal. Depois da segunda guerra mundial, Pio XII alertava aos americanos da grande posição e influência que o seu país começava a conquis

O

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No Santo Evangelho dessa sexta-feira da IV Semana da Páscoa, ouvimos uma das auto-afirmações mais fortes do Senhor: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. O texto grego reafirma o artigo definido: o / a. A divindade de Cristo, Caminho, Verdade e Vida, se manifesta nessas palavras, tal como "antes que Abraão existisse, EU SOU...". Consideradas em seu real sentido, essas palavras só podem fazer que entendamos o Cristo como o Verbo Humanado ou como... um louco. Os grandes avanços dos estudos bíblicos  trouxeram como um vírus o questionamento do que realmente Jesus teria dito ou que foi uma reflexão da "comunidade". De modo que se chegaria a se distinguir um Jesus histórico, homem, profeta, questionador e pregador da paz e do amor, do Cristo da Fé, que seria apenas um reflexo das aspirações messiânicas das comunidades primitivas. E nesse ponto, o Evangelho de João seria o menos histórico. E, portanto, o seu Cristo seria menos real. Assim, Cristo não é mais o , mas

ACIMA

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Estamos no Tempo Pascal. Mas o fato de celebrarmos a Páscoa do Senhor não pode nos fazer esquecer que ainda estamos nessa vida, que na Salve chamamos de vale de lágrimas. Por isso, é necessário que não deixemos de fazer penitência, de nos mortificarmos e de contemplarmos a Paixão do Senhor. Por isso, no Santo Evangelho de hoje, Nosso Senhor nos recorda que não estamos acima dele. Somos servos, Ele é o Senhor. Se a Ele coube a cruz, não podemos nos escandalizarmos de que ela também pergunte por nós. Nós não sentimos falta da cruz. Mas ela sente falta de nós. Vez por outra, a cruz pede a nossa presença. independente do dia e do tempo litúrgico. Não fujamos. Como Santo André, olhamos para a nossa cruz e tenhamos coragem de dizer: O bona Crux! O boa Cruz!

CONFORME

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Nessa quarta-feira da quarta semana do Tempo Pascal, ouvimos algo muito característico do Evangelho de S. João. Nele frequentemente aparece um esquema: Pai - Jesus - Apóstolos - Fiéis - Mundo. Tudo tem origem no Pai. Ele é aquele que é. É o ser. É o que ama. É o que envia. É o que fala. É o que ensina. E tudo isso desce como uma cascata em Jesus. E de Jesus para os Apóstolos. E dos Apóstolos para os fiéis, e dos fiéis para o mundo. E a reação do mundo para os fiéis, é, em última instância, a reação do mundo ao Pai. Assim se o mundo odeia os fiéis, é porque odeia os Apóstolos, porque odeia a Cristo e por isso odeia o Pai. Essa corrente, não se quebra, em nenhuma das mãos. Por isso, caros amigos, a palavra "conforme" que ouvimos no Santo Evangelho de hoje, tem um especial significado. Jesus é conforme o Pai. Não há como Nosso Senhor ser diferente. Por isso, os Apóstolos também precisam ser conforme Jesus. Ou seja, manter a fidelidade a Ele. Que a fidelidade a Nosso S

PREDICADOS

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Celebramos hoje a Festa de S. Matias. Na primeira leitura da Missa de hoje, ouvimos que depois do discurso de S. Pedro dois homens são apresentados aos Apóstolos: "José, chamado Barsabás, que tinha o apelido de justo e Matias". Chama a atenção os predicados aplicados ao primeiro: sua família (Bar-sabas, o Filho de Sabas) e sua virtude, o justo. Sem nenhuma referência aparece o segundo: Matias. E é sobre esse que cai a escolha de Deus. "Levanta da poeira o indigente (...) para fazê-lo assentar-se com os nobres", assim acontece com esse indigente, esse sem-referência, Matias que é escolhido para assentar-se junto com os Apóstolos. Queridos amigos, quando olhamos os Apóstolos percebemos que não é costume do Senhor escolher os mais sábios, os mais fortes, os mais corajosos... é o Pedro medroso, são os filhos interesseiros de Zebedeu, o teimoso Tomé, o publicano Mateus... e eu (com meus predicados negativos que é melhor nem escrever...) e você também. Não ter ne

