SÃO LOURENÇO
Meus prezados amigos,
Celebramos hoje a Festa de São Lourenço. Essa comemoração
pode parecer um tanto estranha uma vez que S. Lourenço era um diácono romano e
não celebramos com esse grau de comemoração sequer a maioria dos Papas Santos.
A importância de S. Lourenço, que, era espanhol, para a
Igreja Romana está no que ele era para aquela Sede Apostólica e o que se tornou
para todo o mundo católico.
S. Lourenço era o arque-diácono do Papa S. Sixto II, cujo
martírio celebramos há poucos dias com outros companheiros. Cabia ao arquidiácono
a administração dos bens da Igreja revertendo-os para o culto divino e para os
pobres. Assim, S. Lourenço era diretamente responsável pelo Santo Cálice, que
S. Pedro levara consigo duzentos anos antes para Roma e com o qual o Papa
celebrava o Santo Sacrifício (um resquício disso está no Cânon da Missa quando
o sacerdote diz: “Ele tomou este preclaro cálice...”) e também responsável por
distribuir os bens materiais que a Igreja recebia em benefício dos pobres.
Pensando o Imperador que a Igreja fosse materialmente muito
rica (conste que o Santo Cálice era simplesmente feito de pedra, ou seja,
materialmente nem ele era valioso), prende durante a Santa Liturgia o Papa e
seus diáconos, executando-os em primeiro lugar. Mas Lourenço é posto em
liberdade com a condição de reunir os tesouros da Igreja e entregar aos pagãos.
Nesse curto espaço de tempo (quatro dias) S. Lourenço envia,
por segurança, o Santo Cálice para sua terra natal, a Espanha, distribui o
dinheiro e bens materiais que possúia aos pobres e, finalmente no quarto dia
apresenta-se ao Imperador, dizendo que tinha trazido consigo todo o tesouro da
Igreja.
O Imperador ávido pelas riquezas desse mundo traidor sai
para tomar posse de seu novo tesouro, porém depara-se com uma multidão de
pobres, viúvas, aleijados, enfermos. E escuta de S. Lourenço: “Eis o tesouro da
Igreja”.
A grande expectativa que corroera o imperador durante aqueles
dias em que sonhava receber quilos de ouro e prata, imediatamente mudou-se num
ódio visceral pelo jovem e intrépido diácono.
Ordena que se prepare uma fogueira, coloque-se uma grande
grelha sobre ela, e vivo, Lourenço fosse lançado às chamas.
Mas a potência do Imperador não poderia jamais competir com
a onipotência de Deus. Lourenço já merecia o céu, era melhor para ele juntar-se
aos eleitos com quem tinha convivido tão proximamente, convinha que sem demora recebesse o prêmio
eterno das mãos daqu’Ele a Quem em tudo e todos serviu.
Jogado sobre o fogo, S. Lourenço é preservado por Deus das
dores, de modo que renova-se de certo modo, a passagem da Antiga Lei dos três
jovens que caminhavam pelas chamas bendizendo o Senhor. Vendo sua pobre carnal
ser consumida pelo fogo, Lourenço bendiz a Deus que o preserva das dores, o
coroa com o martírio, reza pela “sua” Roma, e, ainda avisa aos carrascos que um
lado já estava suficientemente assado, podendo virar para o outro.
Este homem, lançado no fogo, mas preservado das queimaduras
se torna o padroeiro de todos aqueles que estão neste mundo incendiado de más
paixões e maus sentimentos, dentro e fora de si, e devem passar por ele sem se queimar.
Termino, apresentando a vocês um hino que há muitos anos
cantávamos em honra de S. Lourenço:
Ó lembrai-vos, excelso Lourenço,
Rubra flor do celeste canteiro:
Que vós sois nosso bom padroeiro
Sempre e sempre por nós a pedir.
Ante às vossas queridas insígnias
Nós nos vimos prostar confiantes,
Pois, agora e amanhã como d’antes,
Vós gozais de poder junto a Deus.
Ah, que a chama cruel do martírio,
Que acenderam os vossos algozes,
Elimine os instintos ferozes,
Sementeiras terríveis do mal!
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