PREDICADOS

Celebramos hoje a Festa de S. Matias.
Na primeira leitura da Missa de hoje, ouvimos que depois do discurso de S. Pedro dois homens são apresentados aos Apóstolos: "José, chamado Barsabás, que tinha o apelido de justo e Matias".
Chama a atenção os predicados aplicados ao primeiro: sua família (Bar-sabas, o Filho de Sabas) e sua virtude, o justo.
Sem nenhuma referência aparece o segundo: Matias.
E é sobre esse que cai a escolha de Deus.
"Levanta da poeira o indigente (...) para fazê-lo assentar-se com os nobres", assim acontece com esse indigente, esse sem-referência, Matias que é escolhido para assentar-se junto com os Apóstolos.
Queridos amigos, quando olhamos os Apóstolos percebemos que não é costume do Senhor escolher os mais sábios, os mais fortes, os mais corajosos... é o Pedro medroso, são os filhos interesseiros de Zebedeu, o teimoso Tomé, o publicano Mateus... e eu (com meus predicados negativos que é melhor nem escrever...) e você também.
Não ter nenhum predicado, levando em conta os dos demais Apóstolos, até que era uma vantagem para Matias.
Todavia, a indigência dos Apóstolos foi o campo onde o Senhor pode semear a sua graça. E ela cresceu. Demorou um pouco, mas cresceu. O Pedro que negou conhecer Nosso Senhor o confessou diante do Sinédrio e mesmo diante do César, os filhos de Zebedeu beberam até a última gota aquele cálice que a natureza humana sozinha só é capaz de rejeitar, a teimosia de Tomé transformou-se em perseverança...
Se Deus pode neles, poderá em mim também.
A história de todas as grandes instituições é cercada por personagens heróicos, maravilhosos, fortes, destemidos. Só a Igreja faz questão de mostrar que começou com homens sem predicados, para mostrar que não é obra da pujança humana, mas da força de Deus.