PEDIDO

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Nesse dia 13 de maio, todos nos transportamos espiritualmente à Fátima. Lembro-me de um conhecido padre português que certa vez teve a ventura de concelebrar a Missa com o Papa S. João Paulo II. Ao cumprimentar o Santo Padre no fim da Santa Missa, ocorreu-lhe de dizer: "Santo Padre, volte a Fátima, gostaríamos de o rever!" E, inesperadamente o Papa respondeu: " Eu vou todos os dias à Fátima". Se não vamos todos os dias, pelo menos hoje precisamos ir. Mas já que vamos, podemos usar ainda mais a nossa imaginação e ir não à Fátima de hoje, mas a de 1917. Ao invés da Igreja e da esplanada, vemos pedras, árvores, ovelhinhas e os pastorinhos.... Estão lá, ora brincando, ora rezando... De repente, um relâmpago. Será que vai chover? Procuramos um abrigo. Mas... o que é isso? Ai que senhora tão linda! Está ali, sobre aquela azinheira, a Virgem mais branca que a lua, mais brilhante que o sol. Mesmo o calor do meio dia, parece ter ficado mais suave, diante da Virgem.

ÓRFÃOS

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Prezados amigos, o nome desse blog é pensamento sacerdotal, permitam-me então pensar um pouco na situação que não apenas esse padre, mas muitos outros e mesmo a Igreja, em certo sentido estão vivendo. Gostaria de começar com uma citação do Papa Francisco:  Se tivéssemos enforcado publicamente 100 padres na Praça São Pedro, estariam todos felizes, mas não teríamos resolvido o problema. Essa citação eu acabei de retirar do site da Radio Vaticano ( https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-05/papa-francisco-audiencia-superioras-uisg.html ). O seu contexto é sobre os abusos sexuais cometidos por clérigos. Mas chama a atenção que o Papa não diga, ou pelo menos o site da Radio Vaticano não diga, "100 padres culpados de abusos", mas simplesmente "100 padres"... Não imagino que se tenha semelhante alocução nos pontífices anteriores, especialmente numa audiência oficial e reproduzida num órgão oficial. Também não posso deixar de olhar com atenção os nomes de dois d

PASTOR

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O IV Domingo do Tempo Pascal é conhecido como Domingo do Bom Pastor. Ao ouvirmos Nosso Senhor apresentar-Se como Bom Pastor que conhece cada uma de suas ovelhas, que as tem em suas mãos chagadas, que ninguém as pode arrancar d'Ele, somos chamados a considerar o ministério do pastoreio em sua Santa Igreja. Cristo confiou suas ovelhas aos Apóstolos e aos seus sucessores. As ovelhas nunca deixarão de ser só d'Ele, mas quem as apascenta são os Apóstolos. Aqui cabe aos pastores agirem como o Divino Pastor, e às ovelhas seguirem aos Apóstolos e seus sucessores como ao Cristo. O que faz os pastores serem fiéis é "desaparecerem", ou seja, não ensinarem suas palavras, seus mandamentos, sua doutrina, mas as do Bom Pastor, Cristo. Quanto menos um presbítero ou bispo são protagonistas, tanto mais Cristo refulge em sua Igreja. Há sempre a tentação de querer ser mais que Cristo. Ser mais caridoso que Cristo, ser mais acolhedor que Cristo, mais misericordioso que Cristo. A t

