AVESTRUZ


 Meus caros amigos,

Em nosso último texto, tratamos de que a situação em que se encontra a Santa Igreja não necessita de especiais dotes intelectuais para ser percebida, nem tampouco de alguma revelação de caráter sobrenatural, nem de um curso especial de teologia.

É só ler.

Se puder ter um pouco de compreensão do que se lê também ajuda.

Quando lemos o que foi escrito antes do Concílio e o que foi escrito depois, percebemos com clareza estarmos diante de proposições em muitos casos diametralmente opostas. E isso em coisas de fé, onde se o que foi afirmado ontem não for o que se afirmar hoje, todo edifício teológico desaba.

Sendo essas contradições evidentes, encontramo-nos então diante de três classes de pessoas.

As estultas (pensei que ignorante era muito leve e burro, muito pesado) que negam a maldade da realidade.

As mal-intencionadas que fingem não ver a maldade.

E as que reagem à maldade opondo-lhe o bem.

Nesse sentido afirmou D. Antônio de Castro Mayer: "É doloroso perceber a lamentável cegueira de tantos confrades no episcopado e no sacerdócio, que não veem ou não querem ver a crise atual e a necessidade, para sermos fiéis à missão que Deus nos confiou, de resistir ao modernismo reinante."

Eis aí. 

As duas grandes categorias. Dom Antônio está em 1988, se refere a Bispos e Padres. Mas e hoje? Não se abrangeria também os fiéis leigos? Especialmente aqueles que ocupam funções na Igreja que em circunstâncias normais somente um clérigo sob a promessa de celibato perpétuo.

Uma errada compreensão de "apostolado" ou tanto pior de "protagonismo" dos leigos não acabou por redundar, de algum modo, em uma sua clericalização?

O próprio Escrivá de Balaguer - a quem cito exatamente por ser um modernista liberal - denunciou em muitos escritos sobre esse fenômeno pós conciliar de clericalização dos leigos e laicização do clero.

Entra-se numa paróquia do "espírito do Concílio" e o ministro da Eucaristia está mais clerical que o pároco. O diácono permanente de clerygman preto revestido de alvas rendadas com forro preto e estolas e dalmaticas brocadas faz um cafuné em sua esposa que antigamente seria a mula sem cabeça.

E o padre de calça jeans e camisa social faltando três botões a abotoar vem chegando do churrasco na casa da zelosa dona Birinha.

Valoriza-se o leigo ordenando-o diácono. Valoriza-se a mulher vestindo-a com certos paramentos...

E há quem esteja disposto a matar e morrer por isso.

Há nas paróquias e dioceses um carreirismo que parece hoje ser mais laical que clerical. Os padres estão na academia ou botando piercing. E os leigos bons não são os que rezam, mas os que trazem mais pastorais em suas costas.

Há um doente? Vai a dona Maria levar a comunhão.

Morreu alguém? Vai o seu Anastácio fazer o enterro.

Precisa benzer uma casa? Vai o casal Guto e Guta fazer a "oração da benção".

Vai casar? Chama o diácono (que ninguém quer) para fazer o casamento.

E onde está o padre? 

Como que, quando se tinha mais católicos, um padre dava conta e agora não dá mais?

E você, meu amigo?

Viu?

Ou prefere não ver?


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