EMBORA

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No Santo Evangelho desse sábado da III Semana do Tempo Pascal, os que seguiam Jesus se escandalizaram com o anúncio de que a sua carne e seu sangue eram verdadeiros alimentos e que ter a vida eterna estava condicionado a comer desse divino manjar. Se falasse em sentido figurado, Nosso Senhor explicaria que não se devia entender literalmente, que era um símbolo... Mas, ao contrário, não só não voltou atrás em suas palavras, como não fez nenhum aceno para que os que O estavam deixando ficassem. E, para que nós tivéssemos a certeza de que seu Corpo e Sangue são verdadeiros alimentos, Nosso Senhor ainda questiona os apóstolos: "Vós também quereis ir embora?" Deus nos escolhe livremente, e quer que livremente o sigamos. A todo momento nos é possível deixar. Jamais devemos deixar, mas sempre é possível deixar. A cruz sempre é uma pedra de tropeço. A Eucaristia, memorial da cruz redentora, foi a primeira causa de abandono do Senhor. E a cruz até hoje não deixa indiferente que

ALIMENTO

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Na Primeira Leitura da Missa de hoje ouvimos o relato da conversão de S. Paulo, após ser batizado e recobrar a visão, ouvimos que o futuro apóstolo após ter tomado alimento sentiu-se revigorado. Dentro das reflexões que temos feito sobre o Santíssimo Sacramento, podemos ouvir esse texto com uma compreensão mais profunda. Que alimento tomou S. Paulo que lhe deu forças? " Omnia possum in eo qui me confortat" Tudo posso naquele que me fortalece. Não teremos aqui uma referência à Santíssima Eucaristia? Creio que sim. É Cristo Eucarístico o alimento confortador do Apóstolo. A Eucaristia é o Sacramento fortalecedor, uma vez que todos somos fracos. É o pão dos fortes, o pão que faz os fortes. Peçamos ao Senhor que encontremos sempre nossa força no Pão descido do Céu.

CARNE

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Nessa quinta-feira da III Semana do Tempo Pascal, continuamos ouvindo o discurso do Pão da Vida, nele Nosso Senhor reforça a materialidade de suas palavras: o "pão é a minha carne". Com essa expressão, exclui-se de todo o modo qualquer interpretação simbólica desse discurso. Não faltaram na história aqueles que se escandalizaram da força dessas palavras, desde os docetistas dos primeiros séculos até os heresiarcas protestantes e destes até aqueles que mesmo se considerando católicos reduzem a Eucaristia a mais uma das várias presenças do Senhor. Minha carne... Caros amigos, Nosso Senhor se entrega inteiro por cada um de nós. Sua carne, seu sangue, sua alma e divindade se ocultam nas humildes aparências do Sacramento para que não temamos aproximar-nos de Sua Majestade. Que a carne do Senhor fortaleça a nossa!

DISPERSARAM

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Ao se fazer Pão da Vida, Nosso Senhor fez também com a Igreja se compreendesse e se enxergasse também eucaristicamente. Assim, a semente que se espalha, o grão que precisa morrer, o campo pronto para a colheita, o joio que cresce conjuntamente... Tudo recorda a Eucaristia. A Eucaristia é a chave para compreendermos a vida da Igreja. Uma das primeiras orações eucarísticas já fazia menção aos grãos que se espalharam pelos quatro cantos do mundo e que se se juntavam misticamente naquela celebração, fazendo referência aos cristãos que ainda que dispersados pelo mundo, se faziam um só, como os vários grãos se fazem um só pão. Na primeira leitura da Missa de hoje, vimos o desencadear de uma violenta perseguição contra a Igreja nascente. Resultado: os fiéis se dispersaram. Ao querer destruir a Igreja, a sinagoga só conseguiu fazer com que os discípulos do Senhor rompessem os limites da Jerusalém terrestre para espalhar aquela celeste. Parece que se bateu num saco de farinha até que ar

SEMPRE

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Quando fala do verdadeiro Pão que o Pai do Céu vai dar para a vida do mundo, o povo no seu compreender rasteiro, pede ao Senhor que lhe dê sempre desse pão. Uma reação semelhante tem a samaritana, quando Jesus fala de uma água que sacia para sempre. Em ambos os casos, o desejo do povo ou da samaritana, não é Deus. Mas não precisar mais trabalhar, não precisar mais esforçar-se. Quanta paciência de Nosso Senhor! Fala das coisas do céu para quem só quer saber do pó da terra. Dá-nos sempre desse pão! Nosso Senhor não desanima e se aproveita desse pedido rasteiro para levantar o véu que separa o céu da terra: Eu sou o pão da vida. Aqui rasgam-se os limites do tempo e da eternidade. Não se terá mais a recordação de um pão passageiro, mas há um novo Pão que sacia para sempre e fica para sempre. Se o primeiro maná sequer podia ser guardado, será o novo Maná guardado nos sacrários da terra o alimento de todos os viandantes rumo à Patria Celeste. Sim! Esse Pão é para sempre. Sacia para

ACREDITEIS

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No Santo Evangelho de hoje e dos dias seguintes Nosso Senhor faz um grande esforço para tentar fazer com o que o povo não O seguisse apenas por razões naturais - comer e saciar-se - mas por razões mais elevadas, ou seja, não tanto o pão da terra, mas o Pão dado por Deus. Diante disso, o povo deseja saber qual seria a obra de Deus que eles deveriam fazer. Nosso Senhor ensina então que a obra de Deus é acreditar em Cristo. Sem fé, nos recorda a Carta aos Hebreus é impossível agradar a Deus. E a Eucaristia não é outra coisa senão mistério da fé. Mas o que significa dizer mistério da fé? Mistério não significa tanto uma coisa escondida, secreta. Antes, pelo contrário, em seu sentido original, mistério é justamente manifestação. Assim a palavra grega mysterion, foi traduzida em latim por sacramentum, ou seja sacramento. Mistério significa, portanto, sinal. Mistério da fé, quer dizer, sinal da fé. De fato, a Eucaristia é o grande sinal da nossa fé, porque nesse Sacramento reconhecem

AMOR

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No Santo Evangelho de hoje ouvimos a pesca milagrosa após a ressurreição, e aquele tocante diálogo entre Nosso Senhor e São Pedro. Nele, quando se considera o texto grego, se vê uma variação do verbo amar (entre os verbos agapao/filo). Sendo, geralmente "agapao" um amor mais elevado, mais forte do que o "filo" que seria um amor de amizade. Nas duas primeiras perguntas Nosso Senhor se refere ao amor mais elevado, em quanto que Pedro responde com aquele de amizade. Na terceira, Jesus como que desce, e questiona a Pedro pelo amor de amizade, e Pedro responde com a mesma palavra. Essa interpretação talvez não seja a mais adequada, porque quando fala de seu amor pelo Pai, Nosso Senhor geralmente usa o verbo "filo", portanto não consideraríamos em princípio como um amor de segunda categoria. Mas, certamente é importante considerar que a tríplice pergunta do Senhor gera uma tristeza em Pedro. Tristeza que longe de gerar a morte, gera em Pedro a contrição e c

PREPARAÇÃO

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Muitos autores confirmam que todos os milagres do Senhor só tinham uma finalidade: preparar os apóstolos para a Eucaristia. Assim, por exemplo, ao multiplicar os pães e andar sobre o mar Nosso Senhor mostra aos seus apóstolos o poder que tem sobre a quantidade e a natureza das coisas para que quando na última ceia instituísse o Santíssimo Sacramento, os apóstolos não duvidassem que o pão deixara de ser pão para ser seu Corpo (natureza) e que Ele está substancialmente presente mesmo na menor migalha desse pão (quantidade). De fato é a Santíssima Eucaristia o cerne da vida do Senhor, da Igreja e da nossa. Nada podemos nós pensar sem o Santíssimo Sacramento, de modo que tudo convirja para o Santo Altar e parta dele, como ápice e cume da vida cristã. Além da própria Santa Missa, o bom cristão buscará a cada dia um tempo em companhia de Jesus Eucarístico. Quanto se pode ver melhor na penumbra iluminada pela lamparina do Santíssimo! Caros amigos, iremos nos ocupar algumas vezes nos pr

MOSTRA

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Celebrando a festa de São Filipe e São Tiago Menor ouvimos o Santo Evangelho de S. João que nos narra os últimos momentos do Senhor com os Apóstolos na Última Ceia. Mostra-nos o Pai!!! É esse o grito da alma de S. Filipe, e da nossa também. Mostra-nos o Pai! Nosso Senhor fala tanto de Deus que não se pode ouvi-lo, sem desejar ver a Deus. O desejo de ver a Deus está no coração de todo ser humano, já se nasce com ele. Todos nascem com o desejo do bem, do belo, do verdadeiro, numa palavra com desejo de Deus. Mas, se todos nascem com o desejo de Deus, por que Deus é tão pouco buscado? Porque esse desejo está como que soterrado pelo desejo de si mesmo, pela vanglória, pela auto-satisfação... O desejo de Deus está enterrado em muitos corações, e talvez também no nosso. Talvez acabemos por buscar mais as coisas de Deus do que o próprio Deus... Necessitamos mostrar o rosto de Cristo, imagem do Pai, para tantos que se perdem em tantas buscas. E trazê-lo também diante de nosso rosto, c

ATANÁSIO

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Celebramos hoje a memória de Santo Atanásio, bispo e doutor da Igreja. Quando olhamos a admirável figura desse santo, compreendemos o quanto a Providência se utilizou de sua fortaleza e de seu amor à verdade para garantir a reta fé na Igreja de ontem, e também na Igreja de hoje. Quase ao mesmo tempo em que a Igreja conseguiu a liberdade de culto e o fim da perseguição, nasceu a heresia ariana. Essa heresia, de muitos nuances e ainda presente hoje em algumas religiões, afirmava que Nosso Senhor Jesus Cristo não é Deus, da mesma natureza que Deus Pai, mas seria simplesmente uma criatura com o grande poder de Deus... Essa heresia espalhou-se muito rapidamente e muitos aderiram a ela, até mesmo nos palácios imperiais e episcopais ela encontrou seguidores. São Jerônimo disse com um gemido que o mundo dormiu católico e acordou ariano... Sabemos que há duas formas de fazer uma heresia se espalhar: ensinar a heresia e não combater a heresia. Aquele que não combate, pode não ser um here

MAIO

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"Ai, que Senhora tão bonita!" Com sua candura angélica e columbina simplicidade assim repetia S. Jacinta Marto após ver pela primeira vez a Santíssima Virgem em Fátima. Sendo o exterior um reflexo do interior, nada mais natural que a mais excelsa das criaturas fosse também a mais formosa. Iniciando hoje o mês de Maria, gostaria de refletir sobre três aspectos de Maria Santíssima. Há uma canção piedosa que atribui à Virgem três imagens: Maria mons , Maria fons , Maria pons . Olhamos para a Virgem como o monte, a montanha de todas as virtudes. Enquanto em nós só há vales e depressões, Ela é o elevadíssimo monte que o Senhor amou para construir sua cidade. Nela todas as virtudes se unem e se completam como as rochas de uma bela montanha. Ela também é a fonte de todas as graças. O anjo a chama de transbordante de todas as graças. Deus cumulou Maria de todas as graças para que, a partir d'Ela essas mesmas graças transbordassem sobre a humanidade. E é ponte. Nada há em

TRABALHO

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Celebramos hoje a festa de S. José operário. Essa festa foi instituída por Pio XII para dar um sentido cristão ao feriado de origem comunista do dia do trabalho. Celebrar a festa do operário S. José nos faz recordar não só o valor ou a importância social do trabalho, mas também o seu valor de redenção. No Santo Evangelho, Nosso Senhor é chamado algumas vezes de filho do carpinteiro, ou mesmo de carpinteiro. O que nos faz ter a certeza de que, como a maioria dos homens do seu tempo, Nosso Senhor seguiu o trabalho de seu pai. Os Santos Padres afirmavam que o que não fosse assumido pelo Verbo não poderia ser redimido. Por isso há a necessidade de que Nosso Senhor assumisse todos os aspectos da vida humana, e assim o fez. O trabalho de Cristo então assume um valor infinito de santidade e redenção diante de Deus Pai. Assim também compreendemos o trabalho de Nossa Senhora. Houve quem afirmasse que Nossa Senhora ao buscar água num poço tinha mais méritos que todos os mártires juntos...